First kiss

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Eu comprovei pessoalmente que Zoro era péssimo para contar sobre o passado, claro que um momento não aguentei mais e falei isso pra ele, o que nos gerou uma discursão.

Depois eu o perguntei sobre como começamos.

Oras! Não deveria ser uma pergunta tão difícil de responder! Era o básico na verdade. Então porque ele estendia aquela cara confusa e aquele silêncio constrangedor por tanto tempo?

- Marimo! – O pressionei sem delicadeza e ele mexeu nos cabelos antes de cruzar os braços com raiva.

- O que quer saber mesmo?

O imitei cruzando os braços, minhas pernas da mesma forma sobre aquela cama, ele estava na minha frente sentado sobre a cômoda.

- Eu já disse! Como afinal acabamos juntos?! Até onde eu sei eu não tinha esse interesse, e-eu não tenho, então você vai me explicar isso direito!

Ele suspirou fechando os olhos.

- Como é escandaloso... Você deveria lembrar disso primeiro em vez daquelas coisas!

- Não vai falar?! – O questionei já quase me decidindo que partiria para a violência porque conversar com esse cara não me levaria a nada!

- Vou, eu disse que responderia suas perguntas. – Ele levantou o olhar mais atento em mim que antes. – Acho que foi quando o Luffy te desafiou a beijar alguém e, sei lá o que te deu, você me beijou.

- O que? – Eu sabia que eu deveria estar com uma cara ridícula agora, mesmo assim fiz meu melhor para tentar absorver aquilo. – Eu, e-eu... Por que? Isso é mentira, não faz sentido...

- Como eu disse, não sei o que te deu. Estávamos bêbados e entediados, Franky sugeriu fazermos desafios e você desafiou a Robin a ficar de roupas intimas então ela deu a ideia pro Luffy de te desafiar a ficar pelado...

Zoro parou somente me olhando e eu sabia que estava com uma cara ridícula de vergonha. Eu detestava ficar nu na frente das pessoas, afinal não foram poucas as vezes que meus irmãos arrancaram minhas roupas para me espancar e me humilhar.

Eu não achava que isso tinha me gerado muitos problemas, eu ficava incomodado, mas ainda eu mesmo tirava. Mas agora ficar nu na frente de todos os meus companheiros não seria fácil para mim.

Zoro não riu da minha reação agora, somente continuou.

– Você não estava tão alterado ao ponto de ficar completamente nu e não cumpriu o desafio, então Luffy deu a punição.

- T-te beijar?

- Qualquer homem na verdade. Você veio direto para mim.

- Mentira! – Neguei incrédulo. Zoro deu de ombros, seu olhar ainda em mim que já estava me deixando em uma mistura de vergonha e ansiedade.

- Pode perguntar pra qualquer um. – Ele parou bocejando. Estava tarde afinal, mas ele não reclamou a cama de volta para dormir.

- Diz que você me bateu até colocar juízo em mim depois.

- Tentei, mas eu estava chocado também. Mais tarde você não me deixava em paz querendo brigar, se eu te beijei foi para você parar de me irritar e ficarmos quites.

De olhos arregalados deitei para trás naquela cama tentando raciocinar no que Zoro disse e tentando também me esconder. Eu o beijei... Entre todos meus companheiros. Tentei pensar em quem mais eu poderia ter ido para cumprir essa punição.

Não consigo pensar em fazer isso com nenhum deles! Mas Zoro... Lembrei dos meus sonhos, de como nos beijávamos apaixonadamente, afobadamente, como se não fosse existir outra chance para o fazer. Como se fossem sempre nossos primeiros beijos. Tampei meus olhos com o antebraço.

- Então você gosta disso, de caras... – Falei e apertei meu braço em meu rosto nervoso.

- Não pensei nisso na hora... Também não estou interessado em outras pessoas. – Ele talvez estivesse esperando algo de mim, mas eu tentava absorver tanta loucura que sentia. – Sabe, Loiro, nada foi fácil entre nós depois disso e a gente se evitou o máximo possível até se tornar estranho demais pra todo mundo aqui. Você nunca me disse o que exatamente sentia naquele dia que me beijou, e agora você esqueceu de tudo.

Suspirei consternado para isso me sentindo cansado de tanto sentir meu coração acelerar naquela madrugada, meus olhos já estavam há muito sonolentos, mas tinha tanto que eu queria saber ainda antes de encerrar a noite!

- Eu deveria ter um motivo eu nunca fico tão bêbado ao ponto de fazer algo que realmente não queira. – Revelei mordendo meu lábio logo após. Mas era uma verdade!

O silêncio voltou e eu espiei o Marimo que somente me olhava. O observei sabendo que ele estava surpreso demais. Ele ficava tão engraçado com aquela expressão perdida. Voltei a tampar os olhos repensando tudo que ele me disse e criando aqueles cenários na mente, também tentando pensar no porque tive a iniciativa de ir até o espadachim o beijando na frente de todos meus companheiros.

Pensei tanto nisso que não percebi quando adormeci em meio ao aroma leve que me envolvia.

...

Demorou um pouco para eu perceber onde estava quando acordei. Quando notei somente permaneci parado olhando o teto.

“O Marimo e eu tínhamos um relacionamento.”

“Ele gosta de mim.”

Foi o que se passou pela minha cabeça, eu finalmente estava me dando conta disso. Me virei absorvendo novamente aquele aroma de glicínias agora acompanhada pelo cheiro do mar que entrava pela janela, era manhã e o espadachim não estava no quarto.

Me deixar acordar sozinho era uma mania dele ou ele era tão cabeça oca que não notava o erro?

Não que eu me incomodaria, mas isso não é uma coisa que alguém que gosta de outra fique fazendo! Suspirei dispersando meus pensamentos aleatórios e me levantei dando outra olhada no quarto. Ainda era cedo e tudo estava em calma. Meu olhar pausou naqueles pequenos baús afastados e sem graça, me aproximei.

Dei uma espiada na porta rapidamente antes de pousar minhas mãos no que eu não tinha aberto da última vez. Abrindo agora a primeira coisa que me chamou a atenção foi um pano verde escuro por cima. Peguei não demorando a me dar conta que era uma bandana que só podia ser de Zoro.

Estranhei, eu devo ter dado um dos meus baús para ele, acreditei mais nisso quando em seguida avistei a camisa branca dele dobrada.

Então eu já tinha dado um jeito naqueles vestidos... O que eu tinha feito com eles? Me senti incomodado em pensar que poderia ter os jogado fora ou dado para alguém. Ainda eram lembranças, afinal.

Peguei a blusa de Zoro e surpreso vi que havia algo em baixo de tom amarelo, o ergui notando que de fato era um vestido, mas esse eu não conhecia.

Era meu? Confuso apertei o bom tecido pensando na origem daquela peça. Era lindo, mais neutro, curto, com vários detalhes e bordados. Pelo menos quem escolheu tinha bom gosto. Mais afoito voltei ao baú e encontrei os outros dois vestidos e também algumas peças de roupas minhas, mas nada de lembranças do Baratie ou do velho.

Voltei a me sentar sobre as minhas pernas com aquela bagunça de roupas minhas, de Zoro e aqueles vestidos, nisso percebi que o vestido preto que Ivankov havia me dado estava remendado do lado. Apertei os tecidos em minhas mãos sentindo as palmas suadas, eu queria perguntar sobre aquilo para ele.

Ele iria me responder porque ele me prometeu que falaria tudo que eu pedisse. Respirei fundo me decidindo. Mesmo assim no momento que senti a presença próxima e o som das botas enfiei toda aquela bagunça no baú e voltei para a cama. A porta foi aberta e eu o olhei um pouco sem jeito.

“Como eu o perguntaria?!”

Mas Zoro não deu muita atenção ao meu surto matinal.

- Invasores, Loiro.

Apenas busquei meu cigarro indo rápido com ele.

All of me (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora