◩ 𝐓𝐡𝐞 𝐄𝐱𝐜𝐡𝐚𝐧𝐠𝐞 ◪
𓏲໋ׅ ᴠɪɴɴɪᴇ ʜᴀᴄᴋᴇʀ ᴀᴅᴀᴘᴛᴀᴛɪᴏɴ.
A tímida e insegura Allice Smith, passou a infância e adolescência como filha única, se mudando de cidade em cidade com uma avoada mãe. Adulta, se mudou para Los Angeles para fazer faculdade...
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Allice Point Of View
- Alinna? - sussurro, perdendo o ar.
Ela se aproxima da cama, sentando-se do meu lado e passando a mão no meu cabelo.
- Irmã...
- Alinna, como... O que faz aqui...? - De repente me dou conta de onde estou e com quem. E meu coração afunda no peito. - Oh, Deus... me desculpe, me desculpe, não pude resistir.
- Eu sei... Vai ficar tudo bem. Você precisa ser forte, irmã. Eu te amo.
Ela se levanta e eu me sento, sem entender nada.
- Alinna, o quê...
De repente eu acordo de verdade e olho em volta, chocada. Não há ninguém no quarto.
Eu estava sonhando.
Olho para o lado e vejo Vinnie dormindo, ainda bem que ele não acordou com meu pesadelo.
Agora não consigo dormir.
Aquele sonho com Alinna era minha culpa me perseguindo.
Enxugando as lágrimas me levanto e pego o celular saindo do quarto. Ligo para ela e cai na caixa postal.
Não tenho coragem de deixar recado.
Volto para o quarto e deito ao lado de Vinnie.
Sei que a hora da verdade chegou. Quando ele acordar, estaremos em outra realidade.
Toco seus cabelos.
- Eu te amo - sussurro. - Talvez nunca vá saber que eu te amei. Não como Alinna, mas com toda a força do meu coração. Eu sinto muito... sinto muito.
Saio da cama e, seguindo um instinto, me visto e entro no carro.
Ainda está amanhecendo em Seattle quando chego a casa de Arthur.
Ele está sentado em uma mesa de madeira no fundo do quintal, um copo de café nas mãos, olhando o horizonte e franze o cenho quando me vê.
- Filha?
- Oi, pai. - Eu me sento diante dele. - Acho que precisamos conversar.
Ele suspira, passando a mão pelos cabelos.
- Parece que adivinhou que perdi o sono pensando...
- Em quê?
- Em sua mãe.
Engulo em seco e não falo nada.
- Nós nos casamos muito jovens. Eu estava muito apaixonado. Sua mãe engravidou e eu a pedi em casamento, acreditando que seríamos felizes para sempre. Porém Clara nunca foi feliz. Ela se ressentia, pois odiava Seattle e a vida na cidade pequena. Tentei fazê-la feliz, nada parecia adiantar, nem descobrir que teríamos duas filhas.
- Duas? - Mal consigo respirar quando finalmente escuto Arthur admitindo minha existência.
- Sim, sua mãe estava grávida de gêmeos. Eu sinto muito por nunca ter contado isso.
- E o que aconteceu?
- Um dia acordei e ela tinha ido embora. Simples assim. Vocês não tinham nem nascido. Fiquei desesperado. Não fazia ideia de onde procurar, até que um dia recebi uma ligação de um hospital em Vancouver. Meu número ainda era seu contato de emergência e ela estava em trabalho de parto. Parti para lá e vocês nasceram.
Arthur respira fundo e sei o quanto está sendo difícil para ele revelar aquela história depois de tanto tempo.
- Queria que Clara voltasse para casa. Pedi que ela voltasse. Disse que a amava e que íamos criar nossas filhas. Ela se recusou. Eu gritei, briguei, houve muita ofensa. Ela falou que ia embora para Nova York. Que estava tudo certo para encontrar uma amiga lá. Eu falei que então iria levar as crianças comigo.
O quê? Arthur queria ficar com nós duas?
- Ela disse que as levaria. Argumentei que nem emprego ela tinha e que não poderia lidar com duas crianças. Era absurdo. De repente ela concordou comigo, que não poderia criar duas crianças sozinha e, então, pediu que eu ficasse com uma de vocês.
- Oh, meu Deus!
- Sim, eu menti todos estes anos. Eu tive duas filhas e deixei que uma se fosse com sua mãe.
- Por que nunca as procurou?
- No começo eu ligava sempre, sua mãe ia de uma cidade a outra... pensei que ela ia se cansar de criar uma criança sozinha e que voltaria para mim, mas isso nunca aconteceu. Até que um dia, perdi o contato, a criança devia ter pouco mais de dois anos. E não sabia mais onde ela e sua irmã estavam.
Procurei durante algum tempo, então eu percebi que Clara não queria ser encontrada.
- Você a deixou ir... Sua filha...
- Não houve um dia em que eu não pensasse nela, porém a vida tomou rumos estranhos. E fiquei com você.
Eu me levanto, um tanto revoltada e, ao mesmo tempo, aliviada porque Arthur não tinha me abandonado como eu pensava. Tinha sido Clara que abandonou Alinna.
- Tudo é tão injusto - digo e, quando me volto, Arthur está em pé também. - Por que está me contando tudo agora?
- Porque desde que voltou parece outra pessoa... - Ele deixa a questão no ar. - Eu dizia a mim mesmo que era absurdo, que você só havia mudado muito, mas... não sai da minha cabeça.
- E se eu disser que não é absurdo. Que eu sou outra pessoa.
Arthur empalidece.
- Meu Deus...
- Sou eu pai, sua outra filha. Eu sou Allice! - começo a chorar e, em um segundo, Arthur está me abraçando.
Não sei quanto tempo passamos abraçados chorando até que Arthur me afasta, tocando meu rosto, meu cabelo.
- Como é possível? É mesmo você?
- Sim.
- Deus do céu... todo este tempo?
Sacudo a cabeça afirmativamente.
- Desde quando? Onde está Alinna? Vocês... trocaram de lugar?
- Sim.
- Você sabia que tinha uma irmã?
- Não, a mamãe nunca me contou, assim como você nunca contou a Alinna.
- Isto é surreal...
- Eu sei. Foi o que pensei quando mamãe me contou sobre Alinna.
- Como?
- Mamãe estava doente quando me confessou sobre Alinna e pediu que eu a encontrasse. Eu liguei para Alinna e ela foi nos encontrar em Los Angeles.
- Por isto a viagem...
- Sim.
- E vocês simplesmente trocaram de lugar? Onde está Alinna?
- Ela está me substituindo, talvez na Europa ainda.
- Europa?
- Eu sou escritora. Tinha uma turnê muito grande para fazer e estava apavorada por ter que encarar o público, me deu pânico e Alinna se ofereceu para ir em meu lugar. E pediu que eu viesse para Seattle.
- Isso é terrível...
- Eu sei, a princípio não concordei, porém, no fim, acabei deixando-a me convencer.
- E todo este tempo tem mentido...
- Sim, sinto muito.
- Meu Deus, vocês foram longe demais.
Volto a chorar.
- Você e a mamãe também foram longe demais nos separando e nunca contando que éramos gêmeas. Tem ideia de como nos sentimos quando descobrimos depois de todos estes anos?
- Eu pensei que estivesse perdida para sempre, que nunca iria aparecer... Deduzi que Clara também tinha escondido a verdade e... Onde está Clara?
- A mamãe morreu, pai. Ela tinha câncer. Foi muito rápido, ela já estava muito mal quando me confessou sobre Alinna e pediu que eu a encontrasse. Mas Alinna nunca conseguiu falar com ela, pois já estava inconsciente quando chegou. Ela morreu semanas depois.
Arthur empalidece novamente e caminha trôpego até o banco, segurando a cabeça entre as mãos.
- Clara está morta...
- Sim. Sinto muito.
Ele fica um tempo perdido em sua própria dor e me pergunto se depois de todo aquele tempo ele ainda gostava de Clara. Tento me ver daqui a trinta anos sem Vinnie. Será que ainda o amarei com a mesma intensidade? Só de pensar, dói.
Eu me sento diante dele.
Arthur volta a me encarar com os olhos atormentados.
- Mais alguém sabe?
- Não.
- Meu Deus, se todos descobrirem... Vinnie, as crianças... Vocês não deviam ter feito isso, é monstruoso.
- Não sei o que fazer pai. Tenho vivido um inferno.
- Como foi capaz de concordar com algo assim? Vir para cá e simplesmente tomar a vida de sua irmã, viver com seus filhos, seu marido... E Alinna permitir!
Fico vermelha.
- Ela me disse que eles estavam separados, que Vinnie dormia no sofá. Que seria temporário, apenas para que ele parasse de pedir por sua volta. E eu me iludi achando que seria somente isto. E ainda teria o bônus de conhecer você.
- Você poderia ter vindo me conhecer como você mesma!
- Você fingia que eu nem existia! Achei que nunca iria querer me ver.
- Meu Deus, filha, pensei em você todos estes anos, inferno! Eu me arrependi todo este tempo... Acho que nunca consegui amar sua irmã direito, como se devia, porque sentia culpa. Como dar amor a ela, quando tinha te abandonado?
- Oh, pai... - Eu soluço.
- E, agora, o que vai acontecer? O que fizeram... Vinnie não vai suportar...
- Acha que não tenho pensado nisso?
- Me pareceu que tinham feito as pazes, no meu aniversário, que estavam bem, meu Deus, nem era Alinna, era você!
- Eu me apaixonei pelo Vinnie - confesso. - Juro que tentei resistir e ele me odiava no começo, odiava as atitudes de Alinna. Então eu me vi querendo fazer tudo diferente, fazê-lo esquecer a mágoa...
- Era o marido de sua irmã!
- Ela não gosta dele! Você sabe muito bem! Ela me disse com todas as letras, que não gostava da vida que vivia, que você a obrigou a se casar.
- Alinna é como sua mãe. Nunca foi feliz em Seattle.
- Sim, e você errou muito em não a compreender persuadindo-a a se casar.
- Ela estava grávida!
- Estamos no século XXI! Ninguém mais precisa se casar por causa disso!
- Trata-se de Seattle e não de Los Angeles.
- Não interessa, tratava-se da felicidade de sua filha.
- Eu achei que ela seria feliz! Queria que ela tivesse juízo e Vinnie era um rapaz muito compenetrado.
- Ela nunca o fez feliz! E nem ele a fez, porque nunca deveriam ter se casado!
- Por causa disto achou que estava tudo bem dormir com ele?
- Não fale assim, não transforme o que sinto por Vinnie em algo sujo.
- Não tem que se preocupar só com o que eu penso. Vinnie...
Sinto meu estômago revirar.
- Pensei várias vezes em contar. Porém, não é um segredo só meu. Alinna é a verdadeira esposa dele e ela disse que vai voltar.
- Acha que Alinna vai voltar?
- Não sei mais dizer... Ela não responde minhas ligações. E eu confessei a ela numa mensagem que tinha dormido com o Vinnie e me apaixonado por ele.
- Minha nossa!
- Eu só precisava dizer, não sei o que ela pensa... se está com raiva, se está voltando.
- E o que vai acontecer quando ela voltar? Acredita que ela simplesmente vai assumir seu lugar? Ou vai contar a verdade a Vinnie?
- Eu não sei.
- Acho que devia acabar logo com isso. Esta farsa já foi longe demais.
- Vinnie vai sofrer muito.
- Ele irá sofrer de qualquer jeito.
- Mas Alinna...
- Alinna é uma criatura egoísta. Dói dizer, mas acho que ela não vai voltar... Fechei meus olhos todo o tempo, vendo os problemas em seu casamento, não querendo me intrometer. E todos os dias pensava que ela podia ser como sua mãe, que iria embora para sempre.
- Como ela pôde pensar em deixar Vinnie para sempre? Só de pensar em deixá-lo sinto que vou morrer. Eu o amo muito.
- Por isso mesmo ele precisa ouvir a verdade de você. Temos que assumir nossos próprios erros.
- Sim, tem razão. Pode me acompanhar, por favor?
Arthur entra no carro comigo.
- Sinto muito, Allice - Ele toca minha mão, quando vê que continuo chorando, estou tremendo só de antever a conversa com Vinnie.
- Me chame de Ali - murmuro.
Nós saltamos de frente à casa e respiro fundo.
Arthur segura minha mão e, a cada passo que dou, sinto o medo se alastrando por minha pele.
- Você terá que ser forte - Arthur diz quando entramos em casa e me recordo das palavras de Alinna no sonho. Teria sido um presságio?
Sinto um arrepio frio na espinha.
- Parece que não tem ninguém em casa - Arthur diz perante o silêncio.
- Sim... - Pergunto-me o que Vinnie deve ter pensando quando acordou e eu tinha sumido.
De repente escuto passos e penso que é Vinnie vindo da sala, o chão foge dos meus pés quando vejo Avani surgir na minha frente.
- Ali!
- Avani, o que... o que está fazendo aqui, como... - Oh, Deus, eu estava sonhando ainda? Avani está chorando quando se aproxima de mim.
- Ali, graças a Deus!
- O quê... Como sabe... Como... - Estou petrificada.
- Aconteceu um acidente, eu sinto muito... Alinna... Ela está morta.
Tenho a impressão de que toda a vida é ceifada de mim naquele momento, enquanto tento entender o que Avani está dizendo.
- Meu Deus - Arthur sussurra e olho para ele vendo tudo embaçado, as palavras de Avani se embaralhando em minha mente.
Morta. Acidente. Alinna está morta. Meu sonho...
- Não! - sussurro.
- Sinto muito querida, ela estava no carro... capotou... não resistiu... na madrugada..- As palavras dançam em meu cérebro que está escurecendo, assim como minhas vistas.
- NÃO! - grito, agora em total horror, e a última coisa que vejo antes de desmaiar é Vinnie entrando na casa. Tenho certeza de que ele ouviu as palavras de Avani, mas já estou deslizando para a escuridão.
Continua...
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Notas Finais:
➺ Será que alguém esperava por essa? 😬 estamos na reta final da história.