17 | Capítulo Dezessete

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                Allice Point Of View

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Allice Point Of View

- Eu não tenho um caso com este cara! - Minha primeira reação é negar veementemente, mesmo com Nessa afirmando o contrário.

- Que reação é essa? Esqueceu que me contou? Que me conta tudo? Vai ter a cara de pau de negar? Eu hein! Está com amnésia? Lembro como se fosse hoje você me contando que o Kio ficava rondando e dando em cima de você descaradamente. Eu até disse que você seria louca se caísse na dele, mesmo sabendo que você e o Vinnie estavam sempre brigando. Você me garantiu que não queria nada com o Kio, que não seria louca de se envolver com outro cara que nunca iria sair de Seattle para continuar na mesma merda de sempre. Aí um dia você disse que acabou rolando, que estava entediada e que foi só uma brincadeira. Só que Kio queria muito mais, então você terminou tudo, porque trocar Vinnie por Kio seria a mesma coisa, continuaria enfurnada nesta cidade! E quando engravidou até pensou que podia ser do Kio!

- Claro que não! - Estou lívida com todas aquelas revelações de Nessa. - Henry não é filho do Kio!

- Para sua sorte. - Ela ri. - Ele nasceu a cara do Vinnie, bem que você ficou bastante temerosa que fosse diferente. Então, só para te lembrar, nem adianta querer dar uma de santa comigo, amiga.

Mal consigo respirar, minha mente dando voltas.

Então Alinna tinha realmente traído Vinnie com aquele cara? Por isto que ele piscou para mim descaradamente? Sinto meu estômago revirar.

- Ei, por que essa cara? - Nessa me estuda, franzindo o cenho. - O que aconteceu quando Kio entrou? Acho que a noiva dele sabe, ela parece te odiar.

- Ele piscou para mim, ficou flertando - digo horrorizada.

- Ah, Kio é muito descarado! Ele é a fim de você faz tempo, você nunca deu bola para ele, aí casou com o Vinnie. Acho que depois que ficaram juntos, ele pensou que você podia largar o Vinnie por ele, sei lá.

- Eu não faria isso - afirmo, enquanto na minha mente repito: "Alinna não faria isto". Como ela poderia trocar Vinnie por aquele cara? Como ela pode sequer ter pensado nesta possibilidade?

- Eu sei que não! Até parece que ia largar o Vinnie por um cara pé rapado feito o Kio! Fez certo em pôr um ponto final no que aconteceu. Espero que Kio crie juízo e não comece a correr atrás de você de novo, afinal, ele está noivo.

- Mais alguém sabe?

- Como assim? Como vou saber? Se está insinuando que contei para alguém, vou ficar ofendida, sabe que sempre guardei todos os seus segredos. E até perdoei você por ter transado com o Jaden, afinal, eram adolescentes e eu e Jaden não tínhamos nada ainda.

Não consigo mais prestar atenção, só pensar que Alinna tinha feito mais burrada do que eu podia imaginar. Eu arranjei uma desculpa para todos os seus deslizes, mas aquele... Aquele não tinha perdão.

- Preciso ir! - Levanto, deixando algumas notas na mesa.

- Por quê? Charli e Elisa nem voltaram...

Não respondo, saio do café, desnorteada, me perguntando onde estariam Charli e Elisa, só querendo ir para casa, ligar para Alinna e confrontá-la. Então sinto mãos fortes segurando meu braço e me puxando. Assustada, levanto o olhar e vejo Kio sorrindo para mim e, sem que eu consiga detê-lo, passa os braços por meu corpo e me beija.

Consigo virar o rosto, aterrorizada.

- Solte-me! - O empurro com toda força que consigo reunir e, para meu alívio, ele me solta, apesar de ficar rindo para mim.

- Adoro quando fica irritada!

Ofego, chocada, olhando em volta, preocupada que alguém tenha visto aquela cena, mas Kio havia me puxado para um beco ao lado do café.

- Ficou maluco?

Ele dá de ombros, ainda sorrindo.

- Sou maluco por você, Alin, sabe disso...

- Nunca mais se aproxime de mim, entendeu? - Estremeço de nojo e medo.

- Tem certeza? Você dizia a mesma coisa antes, então um dia cedeu... Talvez eu devesse insistir de novo...

- Nunca mais! Nem tente, porque não vai rolar!

- Você voltou mais bonita, essa viagem fez bem a você... Achei até que tinha ido embora de vez, já que vivia se lamentando que era infeliz com seu marido.

- Cala sua boca, não sabe nada sobre mim!

- Sabia um bocado...

- Pois esqueça! Não sou mais a mesma pessoa! E você é noivo, não tem vergonha?

- E você que é casada! - Ele ri e me enfureço.

- Eu nem deveria estar falando com você. - Corro para fora do beco, só parando quando estou bem longe.

Por um momento, fecho os olhos, tentando me acalmar. Então volto para a rua do café para encontrar Charli e Elisa, mas não as encontro nem no café, nem na sorveteria, assim como Nessa.

Olho meu celular e há um recado preocupado de Charli.

"Onde você está? Não a encontramos no café, Nessa disse que você saiu muito esquisita. Tudo bem? Vou levar Elisa para a casa da Maria, ok?"

- Droga! - Digito rapidamente uma desculpa para Charli, dizendo ter ido ver algo em uma loja e que nos desencontramos. Entro no carro, indo para casa.

Sei que deveria ir buscar Elisa, mas como ela está segura na casa da avó decido aproveitar para ir para casa sozinha e tentar ligar para Alinna.

Estou tremendo quando finalmente me tranco no quarto e ligo para ela, que atende depois de alguns toques.

- Ei, irmã, que saudade! - Sua voz é animada e confiante. Fecho os olhos, respirando fundo para não explodir.

- Como pôde trair o Vinnie, Alinna?

- O quê?

- Não se faça de desentendida! Você sabe muito bem do que estou falando, ou preciso refrescar sua memória citando um tal de Kio?

- Oh - Alinna fica em silêncio do outro lado da linha. Deus, sua confissão nem precisava ser dita em voz alta.

- Que merda, Alinna! Como pode ter feito isto? Meu Deus! - explodo.

- Calma, não precisa gritar, por favor, eu... devia ter de contado.

- Devia? Devia? Não devia ter feito, isto sim! Eu tento achar desculpas para tudo de horrível que você fez! Tento entender que foi jogada jovem e imatura demais num casamento que não queria, que não estava preparada para ser mãe e não soube como fazer para mudar tudo. Juro que tentei entender e até te perdoar, mesmo depois de ver a forma relaxada com que tratava sua família, seus amigos. Todos tinham algo de horrível para dizer sobre você e seu comportamento. Mesmo assim, tentei entender. E perdoei. E mais, estou fazendo de tudo para mudar a sua reputação. Para consertar a vida de todas as pessoas que você destruiu com seu egoísmo e imaturidade, mas isso, Alinna? Não sei nem como tentar entender...

- Oh, Deus, Ali, me perdoa! - Alinna está chorando do outro lado da linha e percebo que também estou.

- Não é a mim que deve pedir perdão!

- Eu sei - ela diz baixinho. - Eu devia ter contado... fiquei com vergonha.

- Vergonha? Nem sei se acredito em você. Se tem algum sentimento de remorso em você...

- Eu nunca quis trair o Vinnie. Aconteceu...

- Esse tipo de coisa não acontece simplesmente.

- Eu me arrependi. Juro. Sei que não acredita, terminei tudo quando percebi que estava indo longe demais.

- Não devia nem ter começado.

- Eu sei! O Kio sempre deu em cima de mim quando éramos jovens, nunca quis nada com ele, então casei. Mas ele continuou me rondando de tempos em tempos...

- Você deveria ter resistido.

- Eu resisti! Mas... Ah, Ali, eu era tão infeliz. Sabe há quanto tempo não tinha um homem me olhando do jeito que o Kio me olhava? Me elogiando, me cortejando... Eu nem me lembrava mais como era.

- Você tinha o Vinnie.

- Vinnie não estava nem aí para mim! Vivia o tempo inteiro irritado, decepcionado ou me ignorando. Quando a gente transava, já não havia a menor graça, era quase que uma obrigação, sabe? Não havia paixão, ou envolvimento.

- Meu Deus, Alinna, você se apaixonou por aquele Kio?

- Não! Eu fiquei... empolgada. De repente era como se eu fosse adolescente outra vez, vivendo toda aquela emoção e paixão. E me deixei levar, apesar de saber que era errado.

- Não pensou no Vinnie? Que ele poderia descobrir?

- Acho que ele nem ia se importar, na verdade - ela diz com amargor. - Como foi que você descobriu? Meu Deus, o Vinnie descobriu também?

- Não. Nessa me falou sobre isso hoje, porque o tal Kio apareceu no café que estávamos e ficou flertando.

- Ele está noivo, achei que tivesse superado.

- Pois não superou. Ele estava acompanhado da noiva e sendo descarado comigo. Até me cercou em um beco e tentou me beijar.

- Que merda! Kio é muito sem noção.

- Fiquei morrendo de medo.

- Ah, sinto muito, Ali... Nunca pensei que o Kio fosse criar problema.

- Nessa disse que você até achou que Henry fosse filho dele.

- Graças a Deus estava errada. Na verdade, nem sabia de quem Henry podia ser, porém ele nasceu a cara do Vinnie.

- Minha nossa, como você pode conviver com isso? E se o menino fosse do Kio? Como iria ser?

- Não sei.

- Ah, Alinna - suspiro pesadamente - como pode querer consertar as coisas agindo deste jeito?

- Não sei se tem conserto, Ali - sussurra.

- O que está querendo dizer? Estou aqui por você, para que você volte e conserte tudo, você tem que consertar! É a sua família, seus filhos e seu marido.

- Ali, preciso desligar.

- O quê? Não.

- Estou no aeroporto, Avani está me chamando. Estamos indo para a Europa.

- Alinna, não desligue.

- A gente se fala depois. Seja forte. Prometo que tudo vai dar certo.

Ela desliga, deixando-me sozinha na linha.

✿ ✿ ✿

Não sei quanto tempo passo ali, estática, meus pensamentos dando voltas, sem saber o que fazer ou o que sentir.

Até que escuto a porta da casa se abrindo e me dou conta de que já está escuro lá fora. Levanto-me de um átimo abrindo a porta, e Vinnie está entrando com as crianças.

- Oi... Eu nem me dei conta do passar as horas - balbucio, e Vinnie me encara com ironia.

- Não seria a primeira vez.

Oh, inferno!

Olho pra Elisa notando que ela estava amuada e sem olhar para mim.

- Querida, me desculpe ter me desencontrado de você e Charli hoje à tarde.

Ela dá de ombros.

- Tudo bem. - Passa por mim, arrastando os pés e me sinto péssima. Sigo-a até o quarto.

- Ei, não fique chateada, prometo que não vai acontecer novamente, apenas fui ver uma loja e...

- Tudo bem, mãe - ela me corta, começando a se trocar para dormir.

Sinto meu peito apertado porque sei que para Elisa não está tudo bem.

- Que tal assistirmos um filme? Eu e você? - Arrisco um sorriso. - Faço até pipoca!

Ela dá de ombros, parecendo ainda chateada.

Eu me aproximo e a puxo pelo braço.

- Venha, você pode escolher o filme.

Deixo Elisa na cozinha e vou para o quarto de Stella e Henry. Vinnie está preparando o menino para dormir e Stella já está na cama, sonolenta.

Eu me aproximo, beijo seus cabelos, ajeitando a coberta e olho para Vinnie.

- Elisa ficou chateada comigo, juro que não tive a intenção.

Ele coloca Henry no berço e me encara.

- Nunca é sua intenção.

- Ah, Vinnie, sério que vamos voltar a isso? Foi só um acaso hoje - minto. Se ele soubesse o que realmente aconteceu... Melhor nem pensar.

- Você parece não se lembrar da quantidade de vezes que "acasos" te desviaram do seu caminho, fazendo-a perder a hora para compromissos comigo, ou com Elisa... Pensei que não fosse mais agir desse jeito.

- E não vou. Juro - murmuro, querendo desesperadamente que ele acreditasse em mim.

- Você está abatida - ele comenta de repente, estudando meu semblante e quase dou um pulo quando seus dedos tocam meu rosto. - Esteve chorando?

- Não, eu... - Suspiro. - Não foi nada.

Ele tira sua mão do meu rosto. Quero colocá-la lá de novo.

- Foi por causa do que aconteceu ontem? - ele pergunta, os olhos intensos presos nos meus. Ofego.

- Nada aconteceu...

- Fiquei o dia inteiro pensando e me perguntando se não deveria ter acontecido.

Oh, Deus. Sua voz adquire um tom baixo, profundo. Carente.

- Não devia.

- Você já foi melhor mentirosa.

Ele sai do quarto, deixando-me ali, respirando parcamente e com meu pulso acelerado.

O que foi aquilo? Vinnie disse num tom que dava a entender que só dependia de mim para algo acontecer, ou eu entendi errado?

Ainda atordoada volto para a sala e Elisa está no sofá, com Vinnie sentado ao seu lado.

- Papai vai assistir ao filme com gente! - Elisa diz toda animada.

Olho para Vinnie e ele me encara de volta, em desafio.

Ah merda, que jogo era aquele?

- Vou fazer pipoca.

- Deixe que eu faço! - Vinnie se levanta, afastando-se para a cozinha e consigo respirar um pouco aliviada.

Sento ao lado de Elisa que coloca o filme. Meu alívio dura pouco, pois Vinnie volta para a sala e senta do meu lado, passando a tigela de pipoca para Elisa.

Ele precisava sentar tão perto? Tento não sentir aquele cheiro único de cedro e homem que vinha dele, intoxicando meus sentidos. Então, de repente, sinto sua mão que estava no encosto do sofá, roçando meu braço.

Ah, já era demais.

Eu me levanto de um pulo.

- Preciso ir dormir.

- O quê? O filme começou agora - Elisa reclama.

Nem ouso olhar para Vinnie.

- Desculpe, querida, estou com dor de cabeça. Amanhã eu assisto, ok?

Saio praticamente correndo em direção ao meu quarto.

Quando fecho os olhos para dormir me pergunto se Vinnie teria coragem de aparecer de novo.

Mal posso pregar os olhos só de imaginar...

Sentimentos de repúdio e anseio se digladiando dentro de mim.

Quando acordo na manhã seguinte, percebo que meus medos foram infundados. Será que ele desistiu daquele jogo de gato e rato?

Eu deveria sentir alívio, no entanto só sinto decepção.

Quão ferrada eu estava?

Continua...

Notas Finais:

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Notas Finais:

➺ Essa Alinna não dá uma dentro em, pelo amor 🤦‍♀️

➺ Emfim, desculpa qualquer erro.

➺ Até sexta!

𝐓𝐡𝐞 𝐄𝐱𝐜𝐡𝐚𝐧𝐠𝐞 | 𝐕𝐢𝐧𝐧𝐢𝐞 𝐇𝐚𝐜𝐤𝐞𝐫 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora