◩ 𝐓𝐡𝐞 𝐄𝐱𝐜𝐡𝐚𝐧𝐠𝐞 ◪
𓏲໋ׅ ᴠɪɴɴɪᴇ ʜᴀᴄᴋᴇʀ ᴀᴅᴀᴘᴛᴀᴛɪᴏɴ.
A tímida e insegura Allice Smith, passou a infância e adolescência como filha única, se mudando de cidade em cidade com uma avoada mãe. Adulta, se mudou para Los Angeles para fazer faculdade...
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Allice Point Of View
Por um momento, esqueço de tudo.
Deixo que as sensações dominem minha mente e saboreio o delírio perfeito que é ter Vinnie me beijando. É como um oásis no meio do deserto. Seu calor atravessa as camadas de roupas que nos cobrem e esquenta minha alma. Suspiro, passando os braços por seu pescoço, deixando meus dedos se infiltrarem em seus cabelos.
Vinnie me puxa para mais perto, gemendo dentro da minha boca, suas mãos descendo por minhas costas apertando meus quadris, estremeço de um prazer quente e proibido ao senti-lo excitado.
Sim... Todo meu ser se agita em ansiedade e desejo, querendo um pouco mais daquela perfeição.
Quando o beijo termina e ele encosta a testa na minha respirando comigo no mesmo anseio, mantenho meus olhos fechados, não querendo acordar daquele enlevo. Mas sou obrigada a despertar para o desatino que estava cometendo quando ele sussurra um sofrido e ansioso "Alinna".
Meu coração afunda no peito.
Não sou Alinna. O lugar entre os braços de Vinnie não me pertence.
Aperto meus olhos com força, assim como meus braços em volta de Vinnie uma última vez antes de empurrá-lo.
Vinnie se afasta me encarando confuso.
- Não posso - digo com vontade de chorar de novo.
- Que merda, Alinna! - Sinto a frustração, a raiva em sua voz, e me encolho.
- Me desculpe, não posso. Isto... não...
- Nada mudou, não é? Continua sendo o que você quer, quando você quer... - Rosna, encarando-me com mal contida fúria. - A antiga Alinna ainda está aí em algum lugar, não adianta você tentar mudar. Elisa já percebeu e talvez eu tenha que cair na real também.
Ele entra na casa, deixando-me sozinha com minha dor e culpa.
Que diabos eu estava fazendo? Estava ali apenas para substituir Alinna e estava causando tanta dor quanto ela causava. Só que, diferentemente de Alinna, eu sentia a dor de Vinnie como se fosse minha e a decepção de Elisa deixava meu coração em pedaços.
Não queria magoá-los, mas pelo visto eu não conseguia fazer diferente, afinal. E pior, estava me dilacerando também naquele processo. Mais envolvida do que deveria com aquela família.
Com Vinnie.
O que eu podia fazer? Contar a verdade a Vinnie, dizer que eu não era Alinna? Não podia, pois sentia que aquele segredo não pertencia só a mim, pertencia sobretudo a Alinna.
Como continuar naquela casa, enganando Vinnie e seus filhos todos os dias, esperando que Alinna voltasse e decidisse o que fazer com a vida que pertencia a ela?
Como continuar ali quando meu coração batia cada vez mais forte e alto por Vinnie? Não, eu não podia mais.
Engolindo o nó na minha garganta corro para o quarto e pego minha mala. Respiro fundo, pensando no que estou prestes a fazer.
Fugir, exatamente como Alinna.
Talvez a gente não seja tão diferente afinal.
Meus olhos se enchem de lágrimas e minhas mãos tremem ao pegar o celular, preciso ao menos avisá-la. Preciso que volte.
Nossa brincadeira já foi longe demais.
O telefone chama e cai na caixa postal. Tento de novo, as lágrimas me cegando. E de novo e de novo.
Até que desisto.
Então escuto como se viesse de muito longe um choro de bebê. Fecho os olhos com força, tentando ignorar. O choro continua cada vez mais alto. Por que Vinnie não foi pegá-lo?
Não aguentando mais, corro para o quarto de Henry e o bebê está chorando a todo pulmão, os bracinhos se agitando e o rostinho vermelho.
- Oh, Henry. - Eu o pego, acalentando-o. - Shi, não precisa mais chorar. Eu estou aqui... - Choro também, sabendo o que estava prestes a fazer e sentindo a certeza do que era certo se esvair do meu peito. Como poderei deixá-los sozinhos? O abraço forte, beijando seus cabelos. - Shi, bebê, a tia Ali está aqui. Estou aqui...
- Mamãe? - Escuto a vozinha de Stella. Ela está acordada e vem em minha direção, os olhinhos pesados, os cabelos bagunçados. Seus bracinhos rodeiam minha perna. - O Henry chorou e você não estava aqui.
- Você não vai embora, vai? - ela pergunta, e percebo que, embora Stella pareça muito tranquila, ela também sente a fragilidade da minha presença ali.
- Não, não vou - prometo. Uma promessa que não poderei cumprir.
Só espero que quando eu partir, a mãe dela de verdade esteja de volta.
Dou banho em Stella e Henry quando retorno para cozinha para dar-lhes jantar, me pergunto onde Vinnie se meteu. Numa rápida olhada para fora, vejo que o carro não está. Ele saiu? Para onde?
Elisa também não deu sinal de vida. Depois de alimentar as crianças menores e colocá-las para dormir, arrisco bater na porta do quarto de Elisa, ela já está dormindo.
Eu entro e ajeito as cobertas sobre seu corpinho e acaricio seus cabelos.
- Durma bem, querida. - Beijo seu rosto, fazendo uma prece silenciosa para que seu coração não se aflija mais. Ela era jovem demais para carregar os pesos de tantos problemas.
Vinnie ainda não deu sinal de vida quando me arrumo para dormir, volto para a cozinha para fazer um chá. Escuto o barulho de um carro estacionando e olho pela janela, não é Vinnie quem está ali, é Hub que salta do carro.
Abro a porta para ele, confusa.
- Hub, o que faz aqui?
- O Vinnie está? - Ele parece agitado.
- Não - respondo meio sem graça. - Ele saiu.
- Merda! - Ele passa os dedos pelos cabelos e noto que está nervoso.
- O que aconteceu?
- Eu tive uma briga com a Nailea.
Eu o deixo entrar e ele aceita um chá, enquanto nos sentamos à mesa da cozinha.
- Gostaria de me contar? - arrisco.
Ele continua em silêncio e imagino que não deve ser fácil para ele falar de problemas de casamento justo com Alinna.
- Quer dizer, se não quiser falar...
- Às vezes não é fácil ter um casamento como o meu.
Não entendo o que ele quer dizer.
- Quando sabemos que nunca poderemos ter filhos - ele esclarece, então eu entendo.
Sempre pensei que era difícil apenas para Nailea, saber que não poderia ser mãe. Estava claro pelo jeito que ela se apegava aos filhos de Vinnie e Ali. Nunca pensei em como deveria ser para o Hub.
- Nós descobrimos só depois que nos casamos - ele continua. - Nós namoramos na faculdade, quando eu desisti ela continuou, se formou e veio atrás de mim. Nós namoramos a distância por todo esse tempo e sempre fizemos planos de ter uma grande família. Era o que ambos queríamos. Nós tentamos por um tempo e nada acontecia. Quando fomos verificar, depois de uma batelada de exames, descobrimos que o problema era com ela.
- Deve ter sido difícil.
- Você sabe como foi. - Não, eu não sabia, mas o deixo prosseguir. - Ela ficou arrasada. Nós ficamos, na verdade, eu... me conformei. Gosto de Nailea independentemente do fato de termos filhos ou não. Mas ela... ela não esquece e, pior, desenvolveu esta obsessão por seus filhos.
- Eu não acho que...
- Você sabe que é verdade. Vocês já brigaram uma centena de vezes por causa disto, embora no final tenha acabado sendo cômodo, já que você não era a melhor das mães, desculpe-me por dizer.
Não falo nada, como posso defender Alinna depois de tudo o que descobri?
- Eu não me importava, talvez fosse cômodo para mim também. Assim, Nailea ficava feliz, satisfazia seu anseio de ter crianças para cuidar e mimar. Não percebi o quanto sua atitude era perigosa até você voltar e querer tirar as crianças de perto dela.
- Eu não fiz isso - refuto, apesar de saber que não é bem verdade. Eu realmente quis tirar as crianças de perto de Nailea.
- E está tudo bem, os filhos são seus. Era o que deveria ter feito faz tempo, assumir seu lugar como mãe deles. Eu fiquei feliz pelas crianças. - Dá de ombros. - Pelo Vinnie também.
- Eu tinha ciúme das crianças com a Nailea - confesso. - Pelo fato dela as compreender melhor que eu.
- Mas você é a mãe.
Ah, Hub, não podia estar mais errado.
- Nem sempre as mães são a melhor opção - digo baixinho, o medo de que Alinna não consiga melhorar me corroendo. Talvez manter Nailea como responsável pelas crianças não seja tão ruim, afinal.
Pelo menos eles terão alguém.
É tão duro admitir.
- Você está mudada. Todo mundo percebeu.
- Elisa está com raiva de mim novamente.
- Ela é uma menina arisca. Já sofreu demais, todo mundo via que seu casamento com Vinnie era uma merda desde o começo e ela esteve no centro de tudo.
- Não quero que ela continue se magoando.
- Ela vai perceber que você mudou e quer o melhor.
- Eu não sei. Hoje ela me disse que preferia que Nailea fosse mãe dela, porque eu nunca iria mudar.
- Ela chorou um bocado lá em casa hoje.
- Sério? - Sinto meu coração se apertar. - Aposto que Nailea aproveitou para falar mal de mim.
- Não. Nailea não fala mal de você para as crianças. Nunca precisou na verdade, suas atitudes já gritavam contra você alto o bastante.
Suspiro pesadamente.
- Ela não gosta de mim. As crianças percebem.
- Ela tem inveja. Queria ter as crianças que você tem e não se conformava por você não dar o devido valor. E começou a achar que as crianças seriam dela em algum momento. Que você mais dia menos dia iria embora, deixando-as para trás.
Quero dizer que Nailea tinha razão afinal. Porém Alinna não partiu para sempre, não é. Ela vai voltar.
Ela precisa voltar.
- E hoje, quando ela viu Elisa magoada, começou a pensar assim de novo. Quando Elisa partiu, começou a dizer que tínhamos que convencer Vinnie a deixar as crianças irem morar com a gente.
- Isto é absurdo, Vinnie nunca permitiria.
- Nem deveria. Falei que ela estava louca e tivemos uma discussão terrível. Só então percebi o quão deprimida ela está com essa situação. Que ela se sente mal por não poder me dar filhos. Ela se culpa.
- Sinto muito.
- A culpa não é sua. - Ele sorri com amargor. - Todo casamento tem problemas, não é?
Sorrio com a mesma amargura.
- Sei bem como é.
De repente a porta se abre e Vinnie entra. Quero perguntar onde estava, nem ouso.
Ele olha de mim pra Hub.
- O que faz aqui?
- Ele e Nailea brigaram - respondo me levantando. - Acho que querem conversar, não é?
- Na verdade nossa conversa já ajudou bastante - ele diz. - Eu queria dormir aqui hoje, pode ser mano? - pergunta a Vinnie.
- Claro - Vinnie responde.
- Tudo bem ficar com o seu sofá?
Ops.
O sofá era do Vinnie. Se ele não ia dormir no sofá...
Vinnie parece se dar conta da mesma coisa.
- É, Hub, talvez...
- Tudo bem - respondo. - Pode ficar com o sofá.
Encaro Vinnie.
- Eu te espero no quarto.
Dou meia volta para sair, antes que me arrependa. Vinnie vai atrás de mim.
- Alinna- ele me chama no corredor e eu me viro. - Não acho que seja uma boa ideia - diz impassível.
Dou de ombros.
- É só uma cama Vinnie, nós só precisamos dormir. Não vamos fazer disto um cavalo de batalha. E Hub precisa de nós.
Sem mais, eu entro no quarto, perguntando-me se Vinnie ousaria dormir na mesma cama que eu.
Querendo não ficar apavorada com esta possibilidade.
Querendo não ficar ansiosa.
Quando a porta se abre, mais ou menos uma hora depois, tento não entrar em pânico. Vinnie surge no quarto semi escuro. Usando uma calça de pijama e uma camiseta, ele se aproxima da cama. Eu mal respiro.
- Não se preocupe, eu não vou tentar nada - diz friamente.
E nem sei se é motivo para alívio ou decepção.
Talvez um pouco dos dois.
O colchão se move quando ele deita e não consigo deixar de respirar aquele seu cheiro maravilhoso.
Nós ficamos em silêncio por um momento, ambos olhando o teto. Os olhos abertos.
- Lembro-me de quando nos casamos - Vinnie fala de repente. - De como era estranho dividir a cama. Era uma intimidade esquisita para nós dois. Nós mal nos conhecíamos.
Não ouso dizer nada. O que poderia dizer? Não compartilho aquelas lembranças com Vinnie.
- Com o tempo nós nos acostumamos... tanto que chegou uma hora que nem notávamos mais a presença um do outro na cama. Como se o outro não existisse, não fizesse diferença.
A voz de Vinnie é melancólica ante aquela confissão tão cheia de verdade. Era como Alinna tinha dito afinal. Vinnie parou de percebê-la. Assim como Alinna que fez o mesmo.
- Então acho que foi um alívio quando decidi deixar esta cama de vez. Você não reclamou, nem tentou argumentar. Deve ter se sentido aliviada também.
- Eu sinto muito - murmuro, porque não posso dizer mais nada.
Nós ficamos em silêncio novamente e já estou me perguntando se Vinnie dormiu quando o escuto dizer.
- E tem razão, aquele sofá é realmente desconfortável.
Nós rimos e, em meio a nossa risada, percebo que é a primeira vez que rimos juntos.
É a melhor sensação do mundo. Aquece meu peito com algo doce e permanente.
É assustador.
É maravilhoso.
E apesar de saber que deveria achar muito errado, não consigo deixar de me sentir feliz.
Naquela pequena fenda do tempo, onde eu e Vinnie não somos nada além de duas pessoas rindo juntas. Sem passado, sem futuro, sem mentiras.
Apenas nós.
Nossa risada vai morrendo, dando lugar a uma sublime quietude e fecho os olhos, embrulhando aquele momento precioso como o mais lindo e secreto presente e guardando-o no fundo do meu coração.
Talvez eu precisasse dele quando não estivesse mais ali.
Esta possibilidade enche meu peito de uma saudade de algo que nem aconteceu ainda. E, sem pensar, me aproximo de Vinnie e deito a cabeça em seu peito. Ouvindo as batidas ritmadas do seu coração, torcendo para que ele não me rejeite. Não quero nada mais do que ficar ali, deitada junto dele. Para ter mais um momento para guardar.
Quando ele passa os braços à minha volta e também fecha os olhos, me permito deslizar para o melhor sono da minha vida.
E um último pensamento varre minha mente.
Queria que fosse para sempre.
Continua...
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