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- Por favor, você pode ir logo com isso?

Olhei para cima e os pingos de chuva acertaram meus olhos, fazendo eles queimarem.

- Sadie!

- Espera.

Meus ombros estão prestes a desabar. Isso vai acontecer caso ela não saia de cima deles nos próximos dez segundos.

- É... - Ela segura no telhado para dar apoio e escorrega seu corpo até sentar sobre meus ombros. - Me deixa ali naquele muro.

Caminho até lá com dificuldade, mas quando finalmente chegamos eu sinto um alívio enorme.

- Consertou? - Perguntei.

- Não. - Deu ombros.

- NÃO? - Olhei para ela, talvez fosse uma piada.

Não era.

- Você é inacreditável.

Limpei meus pés no carpete molhado e peguei sua toalha, enxugando meu cabelo.

- Por que diabos não usa a sua própria toalha? - Sua silhueta aparece na entrada.

- A sua estava mais fácil.

A porta é fechada e, de repente, seu vestido está no chão. Ela faz isso com a maior naturalidade e caminha até a cozinha.

O sofá me parecia a opção mais confortável nesse momento, e, depois de quase um mês, não consigo me acostumar com esse tapete que eu dormia.

Sadie trabalha em alguma coisa no fogão e no momento estou concentrada na goteira que fez nossa televisão pifar. A maldita goteira que nos fez ir até lá fora e... Não resolver nada.

Encosto a cabeça no sofá, entediada de contar quantos pingos aquela goteira já exibiu.

- Quando vai arrumar? - Pergunto, me referindo à televisão.

- Nunca.

- Tá de brincadeira? Você tem esse celular de sei lá, incio dos anos dois mil? Já é alguma coisa.

- A goteira não é minha culpa.

- Posso usar seu celular? Só quero mandar um e-mail.

- Não, não pode - Ela pega o celular do balcão e após ver alguma coisa, fica nervosa. - Risca as paredes ou... sei lá.

A xícara em suas mãos está sendo segurada mais forte, seus olhos se fixaram na parede.

- Você está bem?

A porta que anteriormente só fazia barulho por conta da chuva, agora está emitindo um som de batidas.

- Elizabeth.

Minha primeira reação é correr até a porta, mas Sadie me segura e me empurra para o quarto.

- Eu vou gritar se não me deixar ir embora.

- Acredite - Ela fala enquanto procura algo para cobrir minha boca. - Não vai querer falar com ele.

Tento fazer com que as cordas se soltem dos meus pulsos, mas seu nó forte não permite.

Com as pernas livres, caminho até a fresta lateral da porta, que me permite ver o que está acontecendo.

- Por que está aqui, Elizabeth? - Um homem pergunta enquanto olha ao redor.

- Férias. Estou livre. - Sua resposta é curta, ela está olhando para a porta do quarto.

- Vou sentir saudades - Sua voz saí quase como um sussuro. - O que será de mim sem Elizabeth?

Killer • SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora