29 | Capítulo Vinte e Nove

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                 Allice Point Of View

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                 Allice Point Of View

Eu observo a casa onde vivi por tão pouco tempo e onde fui feliz como nunca tinha sido antes. A casa onde me apaixonei por três crianças maravilhosas e entreguei meu coração ao homem dos meus sonhos.
    
A casa onde vivi a mais linda ilusão, que agora havia terminado.
    
Respiro fundo e caminho com passos inseguros até a porta, quando vou abri-la hesito e apenas bato.
    
Mal respiro enquanto espero. Escuto passos e, quando a porta se abre, me deparo com Hub.
    
— Alinna... quer dizer... Como é mesmo seu nome?
    
— Meu nome é Allice. Pode me chamar de Ali.
    
— Hub, quem está aí? — Nailea surge e sua expressão é de raiva quando me vê. — Você!
    
— Nailea... — Hub segura seu braço, mas não consegue impedi-la de me dar um tapa.
    
— Sua vadia! Como tem coragem de vir aqui? Não bastou o que fez a esta família?
    
Engulo a vontade de chorar. É mais do que previsível a raiva de Nailea. Talvez no lugar dela eu tivesse a mesma reação.
    
— Amor, chega! — Hub a puxa.
    
— Vá embora!
    
— Preciso falar com o Vinnie.
    
— Para quê? Ele está devastado! Todos estamos!
    
— Por favor...
    
— Não vai entrar!
    
— Mamãe! — Stella surge correndo, jogando-se contra minhas pernas e eu a seguro e a envolvo em um abraço.
    
— Nailea, pare com isto, pense nas crianças, elas já estão sofrendo demais. — Hub puxa Nailea para longe.
    
— Não acho justo... — Ainda a escuto, porém prendo minha atenção em Stella.
    
— Por que não está mais aqui em casa, mamãe? Eu sinto saudade.
    
Sorrio tristemente e me sento com ela no banco da varanda. Acaricio seu rostinho rosado, seus olhinhos estão tristes e confusos. A pior parte de tudo vai ser me despedir das crianças. Saber que eles agora não têm mais uma mãe me dói. Mesmo que Alinna fosse uma mãe relapsa, ainda assim era uma presença materna naquela casa. E como seria de agora em diante?
    
— Escute Stella, eu não sou a mamãe.
    
— A tia Charli disse que você era uma titia também, mas você é a mamãe.
    
— Sou a irmã da mamãe, assim como Elisa é sua irmã.
    
— Mas vocês são iguais.
    
— Sim, o nome é gêmea, somos idênticas.
    
Ela fica pensativa.
    
— Se você é igual a mamãe... eu tenho duas mães?
    
Rio de sua lógica.
    
— Eu não me importaria de ser sua mamãe. Mas pode me chamar de tia Ali.
    
— Prefiro chamar de mamãe. Porque o papai falou que minha outra mamãe foi morar no céu.
    
Sinto vontade de chorar.
    
— Sim, ela foi morar no céu. — Soluço.
    
— Não chore, mamãe Ali.
    
— Estou triste porque sua mãe se foi.
    
— Mas nós temos você! — Ela abraça meu pescoço com seus bracinhos, e eu suspiro de pesar.
   
— Olha, meu amor — eu a faço me encarar — vou precisar ir embora.
    
— Não!
    
— Não quero que chore ou fique triste, eu vou estar sempre pensando em você.
    
— Posso ir com você?
    
— Precisa ficar aqui com o papai. Senão ele vai sofrer. Ele vai ficar muito triste por um tempo, por causa da mamãe. Você será uma boa menina, não é? Preciso que seja obediente e cuide do papai, da Elisa e até mesmo do Henry. Pode fazer isso?
    
Ela sacode a cabeça afirmativamente com um olhar solene.
    
— E quem vai cuidar de você quando estiver triste?
    
— Oh, querida, vou te guardar em meu coração e isso vai me deixar feliz.
    
— Você vai voltar?
    
— Sim, prometo que um dia eu volto.
    
Não sei se poderia cumprir aquela promessa, porém precisava acreditar que seria possível.
    
— Eu vou esperar, mamãe. Eu gosto de ter você como minha mãe também.
    
Sorrio e a abraço.
    
Seria tão mais fácil se a lógica de Stella servisse para todos.
    
Por fim, eu a coloco no chão e ela entra na casa. Quero acreditar que as crianças esquecem tudo facilmente, que um dia ela vai esquecer de mim também e não vai mais sofrer.
    
— Papai, a mamãe Ali está aqui! — Escuto a voz de Stella e estremeço. Vinnie está ali.
    
Eu me viro e o vejo saindo da casa. Seu olhar é impassível. Ele fecha a porta atrás dele. Fecha a porta de sua casa para mim. Seu gesto dói mais do que eu poderia imaginar.
    
Fixo o olhar naquele homem que em tão pouco tempo tornou-se o centro do meu universo. Que acreditei, em minha ilusão, que poderia me amar também, mesmo que em cima de mentiras. E agora ele deveria me odiar, justamente por causa das minhas mentiras. E, ainda por cima, ele havia perdido Alinna.
    
— Eu sinto muito por tudo — digo, ante seu silêncio. — Nunca quis te magoar. Alinna só deixou vocês porque mamãe estava morrendo. E só trocamos de lugar porque ela quis me ajudar, por favor, não a odeie. — Sinto necessidade de defender Alinna. Talvez por ela ser minha irmã, ou por não querer que Vinnie passe o resto da vida odiando-a por mais este erro. — Ela estava confusa e perdida. Bem, você sabe mais do que eu os problemas que tinham e...
    
— Pare! — ele pede com uma voz assustadora.
    
Eu me assusto.
    
— Eu não quero ouvir... — As palavras parecem sair do recanto mais sombrio de sua alma. Como se falar lhe custasse a vida.
    
— Eu preciso falar! Sei que não tem perdão para o que fiz! Mas Alinna morreu e...
    
— Sim, ela morreu! — Seu olhar está cheio de dor e fere meu coração. — Eu não consigo lidar com isso — ele faz um gesto de mim para ele — agora.
    
Como dói. Demais!
    
Estou quebrando em mil pedaços.
    
As palavras de Vinnie são como tiros em minha alma, estraçalhando tudo dentro de mim. Minando toda a vida que ainda me resta.
    
— Por favor, não me odeie.
    
— Eu odeio o mundo neste momento. — Uma lágrima cai de seus olhos. — Porém, esse é o mundo em que minhas crianças vivem e não sei como consertá-lo para elas.
    
— Sinto tanto por elas, não queria que estivessem passando por isto. Se tiver qualquer coisa que eu possa fazer... qualquer coisa...
    
— Vá embora! — Empalideço. — A única coisa que pode fazer é ir embora. Elas precisam lidar com a perda da mãe de verdade. Sua presença somente iria confundi-las mais, causar mais dor. E já causamos dor o suficiente a elas.
    
Sacudo a cabeça.
    
Sim, por mais que doesse, talvez Vinnie tivesse razão.
    
— Tudo bem... eu só queria me despedir.
    
Ele não fala nada.
    
Desço os poucos degraus da varanda e então, de repente, não aguento e olho para trás.
    
Vinnie está de costas, abrindo a porta para entrar.
    
— Eu te amei! — Ele para. — Talvez nunca acredite, mas eu te amei de verdade. Só queria que soubesse que, para mim, tudo foi verdadeiro. E que tenho um milhão de arrependimentos, mas ter amado você não é um deles, nunca será. Adeus Vinnie.
    
Corro e entro no carro.
    
Ele entra na casa e a porta se fecha.
    
Antes que eu consiga me recompor para dar partida e finalmente ir embora, Charli sai da casa segurando Henry e vem em minha direção.
    
Eu não penso duas vezes antes de sair do carro.
    
— Imaginei que você quisesse se despedir dele também. — Ela sorri tristemente.
    
Seguro Henry pela última vez, abraçando seu corpinho quente e querido.

𝐓𝐡𝐞 𝐄𝐱𝐜𝐡𝐚𝐧𝐠𝐞 | 𝐕𝐢𝐧𝐧𝐢𝐞 𝐇𝐚𝐜𝐤𝐞𝐫 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora