capítulo 30

305 29 6
                                    

Betty

Nick se foi há três semanas. Ele foi embora na noite que ele me disse que estava se mudando. Eu não sei para onde ele foi. Precisando de uma distração, fui trabalhar no dia seguinte, dando a Jenna um sábado para fazer o que precisasse. Quando cheguei em casa as coisas dele não estavam lá. Ele não tinha muito, apenas roupas, principalmente, mas senti sua falta quando entrei no meu banheiro e seu creme de barbear e escova de dente não estavam lá.

Sinto a falta de Nick. Sinto falta de sua risada, seu conforto e como me sentia quando ele me segurava durante a noite. Meu coração não está partido. Não me sentei e chorei, exceto na noite que ele foi embora. A maneira como eu me sinto não é justa com ele. Ele fez a coisa certa ao sair. Ele nos salvou desta maneira. Eu só quero saber se ele está bem.

Noah e eu iremos passar o Natal com Jughead, verônica e as meninas. Seremos uma família lidando com a perda de um amigo, marido e pai juntos. Verônicaônica e as meninas estão com Noah e Jughead agora, decorando. Jughead queria esperar até que eu chegasse, mas eu disse para começarem sem mim. Vou ter muito que fazer depois.

Em retrospectiva, Jenna deveria estar trabalhando. Estamos ocupadas. Não que eu esteja reclamando de ter clientes, mas um conjunto adicional de mãos seria bom agora. O garoto das entregas estava, definitivamente, aumentando seu fundo de Natal com gorjetas.

―Feliz Natal, Sra. Potter.
―Ah, Feliz Natal, Betty, eu adoro sua pequena loja durante os feriados. Você faz um trabalho incrível com as decorações e flores.
―Obrigada. O que posso fazer por você hoje?
―Espero encontrar um arranjo de rosas vermelhas e lírios brancos para adicionar um pouco de contraste na minha porta de entrada.
―Claro que sim, Sra. Potter.

Deixo a Sra. Potter enquanto ela examina as flores. Dirijo outro cliente para as flores que ele está procurando antes de ir para o refrigerador. Guardo as rosas e lírios, juntamente com algumas outras flores de festa antes de voltar. Há uma loira alta perto da caixa registradora, ela não tem nada nas mãos, mas eu sorrio para ela e digo que a atenderei em apenas um momento.

―Oi, me desculpe, você é Elisabeth Cooper?
―Sim sou― digo quando começo a arrumar as flores em um vaso de cristal para a Sra. Potter. Ela é uma das minhas clientes, sempre comprando flores frescas para sua casa para alguma coisa. A nova cliente apenas fica lá sem falar, então continuo a trabalhar. Termino o arranjo da Sra. Potter e levo para o balcão onde ela acrescentou outras plantas. Depois de arrumar e ela pagar, eu ajudo a levar suas compras até o carro.

―Obrigada, querida.
―Por nada. Obrigada por comprar aqui, significa o mundo para mim. ― Ela me beija na bochecha antes de entrar no carro. Corro de volta para dentro, está congelando. Minhas mãos esfregam calor em meus braços.
Eu recebo dos demais clientes e começo a trabalhar no meu próximo pedido, fazendo um balanço dos poucos clientes deixados na loja.

A loira vai até o balcão e abre a bolsa. Seus óculos de sol prendem o cabelo para trás e eu olho rapidamente para qualquer indício de que o sol saiu e não veja nada. Os turistas sempre se destacam tão bem. ―Posso ajudá-la? ― Eu pergunto.

―Eu pensei que poderíamos conversar― diz ela. Tenho que olhar para ela novamente para ter certeza que não a conheço de qualquer lugar. Nada.
―Você quer fazer um orçamento para um casamento ou é outra coisa?
Ela sorri quando falo de casamento, deve estar apaixonada. ―De alguma forma eu não acho que o meu homem gostaria que eu fizesse planos de casamento sem ele.

―Você ficaria surpresa. A maioria não se importa.
Nós rimos. Ela vai aprender que os caras só balançam a cabeça e dizem tudo bem, o que você quiser querida. Retiro minha agenda e procuro o próximo dia disponível.
―Nós realmente não precisamos nos conhecer. Eu só queria entregar-lhe isso ― ela me entrega um envelope pardo e bastante leve. Eu olho para o endereço do remetente. É um advogado em Los Angeles. Deve ser a documentação para Noah se tornar beneficiário de Jughead.

―Obrigada,― digo, colocando de lado.
―Você não está nem um pouco interessada no que eu entreguei? ― Ela se inclina sobre o balcão, as longas unhas vermelhas pegam minha atenção. Seu sorriso torto é desonesto, como se ela estivesse planejando algo ruim e eu sou a vítima da brincadeira.

Eu pego o envelope e puxo a aba. Tiro os papeis e leio com cuidado, raiva ferve sob a minha pele. Ele fez o que ele prometeu que não faria. Coloco os papéis de volta no envelope e deslizo sob o balcão ao lado da minha bolsa.

―Você realmente deveria tê-los enviado pelo correio. Parece que você perdeu a viagem. ―Tento ocupar minhas mãos quando tudo que eu quero fazer é chutar cada um para fora e correr até Jughead para pegar meu filho.
―É o meu trabalho me certificar que as necessidades do meu cliente sejam atendidas da melhor maneira.

―Cliente sortudo ― eu respondo, esperando secretamente que ela vá embora. Ela fez seu trabalho. Não há necessidade de ficar por mais tempo.
―A propósito, eu sou Sam Moreno― ela estende a mão. Eu não me movo para apertar. Não tenho nenhum desejo de ser amigável com ela. Ela puxa a mão de volta. ―De qualquer forma, eu sou agente de Jughead. De agora em diante, você tratará comigo os assuntos relacionados ao seu filho e Jughead. Além disso, a última página do documento é para um teste de paternidade.

―O quê? ― Eu grito.
―Bem, você não pode esperar que alguém como Jughead Page apenas entregue dinheiro para uma criança que pode não ser dele, não é? Quer dizer, eu tenho certeza que é o que você pensou que ele ia fazer quando jogou seu filho em sua porta como uma putinha pegando dinheiro. Você pode ter um desejo de ordenhar a vaca de dinheiro do meu cliente repetidamente, mas posso garantir, eu não vou deixar isso acontecer.

―Você deve ir agora. ― Eu mordo minha língua. Sei que ela está apenas fazendo o trabalho que Jughead a contratou para fazer, mas quero arrancar seus olhos com minhas tesouras e vê-los sangrar pelo rosto presunçoso.
Ela sorri, pega a bolsa e sai pela porta.         

Os clientes que ainda estão aqui não parecem cientes do que acabou de acontecer. Caminho até eles calmamente e digo que houve uma emergência e preciso fechar mais cedo. Ofereço um desconto na próxima compra e prometo que abrirei amanhã. Felizmente, eles não ficam muito chateados.

O caminho para a casa de Jughead está uma bagunça. Eu nem sei quando começou a nevar, mas as estradas estão levemente cobertas de neve tornando difícil dirigir. Dou algumas respirações profundas e calmantes quando paro em sua garagem. Ele está decorando fora da casa com luzes brancas. Há luzes de velas em cada janela, algo que eu sugeri. Há uma guirlanda verde com um grande laço vermelho pendurada na porta da frente.

Pela primeira vez, eu noto que meu nome aparece na decoração de Papai Noel sentado na varanda. Diz Jughead, Betty e Noah vivem aqui. Deslizo meu dedo pelos nossos nomes antes de bater.

A porta se abre. Jughead está de pé na minha frente. Ele está confuso, as sobrancelhas levantam. ―Por que você está batendo?
Eu deveria ter praticado o que iria dizer. Não posso olhar para ele. Eu só quero o meu filho.
―Eu vim buscar Noah.
―O que quer dizer com “você veio buscá-lo?” Temos planos para esta noite.
―Eu... As coisas mudaram. Eu preciso levar meu filho para casa agora.

Jughead anda para frente, em direção a varanda. Ele fecha a porta atrás de si. Fica de pé na varanda de tijolos com os pés descalços em uma camiseta e jeans. Ele deve estar congelando.

―O que está acontecendo? ― Ele pergunta. Eu passo longe criando espaço entre nós, mas isso só faz com que ele se aproxime ainda mais. Minha cabeça balança, eu não posso olhar para ele. Eu não posso.
―B― diz ele, quando levanta a mão para me tocar. Eu afasto sua mão.
―Não me chame assim.

―O que há de errado? ― Seus olhos brilham de raiva.
―Nada― respondo bruscamente. ―Eu quero o meu filho e quero ir para casa.
―Nosso filho― ele fala nervoso.
Eu rio de seu termo, nosso. ―Você tem certeza sobre isso, Jughead Page?

O olhar que ele me dá é de confusão e dor. Posso ver a dor em seus olhos quando eu o chamo pelo seu nome artístico. ―O que diabos você está falando, Betty?

Eu não aguento mais. Não posso ficar aqui enquanto ele banca o estúpido. Puxo o envelope da minha bolsa. ―Isso― digo através das lágrimas enquanto bato o envelope no peito dele. ―Você fez isso depois que me prometeu que não faria. Eu confiei em você... De novo e você quebrou meu coração.

Jughead puxa o envelope das minhas mãos e as lágrimas caem sobre ele. Jughead lê a primeira página, em seguida, cada uma delas. Seu rosto fica branco.
Quando ele olha para mim, eu vejo o medo.

Para sempre minha meninaOnde histórias criam vida. Descubra agora