Capítulo 61 Eu ainda estava viva

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Eu deixei Aspen com o pai, assim que minha família o viu, viu que estava ficando bem, nós deixamos o pai e filho juntos, precisavam conversar.

Acompanhei a minha família até a sala de espera dessa ala do hospital. Celeste estava agarrada aos braços do Edward, os dois estavam com os olhos tristes e vermelhos, estiveram chorando, assim como minha mãe, meu pai permanecia impenetrável a vista, queria ser como ele, sentir, sentir muito, porém não mostrar. Talvez um talento de advogados.
Alex não estava ali.

- Ele se foi... - como se minha mãe pudesse ler o que se passava em meu rosto - Ele voltou para os Estados Unidos, voltou a trabalhar na empresa do tio Jim.

Pisquei.

- Mas ele está de luto... não podia voltar... - na verdade eu não queria que ele tivesse ido embora sem que eu conseguisse conversar com ele.

- Ele sabe que você não tem culpa... - foi meu pai.

- E mesmo assim foi embora sem se despedir... eu entendo, deve ser difícil demais olhar para mim e só conseguir enxergar a Pem morta. - soltei e ao mesmo tempo pensei se o Robert via a mesma coisa.

Ele não estava ali também, mas não acho que estivesse me evitando, ele esteve comigo o tempo todo mesmo depois do seu pai morrer, depois de eu ter o matado na sua frente. Mas será que quando ele me olhava via a mulher que matou seu pai? E se sim, como ele conseguia suportar isso?

Agora ele estava órfão. Por minha culpa. Pela culpa de seu próprio pai.

O problema agora era que o Joseph estava morto. Eu não.

- Vocês também irão embora?

Eles vieram para a festa da Ellara, que foi um terror! Agora que ela nasceu e tudo isso aconteceu eles não teriam motivos para ficar.

- Eu e o Edy vamos depois da homenagem aos falecidos... não podemos ficar mais tempo, porque preciso cancelar o casamento, os decoradores só fazem recisão contratual com pessoa física.

- Vai cancelar o casamento? - mais uma coisa que estraguei?

- Por enquanto eu não conseguiria me casar sabendo que no mesmo dia estaria ao meu lado a Pem se casando junto...

Eu tranquei minha garganta para não engolir em seco, e ao mesmo tempo uma dor subia no meu peito, mas eu tinha que segurar o choro e permanecer com o rosto neutro... isso doía... era como andar descalça em cima de cacos de vidro.

Acenei com a cabeça mostrando que entendia. Não ousei dizer em palavras, não confiava na minha voz.

- Eu vou ficar. - falou minha mãe e sorriu docemente para mim - Não posso deixar essa mãe de primeira viagem sozinha. - me deu uma leve cutucada com no cotovelo nas minhas costelas.

Forcei um sorriso para o rosto.

- E onde a minha donzela fica, eu fico. - falou meu pai.

Seria bom ter eles comigo, era como um porto seguro, pessoas para me agarrar no momento da dor, mas parte de mim preferia ficar sozinha... mas eles estavam tão dispostos em fazer o papel de avós e de pais que não me deixaria quebrar que não pude dizer nada além de abraçar os dois.

Depois me recompus para uma conversa mais séria.

- Vocês precisam saber... Phill está com câncer terminal... foi por isso que deixei o Aspen e ele sozinhos, Aspen descobriu por conta própria minutos antes do último ataque... eles tem muito o que conversar.

Eles ficaram boquiabertos. Foi um baque para todos. E logo teríamos que anunciar ao resto do mundo. Seria um grande baque para o mundo todo também.

Tanta coisa aconteceu... era difícil de digerir tudo, de sentir tudo... tantas mortes em tão pouco tempo...

Vida Real (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora