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Escuto passos e gritos do lado de fora do quarto. Segurei o lençol com força, tentando entender o que estava acontecendo enquanto meu corpo lutava para continuar deitado. Sento na cama e olho para a fresta da porta. Um claro está vindo de lá, porém minha observação para de forma instantânea quando escuto um grito fino.

Minha... mãe?

Coloco os pés no chão frio e me convenço a sair e saber o que estava acontecendo.

Porém, assim que chego até a maçaneta, ouço um disparo, e o grito... Parou. Não há mais gritos. Agora só consigo sentir as batidas descompassadas do meu coração, que parecia querer sair do meu peito.

Com as pernas e mãos trêmulas, abro a porta lentamente e caminho até a escada, onde seguro forte no corrimão enquanto tento entender o que aconteceu.

Há sangue no carpete, muito sangue. Coloco as mãos na frente da minha boca e tento descer as escadas, mas barulhos de passos me fazem recuar.

Enquanto caminho sem olhar para trás — a fim de ver pelo menos a sombra de alguém lá em baixo — Sou envolvida pelos braços de alguém, que me segura forte.

Olho para cima e Sadie estava colocando o indicador na frente da boca, sinalizando para que eu fizesse silêncio.

- FOI VOCÊ - Começo a tentar me soltar dos seus braços. - O QUE VOCÊ F...

Sua mão é colocada na frente da minha boca, e mesmo que eu morda, ela não tira.

- Sadie? - Uma voz masculina gritou lá de baixo.

Eu não entendia o que estava acontecendo, mas tenho certeza de que aquela garota era responsável por aquele sangue.

- Me solta. - Minha voz saí abafada, ela dá passos para trás e só para quando chega até meu quarto.

- Fica calada. - Uma faca é pega do seu bolso e apontada para mim.

Ela começa a olhar ao redor, e então pega um bichinho de pelúcia, colocando na minha boca.

Eu não conseguia me mexer.

Quando segurou minha mão, Sadie colocou a faca na diagonal e começou a fazer um corte na palma. Tento recuar meu braço enquanto mordo aquela pelúcia com tanta força que sinto toda minha boca doer. Ela segura ainda mais forte e quando sinto o corte chegando no meio, a dor fica ainda mais insuportável. Aperto meus olhos e meu grito é abafado pela pelúcia.

Seu olhar está focado na palma da minha mão, onde ela termina de cortar e então junta sua mão na minha.

- Fica calada. - Com a palma suja, ela direciona suas mãos até seu rosto e seus braços, que logo estão repletos de sangue.

Eu não conseguia olhar para minha mão dolorida, o quarto estava escuro e o rosto de Sadie estava repleto de sangue. O meu sangue.

Fechei os olhos pensando que tudo isso era um pesadelo, mas assim que abri, a porta estava se abrindo e ela caminhava com a maior tranquilidade.

- Onde ela está? - A mesma voz perguntou.

Tento parar com o barulho que minha boca está emitindo e me deito no chão, colocando minha cabeça perto da fresta da porta.

- Morta. - Sadie respondeu.

- Eu quero ver aquela cara de patricinha toda cortada - Os passos começaram a se aproximar. - Quero ver um buraco de bala bem na sua testa.

Eles estavam vindo até o quarto.

Olhei para minha mão cheia de sangue e comecei a passar pelo meu rosto e pela camisola que estava usando. Minha respiração é algo que não estou conseguindo controlar no momento, mas fechei meus olhos e fiquei deitada no chão.

Eu deveria estar morta.

A porta e aberta e conforme os passos se aproximam eu sinto meu coração acelerar.

- A polícia tá vindo.

- Eu sei, Elizabeth - Senti um chute contra minhas costelas. - Eu sei...

- E você não acha melhor...

- Olhe para esse rosto - Ele Interrompeu Sadie. - Você não acha... Angelical?

- Ryan, a poli...

- CALA A PORRA DA BOCA - Sua voz ecoou pelo quarto. - Você quer mais uma? Ainda tem a outra perna.

Suas mãos soltaram meu rosto, ele se levantou.

- Ela ainda está respirando - Falou. - Eu quero que ela fique igual aqueles dois filhos da puta lá em baixo. Morta.

Seus passos se afastaram.

- Preciso cuidar das coisas naquele escritório.

A porta foi batida, e quando abri os olhos Sadie estava correndo até mim.

Ela amarrou uma blusa na minha mão e em seguida molhou um pano com álcool.

- Não faz isso... - Eu tentava recuperar minha voz aos poucos. - Não faz...

Sem falar mais nada, o pano foi colocado na frente da minha boca e nariz. O cheiro forte me fazia ficar sufocada e eu tentava me soltar, mas ela pressionou com mais força e então... Minha visão escureceu, a força do meu corpo começou a se esvair.

Killer • SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora