Prólogo (Parte 2)

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Pessoas,

primeiramente quero dizer que estou muito feliz pelos 1.6K de leituras e #20 no ranking de histórias sobre cultura (com a #), e dizer ainda mais que estou com muita saudade dessa história. Fico olhando ela aqui faltando apenas 4 capítulos para que essa parte 2 da história possa ser concluída, estando revisando os capítulos aos poucos todos os dias enquanto sigo com a correria do dia a dia. Além disso, temos uma capa nova para a história; feita por meu primo, um ilustrador maravilhoso, dedicada a essa história tão especial para mim.

Comemorando tudo isso, aqui está o Prólogo da 2° parte do meu livro e um pouco do que está por vir nessa parte dois do livro que se intitulará: Parte 2 - Calcem Suas Chinelas.



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Prólogo (Parte 2)

Ele não sabia o que poderia encontrar ao pé daquelas montanhas. Talvez escravos, senhores de fazendas, escravistas, povos libertos ou apenas outra cidade abandonada – que fora esquecida sob o céu escaldante depois daquela noite de chuva - com escravos mortos pela fome ou doentes. Apenas continuou sua caminhada a vislumbrar aquele conjunto de montes que se esverdeavam ao passar dos dias. Diziam que podiam chegar aos novecentos metros de altura, e até já ouvira falar sobre uma cidade que fora fundada sobre alguma daquelas montanhas da primeira vez que viera ao estado. Cada lugar, cada terra, cada morro e cada areia continha uma história. Das curtas às mais longas, das simples as mais complexas, cada uma com sua importância, formando a história rica daquela terra há muito tempo invadida.

E ele desejou poder saber de todas elas. Outrora pudesse ser um homem diferente. Mas reconsiderou o pensamento quando se deu conta de que a história também podia ter sido diferente, se tivessem escrito pelo olhar dos que ali morreram, dos que nem haviam conseguido sobreviver, como os que ali foram esquecidos.

A cada passo que dava naquela estrada de terra, as montanhas pareciam maior sobre sua cabeça. Uma nuvem pesada cobriu o sol no momento que ele alcançou o ponto mais alto que daria acesso a cidade ao pé do morro. E assim, ele pôde ver. Havia fumaça, mas nada pegava fogo. Havia pessoas, mas nenhuma com chicote sobre suas costas. Havia animais, mas nenhum de costelas à mostra. Havia vida e viviam; não apenas sobreviviam.

Desde quando passei a ter esses pensamentos?, pensou. A resposta imediata obteve; talvez depois de tantos dias em uma viagem incessante, dentre cidades vivas, cidades mortas e cidades escravizadas.

Por fim, decidiu que descansaria naquela cidade antes de continuar sua jornada. Seus pés doíam, assim como as pernas e a cabeça. O estômago reclamava de tanto tentar-se nutrir apenas de frutas secas e da água que conseguia pegar em algum riacho por onde passara.

A estrada seguia reta, passando por um pequeno povoado antes de chegar a uma ponte de vinte metros sobre um rio de águas pouco escuras com a vegetação verde florescendo ao redor e ao longo. Caminhou pelas ruas, dentre os prédios de cores esbranquiçadas, sem deixar de observar as pessoas que passavam por ali e como as montanhas ao redor se tornavam imponentes a ponto de parecer proteger a cidade.

Ele desviou do caminho principal e adentrou em ruas menores, procurando por um bar ou uma possível estalagem. Os prédios, em sua maioria, continham dois andares em uma arquitetura simples e em formatos quadrados, e até retângulos, com arcos nas portas principais de entrada. Viu homens carregando cavalos para uma rua secundária de um dos prédios ao seu lado esquerdo e os acompanhou, puxando a corda de sua mochila improvisada em suas costas.

A Primeira ImperatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora