Killer • Sillie

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Olho para as paredes brancas descascando e imaginando como uma criança cresceu aqui.

Tipo, é óbvio que eu não imagino que tenha sido fácil... Mas aquele Ryan, sei lá? Aquele cara não parece ser muito paternal.

Meu pai... Um homem morto agora.

Faz duas semanas que aconteceu mas eu encaro como se fosse apenas um pesadelo que me acordarei a qualquer momento.

Sinto meus olhos pesados e com certeza tenho bolsas em baixo deles. Não gosto disso, tento dormir o máximo que posso e até ganhei um travesseiro que só serve quando dobrado pelo menos cinco vezes.

O cheiro de café está se espalhando pela... Casa, eu acho. A chaleira faz um som insuportável, e hoje é um dia nublado, abafado até demais.

Por um momento eu imagino o que estaria fazendo caso estivesse em meu quarto num dia assim. Provavelmente deitada na cama com o ar-condicionado ligado no dezesseis enquanto assistia um filme e tomava sorvete. Depois eu me cansaria e iria descer até a piscina, onde ficaria nadando sozinha pela água fria e tomando refrigerante com bastante gelo.

Encosto minha cabeça nos joelhos e encaro o chão, imaginando que estou num jardim e aqui é uma grama. Isso é interessante, na verdade.

Quando eu tinha minha vida normal, meus dias eram resumidos a ver séries, filmes, ler alguns livros recomendados por Noah — E geralmente eles eram bem ruins, eu confesso. No geral, sem tempo para imaginação. Mas desde o fim da semana passada, tenho imaginado coisas que não existem, tentando escapar dessa realidade de merda.

Ou apenas eu esteja ficando maluca e caso sobreviva, irei parar num hospício.

Sadie se sentou na minha frente com os joelhos dobrados, assim como eu. Ela colocou uma xícara de café e um prato com biscoitos ao meu lado.

- Eu não tomo café.

- Então coma os biscoitos. - Sugeriu.

Fico encarando ela com a sombrancelha arqueada.

- O que foi? Não quer os biscoitos também?

- Não consigo usar as minhas mãos, sua imbecil - Bufei e então respirei fundo. - Ok, desculpa.

Sadie deixa a xícara de lado e pega um dos biscoitos, provando ele enquanto olha fixamente para o chão.

- Parece bom. - Ela repentinamente coloca um deles na minha boca, fazendo com que eu me engasgasse.

- Porra. - Apontei com a cabeça para a xícara ao meu lado, já que minha garganta ficou irritada.

Depois de beber um gole do café, aparentemente estou normal de novo.

Olhei para algumas gotas que caíram na minha camisola e finalmente criei coragem para pedir o que estou procrastinando há dias.

- Sadie - Chamei, ela olhou para mim mas desviei porque simplesmente não consigo encarar seu olhar. - Eu preciso... Preciso de uma roupa de frio.

Ela soltou uma risada nasal e se levantou balançando a cabeça.

Achei que não traria, mas em pouco tempo eu senti algo contra minhas costas, e assim que me virei vi um short de cintura alta uma blusa regata branca.

Suas mãos gélidas entraram em contato com meus pulsos amarrados e estou livre de novo. Pego as roupas e entro no banheiro que está abafado do mesmo jeito, por culpa dos banhos quentes que Sadie toma todas as manhãs.

Olho meu reflexo no espelho e minha teoria se confirmou. Olheiras.

Finalmente me livro daquela camisola que passou a ser desconfortável e visto o shorts e a blusa, que se contrasta com o meu top branco. Penduro a peça de roupa antiga em um dos ganchos e molho meu rosto antes de sair.