Escrita com Alicia_Ruffo ❤
"O que acabou de acontecer?"
O questionamento pairava na cabeça de Maria depois de chegar ao quarto, poderia dizer que aquela não era ela e que nem sequer se reconhecia isso se pudesse pelo menos se encarar no espelho, o que seu constrangimento pelo acontecido na sala não permitia.
Um buraco para se enterrar não iria nada mal...
Quando subiu apressadamente os degraus da grande escada em direção ao quarto, que quase se viu tropeçando em seus pés, mas não havia outra alternativa, precisava sair dali o mais rápido possível. Com os mesmos pés incertos caminhou em direção ao banheiro, talvez um bom banho pudesse ajudá-la a resolver aquele problema que havia causado.
Maria sentou-se a frente do grande espelho de sua penteadeira, ainda usando o grande roupão branco depois de sair do banho. Seus cabelos escuros estavam úmidos e seu rosto - agora que ela poderia finalmente encarar o reflexo - ainda estava ruborizado como se tivesse acabado de sair da situação... Embaraçosa que havia acontecido no andar debaixo.
- Maria? - a voz de Estevão a assustou e como um impulso que ela não pode controlar, abaixou a cabeça e fingiu remexer a gaveta da penteadeira, tudo para que não tivesse que olhá-lo. Se sentia uma boba por estar tão constrangida depois de toda a situação, mas simplesmente não poderia evitar. - Desculpe, não queria te assustar. Bati na porta, mas acho que você não me ouviu.
- Tudo bem. O quarto é seu afinal. - Ela respondeu ainda sem olhá-lo nos olhos, e o tom de sua voz saiu mais baixo do que o planejado.
Estevão a observou, ela nem sequer ameaçava olhar para ele e parecia também estar empenhada em esconder seu rosto do homem, como se estivesse envergonhada.
- Maria, pode olhar para mim? - ele pediu a encarando e a viu parar de remexer nos objetos dentro da gaveta. A mulher engoliu em seco e suspirou antes de erguer a cabeça para olhá-lo.
Maria se amaldiçoou internamente por não ter conseguido manter o contato visual por mais de cinco segundos, por Deus o que havia com ela? Nunca foi tímida ou fácil de ser intimidada, mas, no entanto, temia que pudesse gaguejar caso se aventurasse a dizer algo, como um adolescente estúpida.
Poderia ter tentado olhá-lo novamente, mas sua atenção foi tomada pela folha branca amassada que ele carregava em sua mão, então como em um passe de mágica, ela pode encará-lo novamente. E Estevão vendo sua esposa se levantar com o mesmo olhar desconfiado e até um pouco ofendido de sempre, percebeu que a Maria de sempre havia voltado.
Interessante... A maneira como ela parecia deixar de lado suas fragilidades quando achava que precisava se defender.
- Estava mexendo nas minhas coisas? - ela o acusou em um tom passivo agressivo.
- Não. Você deixou isso na sala quando saiu, eu tive que tirar da boca de Felipe por que ele adora rasgar papel... Mas isso não vem ao caso. Maria, esse documento é real?
Maria pegou a folha das mãos dele, estava amassada e com um pequeno furo que ela presumiu ser dos dentes de Felipe. Deixou o documento sobre a penteadeira e cruzou os braços em seguida voltando sua atenção para Estevão.
- Por que não contou? - Estevão novamente indagou.
- Porque não aconteceu nada. - Ela rebateu rapidamente.
- Sim, aconteceu. A construtora quase foi roubada, eu sei que você é a presidente do grupo, mas eu e os outros acionistas tínhamos o direito de saber sobre isso. - Ele não parecia irritado ou com raiva enquanto falava, mas soava como um adulto repreendendo uma criança e Maria odiava. Odiava se sentir tola, odiava admitir que ele tinha razão. - A não ser que só eu não esteja sabendo. - Ele completou.
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Leve-me ao Seu Coração
RomanceEstevão San Roman passou uma boa parte de sua vida descontente com o mundo. Encontrou-se no olho do furacão de desordem que eram seus sentimentos até a chegada dela... Ela. Ele não sabia seu nome, sobrenome, endereço. Tudo que ele pode conhecer foi...