Chapter 3

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Estrangeiro.

Sempre que essa palavra vinha em sua mente, a única coisa que conseguia lembrar era do garoto de mais cedo na hora do almoço. O tempo que se passou após a sua tentativa de sair ter sido fracassada com o braço bem firme do professor, a ansiedade que pulsava o sangue com mais força em suas veias o deixava em completo êxtase pois a única coisa que queria fazer era ir para os corredores daquela escola, principalmente para o dos calouros e procurar um certo australiano que tinha conseguido decorar muito bem suas feições.

Mesmo com as trocas constantes dos horários seguintes, nada o fez conseguir sair da sala ate que o ultimo sinal bateu junto com a pulada que o seu coração deu fazendo a saliva descer com uma dificuldade quase estranha. Juntou o que tinha espalhado sobre a mesa as pressas ignorando qualquer voz que o chamasse no instante seguinte e correu em direção ao andar de baixo onde ficava o primeiro ano. Os alunos, assim como todos daquela escola naquele horário já se movimentavam com certa pressa em direção a saída. Mesmo com a dificuldade de andar entre os alunos, foi de sala em sala, do primeiro ano A ao E não o encontrando de imediato, quando já estava desistindo de o procurar no meio das poucas pessoas que ainda restavam naquele corredor, o encontrou um pouco mais a frente saindo do banheiro masculino e parando em frente ao mesmo olhando para dentro do cômodo, dessa vez estava sozinho, o alcançou como se fosse sua ultima esperança e realmente era. assim que o tocou, ele o encarou assustado e logo sorriu ao vê-lo.

- Oi - Ele disse com o tom alegre o fitando nos olhos, as sardas quase saltando de seu rosto - Tudo - Começou meio incerto - Bem?

- Droga, esqueci que você não fala minha língua - Praguejou, Felix o encarou sem entender em meio a confusão de pensamentos que lhe acometeu - Hi - Sorriu por fim tentando buscar as palavras certas - You - Apontou para Felix - Como de diz Pode em inglês? - Começou a se questionar em voz alta ignorando o olhar confuso de Felix que direcionou-os para a porta do banheiro vendo Jisung se aproximar.

-  Can - O menino que saía do banheiro parou ao lado de Felix - P-precisa de ajuda? - A insegurança e o medo era evidente em cada tremida que seu corpo dava, em um engolir em seco ele voltou a dizer - A.. eu - Desviou o olhar piscando varias vezes - sei inglês.

- A.

Minho ficou em silêncio, um grande tribunal em sua mente deu-se único, uma luta para ver em qual caso iria bater o martelo, se era em confiar naquele estranho ou erra no inglês. Seus olhos olharam atentamente o garoto bochechudo soltando um longo suspiro. Não ia ser facil.

- I met him earlier today - Felix disse, Minho ficou confuso.

- Oh, I understand - Eles o encararam - O que você quer dizer a ele?

- Eu so queria que ele me ajudasse a encontrar uma pessoa - As palavras saiam com urgência.

- He wants your help to find someone - Suas bochechas coraram a medida que sentia o olhar de minho sobre si.

- Yes, I help - Felix estava animado e feliz em poder ser útil.

- Ele disse que pode - Ele não o encarou.

Minho tirou do bolso do blazer a carta que havia recebido mais cedo e o mostrou a Felix que olhava a carta completamente interessado. O garoto ao seu lado arregalou os olhos vendo sua própria caligrafia.

- Tem uma pessoa que me mandou esta carta e ela disse que conheceu você, então talvez você saiba quem é ela - Apontava exatamente para o trecho aonde dizia sobre o garoto estrangeiro.

- Calma - Tentou controlar a respiração, de repente começou a se sentir ofegante, piscou tentando focar a visão e encarou Felix - The person in the letter says he met you, so he thinks you know who sent him the letter.

- I do not know - Negou brevemente.

- Essa eu entendi! - Minho disse animado e logo ficando sério - Pera.

Jisung o encarava tentando conter o sorriso que seus lábios queriam entregar. O viu olhar a carta pensativo e um pouco melancólico, encarou Felix que o encarou de volta esperando uma resposta.

- I will say that you know the boy from the letter - Felix piscou confuso, mesmo ouvindo o inglês perfeitamente, a confusão vinha por outro motivo - I am he, help me with this, please?

- Are you kidding! - A voz grave subiu uns tons e logo tentou disfarçar a surpresa quando lembrou que Minho ainda estava alí - You can say, I give my full support.

- O que ele esta dizendo? - Minho não conseguia conter a curiosidade.

- Muita informação - Fingiu pensar - Ele disse que sabe quem é, porém, ele não pode dizer.

O abismo que tentava não cair, voltou e dessa vez a distância tinha uma forma física e ainda era estrangeira.

Quantas barreiras eram necessárias para enlouquecer um homem?

- Você pode mandar uma carta minha pra ele? - Sem perceber perguntou diretamente para Felix que instantaneamente olhou para Jisung.

- He wants to send a letter to me - As palavras saiam com incerteza e medo, porem para quem o olhasse de fora, parecia alguém que estava traduzindo.

- Yes! When you want!

Felix parecia tão animado que ignorou a confusão de Minho.

- Quando você - Umidesseu os lábios ainda em choque - Escrever a carta, é só mandar para o Felix que ele vai entregar a pessoa da carta.

- Muito obrigado - Minho segurou as mãos de Felix o agradecendo enquanto se curvava respeitosamente.

Jisung assistia a cena se perguntando se aquilo era o certo. Se, ao começar com as cartas, estava sendo justo em se esconder. Mas a resposta estava lá e ela se chamava fobia social.

Lentamente, enquanto as coisas se acalmava, Minho se despediu dos dois seguindo seu caminho para as aulas de reforço deixando so dois em fim a sós. Felix o cutucou e esperou que contasse o que realmente havia acontecido e porque ele mandava cartas para uma pessoa mais velha que claramente não o conhecia.

Durante o trajeto de volta para casa, dentro do ônibus. Jisung explicou, palavra por palavra o motivo que foi facilmente entendo por Felix que prometeu entregar todas as cartas e ser o melhor correio que já existiu naquela escola.

Quando desceu quatro pontos depois do de Felix, se vendo completamente sozinho em sua bolha de medo social. Jisung se sentiu assustado. Em seus 12 anos, uma idade nova demais para ter medos infantis como aquele, sua mente voltou a aquela manhã quando sua mãe e seu pai pararam para falar consigo antes de ir a escola. Recapitulando o dia de hoje, a bolha parecia querer sufoca-lo e pela primeira vez desejou que realmente o fizesse.

- Filho? - Sua mãe saía de dentro da loja de conveniência com algumas sacolas nas mão - O que foi?

- Quando a gente vai? - Foi a única coisa que conseguiu dizer ainda absorto em sua bolha.

Ela se aproximou, o sorriso forçado escondendo a tristeza por ver o filho naquele estado.

- Dia 4 do mês que vem.

Quando chegou na escola no dia seguinte Felix o esperava em frente a sala ansioso andando de um lado para o outro como se o mundo fosse acabar se ele não resolvesse algo. Quando se aproximou, vendo o amigo sorrir abertamente, ele o puxou para um canto e lhe entregou o envelope com uma carta dentro.

Encarou o envelope pensando se seria bom continuar com aquilo ja que logo não teria mais como continuar a respondê-lo. Meio desanimado, se sentou em sua carteira no canto da sala, atras de Felix e abriu o envelope vendo as letras borrar diante de seus olhos.

O que faço?

Atenciosamente, J.One  -- minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora