capítulo 32

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Betty

O cheiro do café me acorda. Enterro meu rosto no travesseiro. O cheiro persistente da loção pós-barba Burberry tece o seu caminho através de meus sentidos. A memória de Jughead beijando-me no estúdio e, novamente, na cozinha se repete em minha mente. Estendo a mão para tocá-lo. Eu só preciso senti-lo, ter o seu toque queimando minha pele para saber que ele é o único que pode extinguir o fogo.

Seu lado está vazio e frio. Sento-me de repente. As colchas estão retas, intocadas. Seu travesseiro está faltando. Eu caio de volta para o meu e cubro o meu rosto. Eu não posso acreditar que o simples cheiro dele pode trazer de volta memórias tão vívidas.

Flash back

―Você tem certeza que não vai ter problema? ― Estou sussurrando mesmo que ele tenha me assegurado que seus pais se foram. Não estão apenas no trabalho ou na mercearia, mas em um avião, indo para um cruzeiro. Como é que ele os convenceu a deixá-lo sozinho em casa, eu nunca vou entender, mas eu não me importo, porque tenho Jughead só para mim.
Ele abre a porta da garagem para a casa. Paramos na cozinha momentaneamente enquanto ele tira duas garrafas de água da geladeira. Subimos a escada de mãos dadas, até chegar a seu quarto. Ele me entrega a água e puxa o lenço de seda do meu pescoço. Vindo atrás de mim, coloca beijos ao longo do meu pescoço antes de amarrar o lenço sobre meus olhos.
―O que você está fazendo?
―Confie em mim― diz ele contra a minha pele.
Eu confio nele. Com a minha vida.
Ele abre a porta do quarto, com as mãos sob a camisa, os dedos me guiando para frente. A porta se fecha, fazendo-me saltar. Com a minha visão prejudicada meus outros sentidos são aguçados.
Jughead está atrás de mim, a respiração ofegante. Quando ele se afasta eu quero segui-lo. Algo clica e o cheiro de canela e algo doce, como cookies, permeia o ar.
Ele pega as garrafas da minha mão e me puxa para ele. Eu tropeço nele, minhas mãos segurando seus braços para não cair.
―Eu nunca vou deixar você cair, B.
Ele me leva para o meio do quarto, e em seus braços. Ele acaricia minha bochecha.
―Eu adoro quando você fica corada― diz ele com voz rouca. Seus lábios encontram os meus, com uma urgente necessidade, quando ele puxa e solta o lenço de seda. ―Feliz Natal, minha menina― diz ele, quando arrepios espalham por minha pele. Ele me pega, minhas pernas envolvendo em torno de sua cintura, minhas mãos puxando sua roupa. Ele me coloca suavemente em sua cama, afastando-se. Eu tento alcançá-lo, fazendo-o rir.
Eu olho ao redor do quarto. Ele está decorado com luzes de Natal e uma árvore pequena, com alguns presentes debaixo dela.
―O que você deseja abrir primeiro? ― Ele pergunta.
―Você― eu digo quando o puxo para cima de mim.

―Feliz Natal! ― A porta se abre e eu sou recebida com a mais bela vista do mundo, meu filho e o homem que eu estou tentando desesperadamente não amar. Eu fujo e tento arrumar o ninho de rato que se desenvolveu durante a noite.

Noah pula em cima da cama, com uma pequena caixa na mão. Jughead o segue, levando uma caneca de café. Ele se abaixa quando eu pego o copo e sussurra ―Feliz Natal― em meu ouvido. Eu quero puxá-lo para mim, assim como da última vez que estivemos juntos no Natal, mas me contenho.

―Isto é para você― Noah empurra a caixa pequena para mim. Tomo um gole de meu café antes de colocá-lo na mesa de cabeceira. Eu não sei como não percebi a foto antes, mas há eu e Noah enquadrados olhando para mim. Eu não sei quando Jughead tirou a foto, mas me aquece saber que somos as primeiras e a últimas pessoas que ele vê antes de ir dormir.

Sorrio para Jughead, que parece um pouco envergonhado. Certamente perguntarei a ele sobre isso mais tarde. Pego o presente da mão de Noah e desato o grande laço branco de seda. Noah foge para o meu lado enquanto Jughead fica apenas fora do meu alcance.

Para sempre minha meninaOnde histórias criam vida. Descubra agora