Capítulo XXIX - Precauções

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– Tamayo!

Uzui rugiu. A raiva e o ódio se espalhando pelo seu corpo, como se uma seringa contendo fogo fosse aplicada em si. Kanae se assustou com a reação do tio. Dando alguns passos para trás, por questão de segurança. Era de conhecimento geral o quão instável Uzui se encontrava naqueles dias.

– Olá Uzui. A quanto tempo.

O albino encarava a mulher a sua frente de forma furiosa. Seu olhar vagava entre Tamayo e Shinobu. O sentimento amargo de traição imundando a sua boca.

– Shinobu, sua bruxa velha, como você ousa?

– Acalme-se Uzui...

– Me acalmar? Me acalmar? Você traz a irmã daquela mulher para cá, para a nossa casa. Para o quarto do meu companheiro, e quer que eu tenha calma?

– Eu não sou a Amélie, Uzui.

– Fisicamente? Não muito. Mas a filha da putagem? Ah, essa é igual.

– Uzui Tengen!

A troca de olhares entre Tamayo e Tengen durou alguns bons minutos. Shinobu tentava manter os ânimos amenos.

– Eu vim aqui para ajudar.

– Terminando de matar ele?

– Vou ignorar o seu temperamento em decorrência dos últimos acontecimentos. Nunca encontrei o meu companheiro, ou companheira de Ligação. Mas imagino a dor que você deve estar sentindo. E por isso, eu vim consertar os erros de minha irmã... não. Aquilo não é mais minha irmã. Vim consertar os estragos que a ganância de Amélie provocou.

– Como?

– Tengen, o Rengoku levou o caso ao conselho e Tamayo acabou por saber da história toda. A coisa toda é mais grave do que imaginávamos.

– Sim. Se me permite, vou dar uma olhada no seu companheiro, para ter uma noção do estrago que o veneno fez e está fazendo. Posso desenvolver um antídoto que o faça acordar. Mas tem que ser rápido. Cada minuto que passa é precioso.

–...Se você o machucar, eu juro que te faço conhecer uma coisa pior que a morte

– Tengen...

– Tudo bem Shinobu. Ele não me assusta. Vamos começar os exames.

Giyuu sentia que ele era um homem de extremos. Não que ele tomasse decisões que pudesse representar isso. Só que sua vida tinha a facilidade de tudo começar a se resolver, estar no finalmente e, em segundos, tido virar de cabeça para baixo.

Finalmente havia encontrado Tanjirou. O havia beijado e visto nos olhos carmesim, que também era correspondido. Em sua cabeça, após o beijo, eles iria ter uma longa e quente noite de amor, onde colocariam os seus sentimentos reprimidos para fora, contariam suas experiências – tudo bem, talvez transariam mais do que conversar – e fariam juras de amor eterno, como nos velhos tempos. E dessa vez, Giyuu teria certeza de que nada, nada tiraria o seu ruivo de perto.

Ele só não contava que o próprio Tanjirou não queria ficar perto dele. Falar com ele. Ver a cara dele. Eles estavam morando na mesma casa. Dormiam no mesmo corredor, há duas portas de distância! Se aquilo fosse algum tipo de castigo dado pelo destino, Giyuu não fazia ideia por qual pecado ele estava pagando.

É claro que ele não esperava que o Kamado agiria feito um coelho consigo – embora esse fosse um desejo profundo do seu corpo e coração – quando o seu melhor amigo estava entre a vida e a morte. Entre a morte e a morte definitiva, para ser franco. Se sentia um insensível por estar de pau duro enquanto o ruivo ficava preocupado, e com razão, com Zenitsu.

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