Alguns dias atrás, no festival...
Ainda era muito confuso e estranho para Tanjirou assimilar tudo. Nezuko parecia ter se adaptado a tudo aquilo muito rápido. Rápido demais na sua opinião. O ruivo claramente não acreditava no sobrenatural, havia momentos em sua vida que ele tendia a acreditar, seus sonhos mesmo eram provas disso. Monte Airumã estava se provando ser uma cidade em que o ruivo estava longe de ter paz. Sabia que podia encontrar dores de cabeça ao decidir se mudar para aquela cidade, mas uma tentativa de assassinato contra um dos seus melhores amigos, estava longe de estar na sua cabeça.
Tudo parecia estar dando certo. O seu negócio era um sucesso e fazia o que gostava. Havia achado a casa que via nos seus sonhos. Encontrou um diário que dava um nome para o rosto que sempre viu. Inosuke se casaria. Nezuko parecia estar feliz e Zenitsu estava começando a se soltar no trabalho. Havia até encontrado o cara dos seus sonhos, literalmente! Se lembrava da sensação. Não tinha como esquecer, encontrará Giyuu seis horas atrás.
Os fogos explodiam no céu, colorindo vagamente todas as pessoas que estavam no festival. Tanjirou podia ver o reflexo dos fogos nas íris azuladas, só não sabia se aquele brilho, era por ele. Tomioka queria chorar naquele momento, não sabia o que fazer. Tinha rezado para todos os deuses que conhecia, para que eles trouxessem Tanjirou de volta para ele. Seguro e vivo. E agora, parece que suas preses foram finalmente atendidas. Na sua frente, estava a reencarnação de Tanjirou Kamado. Uma visão perfeita do seu passado. Tudo era exatamente do jeito. A altura, o cheiro, o ritmo cardíaco.
– Giyuu?
A voz. Aquela voz que lhe tirava do eixo. Um fato verdadeiro, é que a primeira coisa que você se esquece de uma pessoa falecida, é a voz. O som, o tom. É a primeira coisa que se perde. Séculos se passaram, e mesmo que Giyuu tentasse de todo o coração se lembrar, ele não conseguiu guardar o som da voz de Tanjirou. Se sentia culpado por se esquecer daquela voz. Do som de suas risadas. O sotaque levemente puxado para o italiano. A forma carinhosa em que ele pronunciava o seu nome.
E ali estava aquela voz. Algo de Tanjirou que Giyuu não havia conseguido guardar em telas, cartas e lembranças. Os olhos avermelhados lhe hipnotizavam, e o cheiro que emanava daquele pequeno corpo fizeram com que o seu raciocínio ficasse mais lento. Por isso, não sentiu quando o seu corpo moveu sozinho. Cercou a cintura fina do ruivo, aproximando os corpos de forma brusca. O Kamado se assustou com aquilo, colocando as duas mãos no peito do moreno.
As respirações se mesclavam, e o ruivo sentia fortemente o cheiro natural do moreno. A cada respiração que dava, Tanjirou sentia suas pernas ficarem moles. Sentia sua face queimar com o olhar que recebia do mais alto. Os rostos se aproximaram, Giyuu mordeu o lábio inferior do ruivo, que ofegou com o choque que a mordida causou no seu corpo. Não demorou muito para o beijo se iniciar, tendo a iniciativa do ruivo, que puxou o pescoço do moreno para o ósculo. O beijo começou devagar, como um reconhecimento de território.
Tomioka se sentia no céu. Era o mesmo beijo que ele sonhava há seculos. Era calmo, como um abraço cálido de primavera. Mas não demorou muito para deixarem a delicadeza desaparecer, principalmente por parte do moreno, que segurava com força a cintura do ruivo. Tanjirou também não ficou muito para trás, puxando com força os curtos cabelo de Giyuu e talvez, – com toda a certeza – ele se sentiria envergonhado mais tarde quando processasse o que ele tinha acabado de fazer. Mas um grito fez com que o casal se separassem. Respirações aceleradas, olhos analisando um ao outro, antes de Nezuko brotar no meio dos dois.
– Irmão!
Com a vergonha, Tanjirou se afastou de Giyuu, sem saber onde enfiar a cara. Mas a vergonha rapidamente se esvaiu ao ver o estado da irmã. A Kamado estava ofegante, parecia que havia corrido uma maratona. E o seu rosto, estava contorcido em desespero.
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Fragmentos
FanficNo auge dos seus vinte e sete anos, Tanjirou decide se mudar com a irmã mais nova, para uma cidade turística no interior do país. Onde esperava encontrar um pouco de paz e respostas. Tanto para a sua vida, quanto para os sonhos malucos que sempre te...