capítulo 26

274 24 2
                                    

Betty

Passei uma noite no sofá, mas desta vez não dormi. Eu olhava para o chão, para minhas mãos, para a janela panorâmica que Nick instalou para mim alguns anos atrás... Qualquer coisa para manter minha mente longe da confusão absoluta que minha vida se tornou e o homem desmaiado lá em cima no meu quarto, bêbado como um gambá.

Quando Jughead me mandou a mensagem ontem à noite, eu quis chorar. Não só por mim, mas por Nick também. Através de tudo o que aconteceu, tudo o que eu fiz de errado, ninguém parou para pensar nos sentimentos de Nick. Eu deveria colocá-lo em primeiro lugar. Foi ele quem esteve lá desde o primeiro dia, antes mesmo que estivéssemos namorando. Ele esteva lá para Noah.

E agora ele está sofrendo por causa de minha incapacidade de ver além de Jughead. Eu nunca pensei que Jughead fosse voltar.
Mas ele está aqui e ele me faz sentir coisas que eu não sentia desde que parei de pensar nele. Talvez eu nunca tenha realmente parado. Talvez eu só tenha mascarado meus sentimentos. Eu amo Nick, mas não da mesma maneira que amo Jughead. Jughead foi meu primeiro em tudo, mas isso não é o suficiente para desistir de Nick.

Eu faço café para acabar com o efeito da cerveja, e sirvo um copo para Nick e coloco em uma bandeja com algumas torradas e bacon. Ele raramente fica assim, então eu não sei como ele vai lidar com a ressaca, especialmente quando nos sentarmos para jantar com os pais dele em algumas horas.
Subindo as escadas com cuidado, empurro a porta do nosso quarto com o dedo do pé. Ele está deitado de costas, braços estendidos. Se eu estivesse na cama, ele teria me batido no rosto. Fico lá, em pé, estudando seu cabelo loiro em desordem. O edredom está no chão ao pé da cama, um lençol o está cobrindo da cintura para baixo. Eu vejo como o peito definido se move para cima e para baixo com a respiração. Estou feliz que ele não tenha se jogado para fora da cama no meio da noite.

Coloco a bandeja na mesa de cabeceira, ando até a janela e abro para entrar um pouco de ar fresco. Rastejo na cama ao lado dele e não posso deixar de estender a mão e tocá-lo. Corro meus dedos em seu peito, traçando seus músculos. Ele recua um pouco e pega minha mão. Eu tento segurar uma risada, mas eu sei que ele pode me ouvir.

De repente, seu braço envolve em torno da minha cintura e me puxa em seu peito, o outro braço apoiado nas minhas costas. Ele está acordado. Ele tenta me aconchegar mais perto.

―Como você se sente?      
―Como a morte. ― Sua resposta é rouca. Ele tem que tossir algumas vezes para limpar a garganta.
―Você teve uma noite muito difícil.

Ele não diz nada. Ele nos rola de modo que estamos face a face. Ele agarra-se a barra da minha camisa como se ficasse perdido se não estivesse me segurando. ―Eu bebi demais e tenho o pressentimento que fiz algo estúpido.

Concordo com a cabeça, não querendo constrangê-lo. Ele já se constrangeu o suficiente. Eu movo seu cabelo longe de seu rosto, um rosto pelo qual fui apaixonada por anos.

―Eu fiz o café da manhã.
―Você vai me dizer o que eu fiz?
Eu dou de ombros. ―Eu não sei tudo, apenas um pouco quando eu cheguei lá. Acho que você e Jughead trocaram algumas palavras, porque ele me mandou uma mensagem que você estava bêbado, então eu fui e peguei você.

Nick fecha os olhos e enterra a cabeça no meu peito. Ele me puxa para mais perto, precisando da mesma confiança que eu preciso de que tudo vai ficar bem.

―Eu estou tentando, Betty. Realmente estou. Não sei o que aconteceu ontem à noite. Entrei no Ralph e todo mundo estava ficando louco por ele e tudo que eu conseguia pensar é como estou perdendo tudo para um cara que não merece. Comecei a beber e sei que eu disse algo a ele, mas eu não me lembro do que.
―Eu não vou a lugar nenhum, Nick.

Para sempre minha meninaOnde histórias criam vida. Descubra agora