As ferias veio com o cheiro da grama molhada do verão. Pelo menos, em Seul, os verões sempre chovia quando as cigarras fazem um breve intervalo de sua cantoria. Para Minho, as ferias veio de forma preguiçosa com a sombra de uma melancolia indescritível. Sendo abraçado pela solidão que seus gatos insistiam em dar nos últimos dias, acabou por se jogar no chão gelado de seu quarto.
Estava no tédio, isso tinha que admitir, mas também não queria fazer nada para acaba-lo.
Próximo ao chão, conseguia ouvir as patas de seus gatos batendo contra o piso de madeira enquanto brincavam de alguma coisa aonde o Lee, seu principal tutor, não poderia participar. Gostava do que ouvia. Sons de patas de gato. Estavam tão baixas.
Enquanto fitava o teto, buscava na memória dias passados. Esteve tão ocupados nas últimas semanas de aula na faculdade que jurava, por todos os deuses felinos existentes no mundo, que iria enlouquecer. Não estava perto de se formar, mas a vida estava tão corrida quanto. Amava artes visuais, mas não gostava da pressão que a faculdade colocava em si. Era pesado demais para respirar. Por muito pouco, não desistiu de muitas cadeiras, e se sentiu mais disposto vendo seus calouros ainda terem energias para suportar suas primeiras matérias. Poderia mentir dizendo que não era popular, pelo menos para os amigos dava para dizer isso, mas em seu curso, no meio das pessoas que estudavam a mesma área que a sua, tinha uma certa popularidade que se resumia, principalmente esse ano, em se candidatar ao grêmio estudantil. Isso era algo que realmente queria distância. Muitas responsabilidades era igual a nunca ter tempo para si. Então, por esse motivo, resolveu se ocupar em fazer todas as cinco cadeiras que podia fazer na semana e trabalhar com o pai quando estava fora da faculdade, simplesmente para poder dizer "não tenho tempo, me desculpa". Mas com isso a sua sanidade quase foi para o espaço.
Precisava de um psicólogo. E longas terapias. Apesar de que a única coisa que precisava mesmo era de tempo para si e um longo descanso. Com toda certeza, não iria cometer a mesma loucura no período seguinte.
- Quando vai começar o seu estágio?
Seus olhos foram em direção ao loiro que naquele momento estava sentado na cadeira da escrivaninha jogando no celular. Tinha esquecido a presença do mesmo de tão quieto que ele estava. Felix deixou o celular de lado e o fitou.
- Já era pra ter começado, eu só adiei por falta de coragem - Seu corpo não se mexeu, ainda estava no mesmo lugar, agora com os olhos de volta ao teto.
- Quero que me mandem para os hospitais, deve ser legal trabalhar como psicólogo em hospitais. Hyunjin disse que quer abrir o próprio consultório - Felix sorriu com esse pensamento - Acho que já da para saber o que cada um de nos quer.
- Você ainda tem muito tempo para pensar nisso - Disse, ouviu algo arrastar na direção de Felix - Não mexa nas minhas coisas, Lix.
- Desculpa - Ignorando o aviso, pegou um dos cadernos de desenhos mais novos do Lee mais velho, folheando algumas páginas até uma folha dobrada lhe chamar a atenção. Sempre foi curioso, e bastante intrometido, por isso abriu a pequena folha vendo um nome em comum no topo. Olhou para Minho, que ainda estava alheio as suas ações. Olhou para a folha vendo algumas palavras se destacarem em sua rápida leitura preguiçosa. Olhou novamente para Minho e colocou o caderno de volta no lugar - Então, em que área você quer trabalhar?
- Provavelmente, professor - Felix o fitou com curiosidade - Do ensino fundamental. Ensinar crianças deve ser como ter gatos, são agitados e bagunceiros, mas com um bom mestre, eles acabam seguindo a gente por confiança.
- Suas analogias não fazem sentido...
- Eu só disse o que eu acho - Sorriu - Por que não esta em casa hoje?
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Atenciosamente, J.One -- minsung
RomanceCartas, por que algo tão rústicos e antigo tinha que ser o motivo inicial de toda essa confusão? Jisung tinha um problema. Durante sua adolescência sendo um garoto tímido e sem nenhuma esperança na vida, encontrou com Lee Minho, um veterano que pare...