Capítulo 36 Ellara

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De volta ao palácio nos permitimos deitar de baixo do céu mais bonito e estrelado que já vi.
Por essa noite nos permitimos ser um casal normal, com problemas de casais normais - por exemplo estava preocupada com a prova de matemática de amanhã, muito preocupada na verdade e Aspen com seu trabalho - o perigo por um momento se foi, estávamos seguros novamente.

Mas algo me dizia, que essa segurança era só uma máscara difícil de ser retirada, ou talvez eu só esteva paranóica por tudo que aconteceu nos últimos meses.

Mas mesmo assim, com minha insegurança eu me levantei.

Aspen olhou para minha inesperada atitude.

- Aspen, eu não consigo parar de pensar naquele dia que tive que lutar por conta própria, se você ou o Jonathan não tivesse chegado a tempo na enfermaria, não posso imaginar o que teria acontecido. Eu preciso saber me proteger sozinha. Mesmo que você fale que já não é mais necessário, eu preciso me sentir segura novamente. Você sabe tudo que já passei, com o Taylor, o homem da enfermaria, guardas... Eu estou cansada de ser a dor de cabeça e não a solução. Preciso saber me defender.

Ele arqueou as sobrancelhas e depois as abaixou para pensar, engoliu em seco antes de continuar.

- Isso com certeza vai contra todos os protocolos, mas já quebramos tantos por livre e espontânea vontade que só consigo dizer sim para você.

Sorri. E ele continuou:

- Pensei que eu fosse o único a achar que o perigo ainda não se foi completamente.

- Como assim? - quis puxar mais dele.

- É difícil aceitar que tenha acabado, esse terrorista já provou por muitas vezes que ele não é qualquer cara, ele é esperto, e odeio admitir, mas também é poderoso. Não é qualquer pessoa que consegue se infiltrar no palácio e fazer muitos dos meus funcionários se virar contra mim.

- Então você também acha que ainda estamos inseguros?

- Ana, minha querida - ele deu um sorriso amargo não desejando que suas próximas palavras fossem verdade - Um príncipe, herdeiro do trono real britânico, ele nunca acha, mas sempre, tem certeza.

Fiquei boquiaberta.

- Então o que faremos? - indaguei com o coração nas mãos.

Ele pôs a mão no queixo esfregando a barba que já estava apontando em seu queixo e maxilar.

- Seus pais acham que o perigo se foi... Será que depois desse baile da Celeste, todos concordam em voltar para a Argentina?

- Acredito que sim, posso tentar. A idéia de vê-los aqui em perigo não é nada tranquilizador.

- Eu sei... - falou e depois segurou uma de minhas mãos - Ana, eu preciso que você também vá com eles, assim eu terei certeza que eles e você ficarão bem.

- Não. Não, Aspen! - bravejei - Eu sou seu colete dessa vez, sabemos que querem matar os de sangue real. Não a mim, ou até mesmo minha família, somos um efeito colateral de estar perto demais.

- Por isso mesmo devem partir o mais logo possível. É perigoso demais para vocês. Se temos mesmo um inimigo tão forte como achamos, esse é o nosso problema, não o de vocês, não quero vocês no meio disso.

- Tudo bem em minha família voltar para a casa deles, mas a minha casa é aqui com você. Eu sou tão parte disso aqui quanto você. Eu vou ficar. Não importa o que diga, eu vou ficar, Aspen!

Ele abaixou a cabeça, sabia que não ia adiantar falar, eu não o ouviria.

- Tudo bem. - Ele sobe as mãos que estavam no rosto pelo cabelo, estava sendo difícil para ele aceitar - Tudo bem.

Vida Real (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora