◩ 𝐓𝐡𝐞 𝐄𝐱𝐜𝐡𝐚𝐧𝐠𝐞 ◪
𓏲໋ׅ ᴠɪɴɴɪᴇ ʜᴀᴄᴋᴇʀ ᴀᴅᴀᴘᴛᴀᴛɪᴏɴ.
A tímida e insegura Allice Smith, passou a infância e adolescência como filha única, se mudando de cidade em cidade com uma avoada mãe. Adulta, se mudou para Los Angeles para fazer faculdade...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Allice Point Of View
Quando Vinnie perguntou se hoje eu iria fazer o que sempre faço aos sábados, a velha rotina de Alinna de ir ao cabeleireiro de Charli eu expressei o desejo de que passássemos o dia juntos. Eu tinha ciência de que meu tempo com aquela família estava mais contado do que nunca e queria aproveitar ao máximo o que ainda me restava.
Claro que eu sabia que geralmente Vinnie trabalhava aos sábados, para meu alívio, ele aceitou de pronto e disse que podíamos ir à praia. O tempo não estava bom, como na maioria das vezes, embora o outono estivesse no começo, sugeri um piquenique, o que foi muito bem aceito pelas crianças. Até Elisa pareceu animada.
E realmente foi uma boa ideia. O dia estava cinzento, mas mesmo assim lindo. Estendemos nosso cobertor na areia e comemos sanduíches, Stella e Elisa foram brincar com uma pipa que Vinnie comprou para elas no caminho.
Agora eu os observo, enquanto nino Henry em meus braços, Vinnie sorrindo enquanto as ensina a colocar a pipa no ar e elas pulam animadas, com os pequenos pés descalços afundando na água.
Uma mistura de emoções desencontradas contrai meu peito.
Desde meu pesadelo na noite anterior, já não conseguia agir como se tudo fosse normal. Como se fôssemos uma família normal. Minha fantasia estava pouco a pouco se desvanecendo como aquelas ondas quebrando na areia.
E o pior de tudo é que me sentia mais ligada a Vinnie do que nunca. Talvez ele instruísse, sem nem mesmo saber por que, que nosso tempo estava contado. Ele pediu para eu dizer que não ia embora novamente, como se soubesse no fundo do peito que o que estávamos vivendo era um sonho e que a qualquer momento iríamos acordar. Mesmo assim, de vez em quando ele sorri para mim, fazendo meu coração inchar de amor e medo. Era lindo e doloroso ao mesmo tempo.
E no fundo da minha mente, uma pergunta martelava. O que ia acontecer?
Eu estava certa de que deveria contar a verdade a ele, porque não suportava mais mentir. No entanto, saber da dor que ia trazer, não só a ele, mas à toda família, me fazia desejar nunca precisar falar nada.
Alinna já sabia a verdade e eu não tinha ideia do que ela ia fazer. Ficaria furiosa? Ou nem se importaria, feliz com sua vida de mentiras, viagens glamorosas, liberdade e flertes com outros homens?
Ela nunca foi feliz com Vinnie e os filhos. Transformou a vida de todos e a sua própria numa sucessão de dias ruins, sem perspectiva de felicidade. A verdade é que se não estivermos felizes, não podemos fazer os outros felizes também. Infelicidade gera infelicidade.
O que aconteceria se eu deixasse as decisões nas mãos de Alinna? Será que ela voltaria ao fim dos dois meses e continuaria como se nada tivesse acontecido, assumindo seu lugar naquela família e eu simplesmente partiria? Vinnie nunca descobriria a troca. Nunca sofreria. Nem ele nem suas crianças. Em vez de me sentir aliviada com um desfecho como esse, só sentia um vazio sem fim.
Ou talvez Alinna não quisesse voltar nunca mais. E então, eu poderia ficar? Fingindo eternamente que sou Alinna? Desfrutando de uma vida com Vinnie e seus filhos, o transformando em meu marido e àquelas crianças em meus filhos. Tenho certeza de que os faria feliz, porque eles me faziam feliz. Mas a que preço? Eu conseguiria passar a vida inteira sob o peso da mentira?
Acho que era ilusão demais pensar nesta alternativa. Eu mal conseguia conviver com aquela farsa agora, quem dirá o resto da vida.
Vinnie retorna e senta ao meu lado.
- Tudo bem? - pergunta me estudando. E sei que ele sente que há algo errado, só não sabe o que é. - Você parece distante... - Sua voz está um tanto ressentida. Será que estaria lembrando de todas as vezes que Alinna ficou distante?
Sorrio para tentar despreocupá-lo. Querendo aquela magia da ilusão de novo, ao menos um pouquinho.
Um pouquinho mais.
- As meninas amaram a pipa - desconverso, e ele sorri, olhando as filhas brincando felizes. - É bom ver Elisa sorrir.
- Sei que fica chateada com ela.
- Claro que fico, mas entendo.
Ele toca minha mão.
- Precisamos ir embora daqui a pouco.
- Já? Por quê? - Não quero ir embora.
- Elisa tem uma apresentação na escola hoje no fim de tarde.
- O quê? Que apresentação, eu não estava sabendo de nada!
- Ela me disse hoje de manhã.
- Ela devia ter me dito.
- Não se cobre tanto, Elisa é muito orgulhosa.
- Só comigo - digo baixinho, magoada, e Vinnie me puxa para perto, fazendo minha cabeça deitar em seu peito e passando os braços a minha volta.
- Tudo vai ficar bem - sussurra contra meus cabelos, e fecho os olhos. Querendo acreditar.
Não sei quanto tempo se passa até que Vinnie fica tenso em minhas costas e abro os olhos para sentir o sangue gelar ao ver ninguém menos que Kio caminhando pela praia ao lado de sua noiva, Mads.
Sem pensar, viro o rosto e olho para Vinnie que está com o maxilar contraído. O que é isso? Ele não gosta de Kio?
Ou desconfia de algo?
Meu estômago revira.
Volto de novo a atenção para Kio, ele está passando por Elisa e Stella. E fico ainda mais tensa quando ele para e conversa com as meninas, chegando até a pegar a linha de Stella colocando sua pipa ainda mais no alto, para o prazer da criança que ri e pula empolgada.
Sua noiva Mads não parece nem um pouco contente observando tudo com o semblante fechado.
- Idiota! - Vinnie resmunga e se levanta.
- O que foi, Vinnie? - Indago apreensiva.
- Não gosto desse cara com as minhas filhas.
Quero perguntar por que, mas tenho medo da resposta.
Vinnie se afasta na direção deles e fico ali, sem saber o que fazer, temendo pelo pior.
Ao ver Vinnie se aproximando, Kio devolve a linha para Stella e segura a mão de Mads, acenando e continuando seu caminho. Depois de alguns passos em outra direção, ele se vira e pisca para mim.
Que cretino!
Desvio os olhos me perguntando se Vinnie viu.
Algum tempo depois Vinnie retorna e diz que devemos ir embora. Ele não parece irritado, embora esteja um tanto distante. Nós pegamos nossas coisas e entramos no carro, aproveito para questionar Elisa.
- Que apresentação é esta de hoje à tarde?
- Não é nada.
- É algo sim e devia ter me contado!
Ela dá de ombros.
- Você precisa de alguma coisa? - insisto, e ela morde os lábios. - Elisa?
- É um musical. Preciso de um vestido de princesa. Vou pedir para a tia Nailea conseguir um para mim.
- Não vai nada, eu vou providenciar.
- Você nunca se interessa. Duvido que vá conseguir!
- Elisa, já chega! - Vinnie a repreende.
E nós passamos o resto do percurso em silêncio.
Quando chegamos, Stella está reclamando de dor de cabeça e seu rostinho está um pouco quente. Ela também tosse um pouco e eu fico preocupada, mas ela adormece em seguida e eu me lembro que tenho que conseguir o vestido para Elisa.
- Preciso arranjar o tal vestido para Elisa!
- Acha que consegue alguma coisa? Está em cima da hora.
- Eu tenho que conseguir, mas estou preocupada com Stella.
- Eu fico de olho. Daqui a pouco vou levar Elisa à escola, ela tem algumas horas de ensaio antes, mas peço para minha mãe vir olhar Stella e Henry.
- Certo, diga a Elisa que levarei o vestido na escola.
E sem pensar fico na ponta dos pés e o beijo.
- Me deseje sorte!
Ele sorri e penso que inventei aquela distância que havia imaginado depois do encontro com Kio.