Sanemi estava furioso, era para a noite do festival da piedade acabar em festividades, e não em tragédias. Além de acharem o corpo de Mitsuri, mais três corpos foram encontrados. Um perto do lago – o do motorista do professor Shimura – e dois dentro da Academia Hashira. Os estados dos corpos dos dois homens eram idênticos ao do primeiro corpo encontrado, enquanto que o da vice-diretora foi decretado como suicídio. Fizeram a comparação das balas encontradas no corpo de Mitsuri e batiam com a arma que Hana segurava em suas mãos. A notícia rapidamente se espalhou pela cidade; havia um serial killer a solta. Algo inesperado para uma cidade do interior.
Os pais dos alunos estavam temerosos e queriam respostas. Sanemi não exitou em fechar as portas da escola e mandar alunos, professores e terceirizados para casa, a instituição de ensino só retornaria quando tudo estivesse seguro. Não podia arriscar a vida de pessoas inocentes em um combate contra vampiros. Claramente havia algo a mais, a posição dos dois corpos masculinos. E somente os masculinos estavam daquele jeito. Havia se passado algumas semanas desde o fechamento da academia, e o fato do castelo está deserto, fazia com que Sanemi se recordasse dos primeiros dias após a morte de Tanjirou. Ou Tanjirou um, como Rengoku passou a se referir.
As únicas pessoas que transitavam pela academia eram os policiais responsáveis pela investigação. Akaza não parava quieto, sempre se movendo e ajudando os colegas de profissão a encontrarem provas. Uma das salas de aula foi transformada em um tipo de base para os investigadores. E mesmo não gostando de ter pessoas estranhas em sua escola, Sanemi ofereceu os quartos dos alunos para os detetives, que um pouco receosos, aceitaram a proposta. Não foi difícil convencer os irmãos Kamado a se mudarem para a mansão dos Hashira, era mais seguro manter eles lá do que na cidade.
Embora, depois do ataque de Douma, Sanemi se perguntasse se existia mesmo um local seguro. Ainda não entendia como aquele vampiro ainda estava vivo, tinha visto Uzui matá-lo, desmembrá-lo e jogar os seus restos em uma fogueira. Impossível era pouco para a aparição daquele loiro. Mas Rengoku confirmou que era o mesmo Douma, que infelizmente, conseguiu fugir, mas deixando o seu pupilo para trás. As paredes daquele castelo eram grossas e reforçadas, principalmente os calabouços, que tiveram suas passagens seladas quando o castelo se transformou em escola. A única passagem que ainda funcionava, era a que ficava embaixo da mesa da médica da escola, em uma sala a parte da enfermaria, e que poucas pessoas iam, já que Shinobu sempre estava perambulando pelas macas.
Já se passavam das duas da madrugada, e o albino descia as escadas de madeira empoeiradas, que contia algumas pegadas pela movimentação recente. Demorou um pouco para chegar até a cela em que o vampiro invasor estava. Os gritos podiam ser ouvidos claramente, rosnados de raiva e ameaças vazias. Sanemi sorriu satisfeito com o trabalho que Iguro fazia. Ele sabia que Uzui queria ver Kaigaku e dar o troco de forma dolorosa e lenta, mas o albino mais velho sabia que não podia deixar o amigo se aproximar daquele vampiro, não naquele momento.
– Ele é todo seu. Vou comer alguma coisa.
– Bom trabalho Iguro. Confortável senhor Agatsuma? – sorriu para o vampiro amarrado na cadeira de prata, o rosto com marcas azuis com várias feridas estava contorcido em fúria – Não vai responder? Que educado de sua parte. Eu tinha pedido para um amigo fazer uma pequena investigação sobre o seu irmão...
– Aquilo...não é o meu irmão...
– Concordo. Não tem como uma pessoa boa como o Zenitsu, ter algum tipo de parentesco, com algo como você. Continuando, descobriram algumas coisas interessantes. Você tem um avô, gosta dele?
– ...
– Pela sua reação, parece que não. Você e o Zenitsu sempre frequentaram as mesmas instituições de ensino. Até a faculdade. A situação financeira não estava favorável, já que além de sustentar a vida de luxo que você queria, o seu avô tinha que pagar os danos de uma batida de carro que você provocou. Por estar embriagado com os amigos, atropelou duas pessoas e destruiu a entrada de uma mercearia. Garoto, você é brilhante, sabia?
– A culpa não é minha.
– Não. Claro que não. Você é o neto de ouro. Injustiçado. Sempre mal interpretado com suas boas ações. – deu uma pequena risada soprada, começando a caminhar pela cela, lendo as informações na pasta que havia trazido consigo – Principalmente por ter convencido o seu avô, a pagar a faculdade do Zenitsu. De fato, a universidade que o Zenitsu se formou era bastante cara e prestigiada. Uma mensalidade absurda, principalmente para a renda da sua família. Eu admiro homens como o seu avô, que faz o possível e o impossível para realizar os sonhos das pessoas que amam. Só que tem um probleminha nisso. Zenitsu conseguiu uma bolsa de estudos para estudar de graça. Não tinha que pagar nada. Como que o seu avô deve se sentido, ao descobrir isso?
– Cala a boca...
– Deve ter sido horrível. Ser roubado pelo próprio neto. Sangue do seu sangue. Alguém que você criou desde pequeno. Não me surpreende ele ter tido um ataque cardíaco, a decepção de descobrir que você não tinha salvação, deve ter sido grande.
– CALA A BOCA! EU NÃO CULPA SE AQUELE VELHO ESTRAGOU A NOSSA VIDA, QUANDO ADOTOU AQUELE BASTARDO! FOI QUANDO ELE CHEGOU QUE O MEU DINHEIRO COMEÇOU A SUMIR.
– Está acusando o Zenitsu de te roubar?
– Papai e mamãe deixaram uma herança gorda para mim. Mas o vovô usou o MEU dinheiro para comprar as coisas que aquele loiro desgraçado queria. Como se não bastasse ter perdido a minha casa, o meu espaço, a atenção e amor do meu avô, eu ainda tive que ver o dinheiro suado dos meus pais indo embora por causa daquela peste!
– Só que tem um probleminha nessa sua história. O dinheiro que o seu avô gastou com Zenitsu, não foi o seu dinheiro.
– Está mentindo! Eu vi o saldo no banco.
– O seu avô usou o dinheiro que os seus pais lhe deixaram, para pagar todas as suas burradas. Todos os danos públicos e privados que você causou ao longo de sua vida, foram quitados com o dinheiro da sua herança, como uma forma de punição. O seu avô, te amava o suficiente para não conseguir levantar a mão, coisa que eu lamento muito, uns bons tapas na sua cara ajudariam a te acordar para a vida. Uma atitude inteligente.
– Mentiroso. Ele não faria algo assim comigo.
– Acreditar é um problema seu. Mas eu vou adorar tirar cada centavo seu, já que parece que é o dinheiro, onde mais lhe dói. É claro que ainda vamos nos divertir muito aqui em baixo. Espero que esteja aproveitando muito bem a nossa hospitalidade, pois só vai melhorar com o tempo.
₪
– Mamãe mandou trazer isso. Disse que era para você comer.
Kanae deixou um carrinho com uma bandeja de comida ao lado de Uzui, que não se mexeu. Fazia dias que o albino não saía direito daquele quarto onde o corpo de Zenitsu estava disposto. Foi um verdadeiro milagre o loiro ter sobrevivido ao ataque de Douma e Kaigaku. Não somente os ferimentos, mas o veneno disposto em seu corpo. Diariamente, Shinobu vinha até o leito do loiro remover o veneno que corria em suas veias. Aquela situação a intrigava, se Zenitsu ainda fosse humano, faria sentido o veneno ainda circular em sua corrente sanguínea; mas a médica tinha a certeza de que o Agatsuma não era mais humano. A transformação foi concluída com sucesso, os testes revelavam isso. Mas o loiro simplesmente não acordava, e sinceramente, Shinobu duvidasse se algum dia ele abriria os olhos novamente.
– Tio. O senhor tem que comer algo. E tomar um banho. Está fedendo.
– Mais tarde eu vou Kana. Prometo.
A porta do quarto foi aberta e Shinobu adentrou o cômodo, com uma mulher que Kanae nunca viu na vida. Tengen se levantou rapidamente de onde estava sentado, olhando assustado para a mulher ao lado de Shinobu.
– Você...
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Fragmentos
FanficNo auge dos seus vinte e sete anos, Tanjirou decide se mudar com a irmã mais nova, para uma cidade turística no interior do país. Onde esperava encontrar um pouco de paz e respostas. Tanto para a sua vida, quanto para os sonhos malucos que sempre te...