Capítulo XXX - Fogo

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Vergonha. Se havia um sentimento que descrevesse como Tanjirou se sentia quando se encontrava com Tomioka, esse sentimento seria de vergonha. Em sua mais pura e engrandecedora fórmula. Ter uma boa noite de sono era um luxo que Tanjirou Kamado desconhecia desde que conheceu Giyuu Tomioka. Toda vez que fechava os olhos e relaxava – ou tentava –, as memórias de sua vida passada lhe inundavam.

E a cada nova recordação, um novo turbilhão de sentimentos lhe inundavam. Não sabia se eram seus, do seu eu atual ou do seu eu do passado. Entender como a sua cabeça e o seu coração estavam funcionando era difícil. Não queria se abrir com Nezuko, ainda se sentia um pouco traído pela irmã. Mesma coisa se aplicava a Inosuke e Aoi.

E para piorar a situação, ainda tinha a morte de Mitsuri e o desaparecimento do senhor Urokodaki. Estava preocupado com o mais velho, que para si, era como um segundo pai que a vida lhe deu. Não tinha notícias do homem, e nem os policiais lhe respondiam quando perguntava se, entre os corpos achados na mata, algum deles poderia ser do senhor Urokodaki.

E tinha Zenitsu em coma. O ruivo não tinha conseguido reunir coragem para contar a verdade para o avô do loiro. Na noite anterior, havia recebido uma ligação do avô, que perguntava o motivo do neto não o ligar mais e nem atender suas ligações. Mentir para o velhinho foi uma das coisas mais dolorosas que Tanjirou teve que fazer em sua vida. Principalmente quando a mídia local começava a descobrir pistas, e se a mídia local estava agindo dessa forma, logo, logo mais jornalistas estariam inundando a pequena cidade.

Várias coisas ameaçavam tirar o sono do jovem Kamado. No entanto, o que verdadeiramente lhe tirava do mundo de Hipnos, tinha nome, sobrenome, um belo par de olhos azul-marinho, cabelos sedosos e dormia no quarto à frente ao seu. Giyuu Tomioka, o vampiro, estava lhe perturbando em seus sonhos. Não a versão atual, mas sim a que o seu eu do passado havia conhecido e convivido.

Os sonhos – Tanjirou se negava a interpretar aquilo como uma memória – podiam variar, de encontros românticos fofos até atos libidinosos que fariam um ator de porno ficar envergonhado. Se perguntava se os vampiros tinham poderes, assim como em Crepúsculo, mas se negava a perguntar mais sobre o assunto para Rengoku. Embora, em uma das conversas aleatórias que teve com o loiro de madrugada – onde o vampiro loiro roubava um ou dois pães –, pode interpretar que os vampiros não tinham poderes.

Queria dormir. Sentia o seu corpo pensar de cansaço, mas, principalmente, queria se aliviar. Não sabia quando foi a última vez que se divertiu com alguém, não era uma pessoa de sair muito e de envolver intimamente com quem não tinha muita intimidade. Sentia o seu corpo começar a esquentar, estava sozinho no seu quarto, os vampiros estavam reunidos no escritório de Rengoku para uma reunião com uma antiga conhecida da família. Fora isso que Sanemi lhe contou quando saiu da cozinha.

Fechou os olhos, deixando as lembranças inundaram a sua mente. Já que atualmente vivia tendo sonhos quentes, não faria mal nenhum usar um desses sonhos para se satisfazer um pouco. Retirou as suas roupas, despejando um pouco de lubrificante em seus dedos e no vibrador. Começou a se masturbar, deixando as lembranças tomarem conta de seu corpo e alma.

Os movimentos eram sem um ritmo certo, eram mãos vagavam sem um rumo certo, mas com um objetivo: retirar as camadas de roupas que os impediam de sentir a pele. O calor para Tomioka. O frio para Tanjirou. As blusas estavam espalhadas em algum canto esquecido da cozinha.

Era difícil manter um ritmo, quando a temperatura aumentava em decorrência da libido. Impossível pensar em algo coerente, quando o beijo tinha se tornado uma batalha por dominância. As mãos de Tomioka vagavam pelos peito desnudo, cintura e abdômen, enquanto as de Tanjirou seguravam com firmeza a nuca de seu companheiro.

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