Parte 25

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Acordei com o despertador do celular tocando. Já era hora de me arrumar para viajar com o Nanami. Me espreguicei na cama e, sem querer, acertei um soco de leve na testa do Gojo.

- Aiii ... - ele levou a mão à testa - Nossa, da outra vez você tinha me acordado de uma forma bem melhor, S/N! - ele me puxou para perto dele, sem nem abrir os olhos.

- Não vai nãooooo! Quem foi o idiota que mandou você viajar, hein? - ele falou ainda com os olhos fechados e deu um sorrisinho maroto.

Achei aquilo muito fofo. Dei um longo beijo nele e fiquei olhando ele um pouco daquele jeito.

Tem momentos que a gente tem vontade de parar o tempo e ficar ali para sempre. Esse era um deles.

- Foi o idiota preocupado em resolver esse problema das maldições. Aliás, ele é muito gato e gostoso, você sabia? - eu sorri e dei um selinho nele.

Ele abriu um dos olhos e me fitou faceiro.

- Ele também mete deliciosamente bem. Ele ... ontem, ele usou a língua de uma forma ... e depois ... depois ele disse que me amava! - falei com os lábios colados no dele e sorri. - É o idiota mais fofo desse planeta! É o meu idiota! - dei um selinho e ri travessa. - Eu preciso ir, está bem?

Comecei a me afastar e ele me puxou de volta, colando meu rosto no dele.

- Se essa situação fosse diferente eu cancelaria essa missão agora. Mandaria outra pessoa. Quer saber? Eu vou cancelar! - ele começou a procurar o celular - Vou ligar para o Nanami ...

- Não faça isso! Temos que resolver esse assunto Gojo! Somos feiticeiros! Tem coisas ... tem coisas que passam por cima do que a gente quer! Tem pessoas morrendo. Foi por isso que você não desistiu ontem, não é? Você sabia que tinha que ser feito! - levantei da cama.

Ele se escorou num braço só na cama e falou ajeitando o cabelo:

- Nossa, isso tudo é vontade de viajar com o "Nanami"? - ele falou debochado o nome do Nanami. Havia um tom de ciúme na voz dele.

- E se for? - ele me olhou imediatamente e eu sorri debochada me virando e indo ao banheiro me arrumar.

Ajeitei minhas coisas e fiquei aguardando o Nanami mandar mensagem.

O Gojo me puxou para os braços dele e ficamos abraçados em silêncio. Eu não sabia o que falar para ele. E acho que ele pensava o mesmo.

Eu me sentia um pouco chateada. Ele havia dito que me amava. Mas, e aí?

Com o Geto as coisas tinham sido mais fáceis. Ele se declarou, me pediu em namoro e a partir dali, não nos desgrudamos mais. Mas, com o Gojo era diferente. Ele se confessou ontem, mas não havia atitude junto. Talvez fosse por causa da nossa profissão. Talvez quisesse deixar como está.

Meu celular vibrou:

"Te espero no lugar de sempre."

"Nanami"

Gojou viu a mensagem e repetiu com a boca: "no lugar de sempre", com tom de ciúmes.

Eu ri e dei um selinho nele. Me virei para sair, parei e voltei.

Me aproximei do pescoço dele e o beijei. Beijei o queixo e ambas as bochechas e lhe dei um longo beijo, tentando sentir e memorizar tudo.

- Caso eu morra nessa missão ... eu te amo, tá ouvindo! - eu disse com os olhos cheios de lágrimas. - Obrigada por todos esses anos!

Eu não tinha certeza sobre o que sentia pelo Gojo. Mas uma coisa eu sabia, mesmo se não fosse amor romântico eu o amava. Amava como pessoa. Eu o admirava e queria o seu bem. Era muito bom ter ele por perto.

Tentei sair, mas ele me puxou e me abraçou forte. Enfiou o rosto no meu pescoço e os dedos na minha nuca:

- S/N tome muito cuidado lá! Eu te amo ... eu ... - inalou meu perfume lentamente e sem pressa. - ... volta para o seu idiota, ok?

Antes de fechar a porta, eu virei para ele e disse:

- Caso eu retorne viva, espero achar minha cama arrumada, tá ouvindo, seu merdinha? Não deixe meu quarto bagunçado! - eu sorri e ele retribuiu assentindo com a cabeça.

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P.O.V: Gojo

Ver ela fechar a porta fez meu coração gelar. O que era esse sentimento? É isso que chamam de amor? Era isso que ... era isso que o Geto sentia por ela?

Peguei meu celular e fiz algumas ligações. Mudei alguns planos para estar em Shibuya dali 2 dias. Eu havia prometido a S/N que não deixaria nada acontecer com ela e essa missão era realmente muito perigosa. Feiticeiros de grau alto estavam morrendo. Ela corria riscos, mesmo tendo o Nanami ao seu lado.

Dei ordens explícitas a ele para me avisar de cada passo que eles davam e mandar a localização durante as investigações.

Nanami ... é sério que ela estava com ele também? Ela não me devia nada, mas é sério? O sem graça do Nanami? O que ela viu nele? Será que ela o amava também?

- Que seja! - esbravejei pulando da cama.

Só de imaginar ela fazendo o ritual nele ... só de imaginar ela com ele ... aquilo já fervia o sangue. Por que eu deixei ela ir com ele para Shibuya? Que idiota!

- Enfim ... - falei sozinho saindo do quarto.

Um lado meu queria controlar a situação, mas ela tinha que decidir o que queria. Ela tinha que decidir quem ela queria. Não queria forçá-la a nada.

Ela ainda sofria pelo Geto. Também, era de se esperar. Eu ainda sofria por aquele filho da puta. Era evidente que ela estava confusa com relação a tudo. Era evidente que ela precisava de tempo.

Eu esqueci de arrumar a cama, me lembrei num salto. Ela vai me matar quando chegar.

- Hehehe ... - sorri imaginando a cena.

O vazio da morteOnde histórias criam vida. Descubra agora