ERICK
Acabei de sair da casa de Daniel e me sinto de boas com o mundo. Depois daquela situação que acabei optando em fingir que não ouvir, pois não sabia como agir, tudo ficou tranquilo entre o Daniel e eu.
Eu sei que não vou poder ignorar sempre o que ouvi, mas pretendo pelo menos até quando souber o que fazer. Eu não contei para Daniel que naquele dia mais cedo eu tinha ficado com um homem, até hoje, isso nunca tinha acontecido e não posso dizer que foi algo estranho, o que de fato não foi, mas não foi algo que gostei, apenas aconteceu.
Até hoje, nunca me imaginei ficando com outro homem, sempre me senti hétero, mas quando Daniel se declarou para mim eu olhei em seus olhos e por um instante eu pensei em beija-lo. Ainda mais ele me olhando como estava. Daniel é bonito, mesmo que ele não veja isso e ele tem um jeito tão inocente que passa um charme.
Mas não sei, entendo que não tenho problema com minha orientação sexual, sempre fui bem tranquilo e nunca fui bitolado sobre "não posso isso", se eu sinto atração e a outra pessoa também, então pronto. Só que o maior problema é que eu já vivi muita coisa e não quero que Daniel faça parte disso, nem mesmo indiretamente. Sei que se eu acabar me envolvendo com ele, terei que abrir o jogo sobre o que faço e não quero que ele se envolva nesse mundo.
Chego em casa e meu pai não chegou, eu quero alguma novidade. Meu celular continua apitando, é o carinha de mais cedo, ele queria que eu fosse se encontrar com ele de novo, me ofereceu mais dinheiro, mas não queira deixar o Daniel sozinho. Mas agora... ele me mandando uma nova mensagem dizendo que pagava quatro vezes mais e eu sei que se eu negociar ele pagaria até mais. Eu sei que é perigoso sair agora e falo para ele isso. Logo uma mensagem aparece na tela dizendo que ele me pegaria onde eu quisesse e que iríamos passar a noite no motel.
Anda cara, bora, não deu para curtir tudo que eu queria no almoço, quero curtir de noite. Amanhã te deixo onde você quiser.
A mensagem reluz na tela, eu estou sozinho e sei que esse dinheiro seria bem-vindo ainda mais agora. Eu preciso de dinheiro para ir embora no fim do ano.
Respondo avisando que tudo bem que em meia hora encontraria com ele no mesmo lugar, me sinto mal marcando, mas preciso do dinheiro. Amanhã vou direto para a escola, então já jogo uma blusa de uniforme na mochila, não posso faltar e deixar Daniel na mão, apenas por isso.
Tomo um banho e desço, já passa das 23:00, mas nem sinal do meu pai, se eu não dormir em casa é capaz dele nem ligar. Quando ele chega, ele sempre capota no sofá sem se preocupar se estou em casa ou não.
Saio rápido pela rua, não quero que ninguém aqui me veja e comece a se perguntar onde estou indo e logo chego no centro. O carro está parado no mesmo lugar da hora do almoço e quando eu me aproximo o cara abre a porta. Entro rápido e ele me encara.
_ Muito bom, você veio. Vamos para o motel do centro e olha se abaixa quando entrarmos. Eu sei que você não é mais de menor, mas nunca se sabe quem pode ver. E chegando lá, o esquema é o mesmo. Você me obedece e recebe o combinado. E nada de fazer corpo mole. Eu quero a noite toda. Se você quiser um remédio para ter energia eu tenho.
_ Não valeu. - digo, pois não uso drogas. Nunca usei e não vou começar agora. Ele quer que eu aguente a noite inteira eu vou aguentar.
O carro segue e entramos no quarto de motel, deixo minha mochila na cadeira e já o sinto vindo até mim.
_ Anda, eu paguei e quero me exercitar e não enrolar - diz ele já me levando até a cama. Ele me empurra e eu caio nela e o sinto vindo até mim. Cada toque, cada momento. _ Ótimo, quero que você faça tudo que eu mandar e que comece agora. Eu sigo o que ele quer e aos poucos ele vai se empolgando. Como mais cedo, me desligo um pouco dos pensamentos e apenas faço aquilo que ele quer, mas diferente de antes eu começo a curtir tudo que está rolando. Em um momento penso em Daniel e a imagem dele vem em minha cabeça com força me confortando enquanto tudo acontece.
Aquela noite irá ser longa, mas Daniel irá está comigo...
Abro meus olhos e o sol começa a entrar pela janela, de fato, a noite foi muito longa. Meu corpo todo está doendo e ao meu lado o cara está dormindo. A luz reflete seu corpo e eu o reparo. Ele é bonito, tem um corpo todo definido e está apenas usando a cueca Box preta que ontem a noite ficou longe do corpo dele.
Eu me pergunto o que um cara desses está tendo que pagar um acompanhante. Ele poderia ter qualquer cara que quisesse.
Me levanto da cama procurando o meu celular e o vejo no chão, já são 6 horas, a aula começa às sete então corro para tomar um banho. Preciso me arrumar. Cada passo que dou meu corpo grita de dor, o cara realmente se segurou ontem de dia, pois durante a noite ele me destruiu e só parou quando eu disse que já não aguentava mais. Ele parou, mas avisou que iria descontar as horas, concordei, porque não ia aguentar mais.
_ Onde você vai? - pergunta ele acordando.
_ Tomar um banho, eu preciso ir para aula.
_ Relaxa eu deixo você lá perto. Mas antes eu quero mais um pouco. Vamos.
_ Não da tempo.
_ Anda logo, dá tempo sim. Vem. Se você topar eu não desconto o valor que disse . - diz ele já tirando a cueca. Respiro fundo e vou até ele.
De fato, ele me deixa perto da escola, mas quando saio do carro sei que não vou conseguir prestar atenção em nada. Ele me entrega um bolo de dinheiro e me avisa que irá me procurar de novo.
Entro na escola e me sento na última carteira, meus olhos estão fechando, mas consigo prestar atenção na aula e quando meu celular apita eu vejo uma mensagem do Daniel me deixando um bom dia e aquela mensagem me faz sorrir. Me concentro na aula, pois alguém precisa de mim, tem alguém nessa vida que precisa de mim e eu não vou o decepcionar...
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O Garoto da Minha Rua
Roman d'amourDurante anos ele foi apenas o garoto da minha rua, mas por conta de um imprevistos nós começamos a conversar. Para ele não era nada demais, mas parafraseando uma clássica canção: "por ele eu carregava uma paixão".