Capítulo 36

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Pedro

Passei o fim de semana dos sonhos ao lado da minha mulher. No sábado acordei com ela em meus braços, sentindo seu cheiro natural e o calor do seu corpo em contato com o meu. Os cabelos estavam meio bagunçados, espalhados pelos travesseiros, e ao abrir os olhos e se deparar com os meus lhe observando, ela deu um sorriso que eu quis, mais uma vez, receber todos os dias da minha vida.

Isso era amar. E meu pai esteve certo ao dizer que quando eu amasse uma mulher de verdade, nada poderia me conter, e a minha resolução de nunca me entregar a um relacionamento cairia por terra.

Tomamos o café da manhã que preparamos juntos no balcão da sua cozinha, e ainda pela manhã, em um telefonema do pai da Duda, fomos convidados para almoçar com a sua família.

— O papai já tinha me falado que gostaria de conversar com você... — disse incerta, quando finalizou a chamada. Era uma situação totalmente inusitada para mim: conversar com o sogro. Mas eu também nunca tive uma namorada, até encontrar a única mulher que gostaria que passasse pela minha vida. Logo, eu não era a pessoa mais apropriada para falar sobre convenções entre família e namoro.

— Eu sobrevivo. — Enlacei sua cintura e beijei sua boca. De repente, eu quis que minha família também a conhecesse. Passaríamos o dia ao lado dos seus pais, irmãs e madrasta. Seria interessante vivenciar essa experiência com seu Hélio e o restante da família. No mínimo, eles ficariam espantados.

Sentado no sofá da sala, eu aguardava Maria Eduarda se arrumar. Tomamos banho juntos, mas eu havia saído do quarto há pelo menos quarenta minutos. Com o celular em mãos resolvi enviar uma mensagem para o meu pai. O passo que eu dava era grande demais. E não me assustou.

Sondei seu Hélio sobre o almoço do domingo, normalmente a gente ia para a casa da Maya ou escolhíamos algum dos nossos restaurantes preferidos. Sem rodeios, ele perguntou se eu tinha algo para falar e revirei os olhos, com ele as coisas eram sempre às claras.

"Quero levar uma pessoa para almoçar em casa." (Pedro)

A resposta veio rápida.

"Diga à Maria Eduarda que é bem-vinda e que a nossa família irá adorar recebê-la. Isso se o Eduardo te manter vivo até amanhã rsrsrs" (Hélio)

Ah, seu Hélio! Não havia outra pessoa no mundo que se parecesse com ele. Me senti preenchido por dentro, como se o vazio que me acompanhou por anos não estivesse lá mais. Verifiquei o relógio, já estávamos atrasados, saí do sofá e fui atrás da Duda.

— Ainda demora muito? — perguntei assim que abri a porta do quarto. — Uau, está linda! — Ela girou ao redor do corpo, se exibindo dentro de um macacão longo, justo até na altura da sua cintura e solto nas pernas. Eu gostava quando ela usava algo com a cor dos seus olhos, ficava ainda mais linda. Logo estava colada em mim e com os braços ao redor do meu corpo.

— Demorei?

— Muito. — Beijei seus lábios e apertei os braços ao redor da sua cintura. — Mas está desculpada.

— Vai ser sempre assim? Me desculpar rápido por todos os atrasos.

— Com toda certeza, não! Vou me irritar bastante... Mas não temos nem um mês de namoro. — Dei de ombros e ataquei sua boca, calando a sua risada.

Ao chegarmos à cobertura do Eduardo Klein fomos recebidos com muita festividade pelas mulheres da família e eu puder ver com os meus próprios olhos que a mãe e a madrasta da minha namorada conviviam em perfeita harmonia. Já o meu sogro não disfarçou certa reticência comigo. Conversou o necessário, fez uma ou outra brincadeira com Duda, que, por sua vez, estava bem tímida, e logo após ter sido servida a sobremesa, me chamou para ir até seu escritório. Duda bufou e revirou os olhos, mas o pai apenas lhe direcionou um olhar que para mim significou não ser negociável a conversa que queria ter comigo. Não liguei, afinal não tinha nada para esconder e muito menos me sentia amedrontado por Eduardo.

Duda e o CEO - Série Irmãs Klein - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora