9: Os Regentes

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Capítulo 9
Os Regentes


Devia ser menos de oito da manhã quando os Regentes, montados em seus cavalos que cavalgavam levantando a poeira da terra vermelha, apontaram na estrada.

Victhana soube que eram eles.

Os cinco homens encima de seus cavalos robustos, carregavam aquela expressão convencida, de superioridade, que era vista com frequência no sul e trajavam roupas pesadas com todos aqueles detalhes em ouro.

Ela percebeu Joaquim na varanda do casarão, a espera. Por sorte, todos já estavam em seus trabalhos. Melhor ainda em ver que a colheita estava fluindo com a água que ainda lhe restavam.

O combinado que havia feito com Joaquim foi simples: apenas incentivar a todos ficarem em seus trabalhos e não darem sinais das brechas que a província estava dando para os escravos. Se fosse preciso, algum dos guardas ali precisaria bater neles para mostrar como estavam todos trabalhando. Eles também deveriam ignorar qualquer provocação e não irritar tais Regentes, assim, esperava que eles não fossem abusar do poder deles. Joaquim alertou que eles poderiam ser perigosos, de qualquer maneira, e usar esse poder para achar que é mais poderoso que o próprio Imperador do país.

São apenas merdas arrogantes, disse Joaquim para Victhana.

Joaquim, Victhana se perguntou, iria cumprir sua palavra depois que eles fossem embora?

Quando os homens viraram a esquina para chegar em frente o casarão, ela correu para se esconder atrás das senzalas, e desejou poder ouvir o que eles iriam conversar.

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Joaquim observou os Regentes chegando à frente do casarão, parando seus cavalos com um freio que fez a poeira subir ainda mais. Ele olhou para o guarda, Kaluanã, ao seu lado e recebeu um aceno de cabeça.

Joaquim caminhou pela varanda, após a poeira baixar, e desceu as escadas da lateral do casarão.

— Bem-vindos a província do Ceará, Regentes. — cumprimentou Joaquim ao se aproximar dos homens.

O Regente da frente, que tinha feições nada amigáveis com um rosto quadrado, a barba fina e as sobrancelhas grossas, dando mais escuridão ao olhar do homem, desceu do cavalo. Ele segurou o cabo da espada e encarou Joaquim, após parar em sua frente.

— Onde está o Senhor desta fazenda? — perguntou com o tom grave. — E quem é você, jovem?

Joaquim suspirou, ignorando o tom de superioridade naquele sotaque português e observou o homem brevemente. Ele devia ter em torno de trinta anos. De perto, podia ver as marcas em sua pele. Viu os guardas atrás dele se mexerem, sem tanta paciência. Antes de responder, preencheu o peito de ar e colocou-se em postura ereta.

— O Senhor desta fazenda foi para a capital. Me chamo Joaquim e estou em seu lugar, como Senhor.

— Um garoto como Dono de escravos? — perguntou o homem, e soltou um riso. — Está sendo treinado por seu pai?

— Não. Meu pai me treinou pouco quando eu era pequeno. — disse e sorriu de lado. — Passei maior parte do tempo ao lado de minha mãe. Ela me treinou com valores e... educação.

— Vejamos, aqui temos um jovem esperto. — sorriu o homem. — E bem, espero que tenha usado essa esperteza para não ter deixado os escravos fugirem. Talvez tenha um coração mole por ter sido criado por sua mãe.

Joaquim encarou o homem. Sorriu e ignorou as palavras. Regentes eram arrogantes. As pessoas próximas ao Império eram. Sua mãe também ensinou a não agir como tais pessoas.

A Primeira ImperatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora