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- Por favor...

- Não.

Noah estava a postos, pronto para puxar o celular da minha mão caso eu apenas ousasse abrir o aplicativo de mensagens.

- É só um oi.

- Pelo amor de Deus, Millie Brown. Você é não idiota.

Olhei para Sadie.

- Ela disse que eu sou.

- Bem, as vezes você é mesmo - Admitiu. - E é só as vezes, então pelo menos agora, tente não ser.

Coloquei o celular em cima da mesa de centro e voltei a prestar no filme que passava na televisão.

Apoiei minha cabeça no encosto do sofá e comecei a massagear os olhos, tentando afastar meus pensamentos daquele idiota.

- Vai se ferrar - Noah começou a bater no controle. - Que internet de merda, você não mora numa padaria.

- O mundo está acabando lá fora, você acha mesmo que ela é boa para competir com essa chuva?

- Cadê os desenhos que você tem baixado no seu computador?

Pressiono ainda mais a palma das minhas mãos contra meu rosto.

- Não vou deixar você assitir - Falei. - Depois vai começar a se achar mais fã do que eu.

- Acha mesmo que eu vou me lembrar de alguma coisa? Seus desenhos são basicamente de garotas indo para mundos estranhos e desconhecidos e... AI MEU DEUS.

Tirei as mãos do rosto e logo entendi o motivo da gritaria.

- Que merda - Levanto do sofá e agito o celular para ligar a lanterna. - Não temos velas.

- Achei que você as usava para conseguir fazer o Finn ficar contigo.

Se as luzes não estivessem apagadas, ele teria visto minha cara de tédio.

- Histórias de terror! - Ele afasta a mesa de centro e coloca almofadas no chão. - Me conceda a Luz.

- Pega seu celular.

- Você sabe mesmo como acabar com a graça, não é? - O seu olhar se direciona para a guarda costas. - Senta aqui, desse ângulo você está parecendo um espírito.

Sadie se aproxima e senta ao meu lado, colocando os cotovelos apoiados na almofada e escutando Noah atentamente.

Desse jeito, ela está parecendo até uma adolescente normal agora.

- O ano era 1978... - Ele colocou a iluminação abaixo do seu rosto. - Tudo parecia normal, um acampamento de férias onde crianças e adolescentes iriam se divertir...

- Isso é...

- Silêncio! Nunca interrompa um contador de histórias - Suas mãos balançam freneticamente na frente do rosto. - E isso só seria possível se algo terrível não acontecesse...

- Uau, que horrível. - Faço uma falsa cara de espanto.

- Um adolescente comum, a vista de todos... O adorável Tommy... Que mais tarde cometeria um crime terrível...

- Noah, assistimos esse filme quinze vezes, eu não aguento mais.

- Então conta você, bonitinha - Ele se irritou e desligou a lanterna do celular. - Vamos, estou esperando.

Fico encarando a sala escura, pensando no que eu contaria agora que interrompi o falatório de Noah.

- Está bem, eu não sei nenhuma - Suspirei. - E agora, pode continuar contando?

Killer • SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora