Aos Seus Olhos

Capítulo 23 - Tempo

Notas do autor

Olá, como você tá?

Gente, me empolguei tanto vendo um filme aqui, que nem lembrei de postar ao meio dia, como sempre. Curtam o feriadão!! 

E vamos para o terceiro e último arco da história!!
* os parágrafos em negrito e itálico se tratam de mensagens e cartas *

Aproveitem!

Capítulo 23 - Tempo

Sozinho em seu quarto, WenLing encarava as próprias mãos e a pilha de documentos e pergaminhos jogadas encima da cama. Suspirou, envergonhado. Sequer percebeu seu estado ao terminar de ler os primeiros documentos.

"[...]Na manhã de hoje, meu conselheiro me confirmou que os homens desconhecidos são soldados enviados por RongYuHuang."

"[...]São soldados enviados por RongYuHuang."

Sentiu-se confuso. Não sabia que haviam investigado homens tão a fundo assim. O conselheiro de seu pai era o mesmo conselheiro de seu avô. Era um homem muito falso, WenLing imaginava. Não lembrava muito de seus avós por não ter muito contato com eles, mas pelo que lhe foi contado, eles não eram as melhores pessoas do mundo, levando em conta também o acontecido com seu tio, Wu Shui, e seu Guarda Costas, Lan Yi-Min. Seu pai uma vez comentara que o conselheiro era muito leal a seu avô, ao menos em sua frente, pois, pelas costas, o homem falava e fazia o que bem entendia. Portanto, nada garantia que ele seria realmente leal, servindo agora, ao filho do homem que apunhalava pelas costas.

Depois, sentiu raiva. Não importava se o homem era ou não confiável, ainda era conselheiro do Líder da Seita e morava num dos pavilhões do Palácio da Avidez, ele também perderia se tudo caísse por terra. Os Huang não tinham o direito de simplesmente demolir sua vida e depois estar lá como se não tivessem cometido um erro. WenLing preferia morrer a ficar sozinho e sem rumo. Não tinha jeito com as pessoas, não socializava há muito, muito tempo. Poderia contar nos dedos de uma só mão as vezes em que saíra do Palácio da Avidez para simplesmente pegar um ar, respirar e ter uma breve folga no cinto apertado por seu pai

Suas mãos doíam pelas pancadas desferidas contra a mesa, estavam inchadas e foram previamente tratadas por Xu Yang-Yi, que ficara o encarando ainda surpresa quando todos saíram, atordoados pelo surto. Ela afagou suas costas com paciência e mandou que levassem curativos e água morna para o quarto do Ômega, onde lavou e medicou seus ferimentos, antes de perguntar se queria conversar. WenLing disse que não e ela aceitou sem insistências, se retirando do aposento e o deixando com seus pensamentos.

Apesar de ter perfeita noção do tom extremamente errado que usou contra Xiu-Lan, WenLing não conseguia se arrepender. Havia falado a verdade. Estava tão cansado e confuso. Sua cabeça dizia que ainda não era o momento de voltar a pensar naquele assunto, mas havia insistido nele e explodido como uma bomba-relógio. Quanto mais pensava no assunto, mais tinha certeza de que não devia ter dito aquilo de forma tão abrupta e mais sua cabeça ameaçava doer. Parecia um idiota, seus sentimentos foram postos para fora com uma simples frase. Se fechasse os olhos, poderia ver todos os olhares de decepção, pena, incredulidade e tristeza que o foram direcionados durante aqueles quase seis meses que permaneceu no Palácio da Lis, de acordo com o Líder Huang, como "convidado".

Afinal, teria Huang Tai-Yang sentido apenas pena do Jovem Herdeiro que ficara sozinho no mundo e apenas o levou para dizer que ele não ficou à rua da amargura, pois o levou para sua própria casa? Mas, se fosse isso, por qual motivo todos afirmavam que ele e sua família haviam se empenhado tanto em encontrar provas concretas, ou parcialmente concretas, de que não tinha nada a ver com a bagunça que seu pai havia iniciado? Teria ele, se afeiçoado por WenLing, assim como era afeiçoado a seus filhos e discípulos? Se pensasse por esse lado, WenLing entenderia o motivo de o Primeiro Herdeiro ter ficado tão perturbado com sua fala.