Aos Seus Olhos

Epílogo - Carta

Notas do autor

Olá, como você tá?
Então vamos lá.

Epílogo - Carta

17 de janeiro, Ano 6 pós-Batalha da Avidez.

Hoje faz cinco anos daquele dia 17 de janeiro. Aquele dia em que tudo se esclareceu.

Há muito tempo eu venho tentando conversar comigo mesmo, tenho tentado entender o que aquele WenLing de anos atrás sentiu naquele dia 17 de janeiro. Obviamente não é algo simples como apenas relatar todo o acontecido num pedaço de papel que ficará guardado na biblioteca, num lugar onde apenas eu saberei. É muito mais difícil do que imaginei que seria, confesso, mas essa mensagem não é para o WenLing do sexto ano pós-guerra, e sim para o WenLing do primeiro ano pós-guerra.

Essa mensagem é para o WenLing de cinco anos atrás, que sentiu tantas coisas ao mesmo tempo, que até os dias de hoje, não compreendeu completamente tudo aquilo que o atingiu.

Olhando de longe, nos dias de hoje, tudo aquilo que aconteceu parece a perfeita lembrança de uma vida passada, por mais que eu tenha discernimento para entender que não é. Comparado aos meus últimos anos, aquilo é nada além de uma lembrança dolorida.

Quando acordei, quase quatro dias após, no dia 21 de janeiro, fui informado de todo o ocorrido após eu ter perdido a consciência. Hui-Ying, agitado e claramente feliz por eu ter acordado, me contou tudo. Ele relatou que, quando chegou as masmorras do Palácio Branco, a Senhorita Xu e a Senhorita Jin estavam num estado deplorável, mas não por terem ficado sem comida ou água por algumas horas. A Senhorita Jin estava profundamente ferida, havia perdido muito sangue e estava em estado crítico até o momento em que eu despertei. A Senhorita Xu havia conseguido soltar as correntes presas na parede, fazendo com que parte dela caísse sobre si, e também estava machucada. Eles rapidamente as ajudaram e chamaram médicos, porém, ele estava ainda preocupado com a situação no pavilhão principal, e retornou ao local. Diz ele que estava acontecendo uma enorme confusão lá dentro.

Aparentemente isso ocorreu após minha perda de consciência. Hui-Ying disse que o Líder da Seita Meng estava estático, encarando-me no chão, e que demorou algum tempo até sair daquele estado. Meng EnLai, quando viu que eu havia desmaiado, comemorou ao pensar que eu tinha morrido, e finalmente acabou com tudo, se jogando da janela que havia sido quebrada com o corpo de Li DeWei. Hui-Ying disse, e os Líderes de Seita presentes confirmaram, que ela dissera que "nenhum Wu de sangue deveria continuar vivo", agradeceu ao Líder Meng e tirou a própria vida.

Pensei sobre isso naquela época, e concluí que, apesar de tudo, ela tinha conseguido o que queria. Cumpriu o pedido e ensinamento de sua mãe e não deixou nenhum Wu vivo, pois eu também morri aquele dia. Minha versão machucada e desesperada por justiça se foi naquele dia 17 de janeiro, e eu renasci no dia 07 de agosto daquele mesmo ano como Huang WenLing. O que de certa forma é algo bom, muito bom. Não vou mentir e dizer que todo o meu medo permaneceu no passado ou morreu com o meu antigo eu, não, eles ainda estão presentes aqui e se fazem presentes as vezes. Tem momentos em que consigo controlá-los, tem momentos que não consigo, e tenho em mente que isso é completamente natural, apesar de ainda ser extremamente chato.

Um dos meus pensamentos naquele dia foi que eu não conseguiria ver o casamento de Hui-Ying e Chen-Liang, e lamentei por isso, mas torci para que eles fossem felizes. Sou imensamente grato por ter conseguido sobreviver, assim, pude ver muito além do casamento deles, vi o meu casamento, e posso, todos os dias, acompanhar o crescimento de ZhenYang. Quando ZhenYang veio morar conosco, nunca escondi do Líder Wang que ele era seu sobrinho-neto, porém, ele achou melhor que ele crescesse conosco, não queria que ZhenYang sofresse mais mudanças bruscas e nos permitiu adotá-lo. Quando ele tiver idade suficiente para entender todos os acontecidos, nós o contaremos sobre sua história.