Capítulo 40 Sonhos e Pesadelos

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Algumas vezes escutei vozes.

Estavam distantes.

Talvez fosse sonho.

- Como ela está?

Outra voz mais suave e materna.

- Ela vai ficar bem?

Normalmente essas eram as perguntas. Mas então vinham os pesadelos.

- Foi um banho de sangue. Tanta gente morta. Tantos enterros.

Ou então:

- Ele foi pego. E não podemos ser bobos em achar que não esteja morto.

E uma mais macraba e tão baixa em que a voz era quase irreconhecível:

- Agora só faltam dois.

Os sonhos me traziam, os pesadelos me levavam. Puxavam meus pés para um buraco bem fundo.

Apenas uma imagem estava na minha cabeça. Uma pessoa.

Ele não pode estar morto!

Mas para mim até então, não passava de sonhos e pesadelos.

Não sei quanto tempo depois, talvez horas. Eu acordei.

Alex estava lá.
Deitado em uma poltrona com a cabeça tombada para trás, desacordado. Dormindo como a pedra de sempre.

De longe vi um berço intubado com fios, tubos de oxigênio e outros equipamentos encaixados para dentro do berço que parecia uma cúpula. Não conseguia ver além dela, mas sabia quem estava lá.

- Alex. - falei, minha voz saiu engasgada e áspera.

Ele nem se mexeu.

Ótimo acompanhante de paciente ele é.

Estiquei meu braço cutucando a cabeça tombada dele com o dedo.

Ele não acordou.

- Meu Deus, Alex! - reclamei sozinha.

Teria que usar minha última tática, mas era a que sempre dava certo.

Enfiei meu dedo indicador dentro do ouvido dele que acordou aos pulos e esfregando a orelha cutucada.

- Caramba Ana! - falou, mas então veio um misto de alerta e surpresa em suas feições - Ana! - quase gritou - Você acordou! - falou surpreendentemente alegre ou assustado - Você está bem?

- Claro que estou, fiquei desacordada por algumas horinhas apenas.

Seu cenho franziu.

- O quê? - indaguei.

- Não foram horas. Você está indo e vindo por dois dias. Estávamos preocupados mesmo com Gustavos dizendo que você ficaria bem.

Não dei tempo para me surpreender com a notícia, meus pensamentos foram direto para Elara deitada em um bercinho na minha frente.

- Preciso ver ela.

- Não podemos tirar ela de lá, mas se quiser posso te ajudar a ver ela, mas primeiro preciso chamar Gustavos.

- Mas quem é esse Gustavos? - quis saber já que era se segunda vez que ele tocava no nome.

- O n-novo... novo médico real. - gaguejou.

- Mas era o Jonathan que estava me acompanhando, onde ele está? - quis saber.

- Diana, o Jonathan está morto. - soltou por fim.

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