Aos Seus Olhos

Capítulo 22 - Desentendimento

Notas do autor

Olá, como você tá?
E oficialmente estamos terminando o "Arco 2" de Aos Seus Olhos! Lembra? Eu disse que o segundo arco iria do capítulo 11 ao 22, então, estamos indo para a reta final! E eu estou animada hahahaha
* Os parágrafos em negrito e itálico se tratam de mensagens, cartas *

Enfim, vamos lá! Aproveitem!

Capítulo 22 - Desentendimento

Wu WenLing estava completamente desconfortável.

A pergunta é: Como não estaria? Havia um par de olhos curiosos o encarando enquanto começava a organizar a mesa que ocupava no Pavilhão da Biblioteca. Hui-Ying tinha tanta pressão em seu olhar, que o Wu sentiu um início de nervosismo ao que ele se inclinou como se tentasse o analisar melhor.

—Céus. Hui-Ying, o que foi?- As sobrancelhas franzidas em desgosto formaram a expressão irritada no rosto do mais velho.- Pare de me olhar assim.- Pediu, sentindo as mãos trêmulas pegarem os montes de papel e tinta preta.

—Irmão Wu...- Chamou manhosamente, quase deitando-se sobre a mesa. WenLing o ignorou e continuou sua organização.- Você sabe como é amar?- As mãos pararam de trabalhar quando seu portador ouviu tal questão. Seu rosto se voltou ao jovem jogado na mesa, as sobrancelhas franzidas em confusão.

—Do que está falando?

—Ora, estou apenas perguntando... Curiosidade.- O Huang mais novo deu de ombros como se não fosse nada demais, mas WenLing se pegou pensativo quanto a questão. Seus lábios se curvaram levemente para cima ao chegar a conclusão óbvia.

—É claro que sei, Hui-Ying. Todos nós sabemos.- Seu olhar seguiu vagamente pela biblioteca, encarando algumas estantes com pergaminhos de papel e a janela além deles. Uma brisa beijou seu rosto de forma fria, o fazendo relaxar involuntariamente, e de repente a questão começou a clarear em sua mente.- Você ama quando cuida, ama quando se preocupa, ama quando se interessa em saber como a pessoa está naquele dia, mesmo que você sempre o veja, você ama quando percebe que há algo de errado, ama quando a apoia em suas decisões, e ama mesmo tendo que repreender ou ser repreendido, ama quando se sente feliz em vê-lo feliz. O conceito de amar é... individual e abstrato, afinal, cada um ama de uma forma diferente. Por exemplo, você ama seu irmão diferente de como ama seus pais, diferente de como ama o Jovem Hua Chen-Liang.- Provocou, sentindo-se satisfeito ao ver as bochechas e orelhas vermelhas do jovem Huang. Fora vingado pela encarada recente.- Quando essa pessoa te desbrava e quando você se identifica com essa pessoa e ela com você. Se ele é um nó na sua linha, você irá facilmente percebê-lo[1].

De súbito, essa frase nunca fez tanto sentido desde a primeira vez que havia ouvido. Um suspiro profundo ecoou pelo espaço quando as lágrimas da compreensão tomaram conta dos olhos do Wu. Hui-Ying franziu a testa de forma confusa, porém pensativa. Observar a postura relaxada do amigo o tornou assim. Nunca o vira falando com tamanha precisão sobre algo que ele dizia não saber ao certo o que era, e sentiu-se satisfeito ao ter sua suposição parcialmente confirmada. Um sorriso tomou conta de sua expressão quando o Wu se voltou para ele com os lábios trêmulos e completamente sem graça.

—Mas, por que quer saber? Acertei quando disse que você ama o Jovem Hua?- Um sorriso perverso surgiu nos lábios do Wu, que começava a preparar a tinta para suas anotações.

—Ora! Não fale besteira!- Hui-Ying arrumou as costas curvas na mesa de forma súbita e suas sobrancelhas se franziram com a menção ao melhor amigo de seu irmão.

—Mas você não falou nada quando eu disse que você o amava...- Murmurou concentrado na tinta escura enquanto ouvia o resmungo frustrado do mais jovem. Hui-Ying se debruçou sobre a mesa novamente, quase esbarrando no pequeno pote de tinta.- Por que resmungou assim? Você brigou com ele de novo?