19 - Um bom médico

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Sheng HuiYing

 . Um dia se passou desde o ocorrido, quando acordei eu estava no meu quarto sendo tratada por Jingyi, Jin Ling estava deitado em cima da mesa dormindo, eu havia sido banhada e minhas vestes haviam sido trocadas, que incrível, eu sempre desmaio e acordo aqui, na maior parte das vezes ferida e sendo tratada por Jingyi, eu me lembrei de Tai Huang, de como nos conhecemos, de como foi divertido aquele inverno. Madame Rou me abraçou com força e chorou, chorou como eu nunca vi na minha vida, ela me pediu perdão tantas vezes que perdi as contas, ainda não conseguia andar direito pois meus pés estavam machucados, então eu estava em repouso total, e aquilo estava me matando, ao menos sempre tinha alguém comigo para conversar, eu quase não conseguia dormir direito, as imagens daquela noite passavam na minha mente, o cheiro, os sons, os corpos.

 . Fiquei sabendo que meus tios tentaram conversar com Tai Huang, tentaram faze-lo voltar, mas nem mesmo meu tio Wei conseguiu, ele estava louco, falava sobre torturar e desmembrar, balbuciava palavras desconexas, até mesmo um senhor que se dizia mestre dele tentou, mas só recebeu acusações e ameaças, por fim, pedi que o trouxessem até mim, talvez eu pudesse fazer algo, mesmo que eu não tenha tanta fé nisso.

 . Ele estava com alguns curativos e suas roupas sujas de sangue seco, estava preso por cordas especiais e, por insistência de meu tio, Zidian, HuanGuang-Jun o colocou ajoelhado a minha frente, os três sêniors no quarto para caso algo desse errado, eu estava com um vestido leve de dormir e meus cabelos castanhos caiam por meus ombros, eu estava sentada na cama de frete para ele, ele me olhava, raiva, tristeza, angustia, admiração, tantas emoções misturadas em um mesmo olhar.

- Por que tão perfeita...? - ele resmunga.

- Tai Huang...agora eu sei que...que essa vila o feriu profundamente, que as pessoas aqui o trataram mal....mas haviam inocentes....crianças...por que? - pergunto, ele ri.

- Tão gentil...quanta compaixão....até mesmo por mim... - ele divaga - talvez....inveja? Por aquelas crianças terem uma família? O que eu sempre quis...mas sabe de algo HuiYing? - ele pergunta - eu senti prazer - ele diz, eu estremeço - prazer em ouvir aqueles gritos, o som da carne sendo rasgada, o choro de terror das crianças - ele conta com um sorriso assustador, meus olhos marejam - era divertido...depois que eu tornasse essa vila em uma vila fantasma eu fugiria com você...meu primeiro amor...a primeira pessoa que me estendeu a mão...que me amou, mesmo que não da maneira que eu te amo - Vejo pequenas lágrimas em seus olhos - mas ai eles chegaram para leva-la - ele cospe essas palavras tremendo de ódio - Seu querido irmãozinho - ele zomba - seus titios maravilhosos - vejo que Zidian se aperta ao seu redor, ele parece não se importar - e um rapaz que claramente a deseja - ele rosna - te dão presentes...a fazem sorrir...eu vou torturar cada um, assim que eu me livrar dessas amarras e desse maldito chicote - ele diz e Zidian faísca - doeu ver cada sorriso seu dirigido a eles, doeu ver você tão feliz ao lado deles....mas nada doeu mais do que o momento em que mentiu para mim - ele termina.

- Tai Huang....volte....por favor....esse não foi o Tai Huang que conheci naquele beco - digo, vejo seus olhos carmesim parecerem ao menos um pouco esperançosos - Se lembra de quando cozinhávamos juntos? - pergunto - Você quase colocou fogo na cozinha - uma lágrima solitária escorre por minha bochecha, eu a limpo rapidamente - Madame Rou quase nos matou - eu rio, ele sorri.

- Podemos ter mais desses momentos juntos....se você simplesmente vir comigo de bom grado, poderemos ter quantos momentos quisermos - ele oferece, meu sorriso diminui aos poucos.

- Podemos ter mais momentos assim se você voltar a ser você - eu digo.

- Mesmo que a energia ressentida em mim simplesmente sumisse - ele ri - eu ainda seria sentenciado a morte - ele diz - então por que?

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