Capítulo XXXI - Jardim

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Ele não entendia o que estava acontecendo. Não se lembrava de como foi parar naquele lugar. Era um jardim, repleto de flores amarelas. Zenitsu não conhecia aquelas flores. Nunca entendeu muito de botânica. Mas, com toda a certeza, Zenitsu nunca tinha visto aquelas flores na vida.

Ele caminhava, caminhava, caminhava, caminhava, caminhava... e nunca chegava a lugar nenhum.

No meio daquele campo amarelo, estava uma imensa árvore de folhas verdes. Havia escalado a planta, na esperança de ter uma boa vista de onde estava. Mas, para o seu desespero, o campo não tinha fim. E como se aquela imensidão não fosse desesperadora, e, de certa forma, claustrofóbica, ele nunca conseguia se afastar daquela árvore.

Não havia noção de tempo. A que ele tentou manter, rapidamente se esvaiu. Era sempre dia. Não havia noite, sequer tarde. Era sempre de manhã. Com passarinhos cantando, mesmo não tendo pássaros. O céu azul brilhante, sem nuvens. Era agradável demais, ao ponto de ser desesperador.

Mas ele preferia esse campo, do que o campo vermelho.

Não tinha um tempo certo de quando viria, ou de quando iria. Mas sempre começava do mesmo jeito.

O som de um gongo. O vento chicoteava os curtos cabelos de Zenitsu, junto com a túnica branca que ele usava. As flores começavam a mudar, de amarelo para vermelho. O céu azul, mudava para um vinho. A árvore secava e as folhas murchas eram levadas pelo vento. E tudo entrava em silêncio.

Mas esse silêncio não durava muito, na maioria das vezes. Logo, a figura alta de um homem aparecia em sua frente. Douma. O vampiro vestia uma túnica igual à de Zenitsu, com a diferença de cor – a dele era em um tom roxo – e pelo peitoral do vampiro estar a mostra.

– Olá Zenitsu.

O roteiro era quase sempre o mesmo, o que mudava era as torturas. Douma aparecia em sua frente, lhe cumprimentava e começava a andar em direção ao Agatsuma, que mesmo sabendo que era em vão, corria para longe do vampiro. Só que ele sempre lhe alcançava, o puxava pelos cabelos para dentro da árvore seca, onde ele ficava algemado.

– O que você quer?

Perguntou em um dos momentos de tortura. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, enquanto sentia o sangue escorrer pelas suas pernas. Não era a primeira vez que peguntava isso, e talvez, não seria a primeira. Douma estava segurando o chicote que usou para esfolar as belas pernas do loiro. O sorriso no rosto do vampiro era doentio.

Mas ele nunca obtinha as respostas para as suas dúvidas. E quando ele menos esperava, estava deitado no campo de flores amarelas. Com pássaros inexistentes cantando, céu azul e um vento refrescante. Queria ir embora. Queria ir para casa. Queria Uzui.

– Aquela vadia está viva?! – Uzui exclamou, se levantando do sofá – Como ela está viva?!

Todos os membros da família Hashira estavam reunidos no escritório principal da mansão. Tamayo estava sentada em um dos sofás, que ficavam posicionados verticalmente, perto da mesa principal.

– Também não sei como isso ocorreu. Somente há pouco tempo eu soube que minha irmã está viva.

– Como soube disso? – Giyuu indagou. Estava encostado em uma das paredes, com os braços cruzados.

– Fui notificada.

– Por quem?

– Sanemi. Deixe-a terminar de falar.

– Obrigada Shinobu. Retomando, eu fui notificada por um ceifeiro. Notificada é uma forma bem amigável de se dizer, como foi aquele encontro. Já faz um tempo que eu venho tendo alguns sonhos referentes a minha irmã. Lugares em que eu nunca estive antes, pessoas que eu nunca vi na vida. Mas a destruição e a morte, estavam sempre presentes. Achava que era minha consciência, me punindo por não tê-la impedido quando tentou matar vocês. Mas as coisas mudaram quando eu viajei para um dos locais em que sonhei. De alguma forma, ela conseguiu se manter nesse mundo. Através da família de Muzan.

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