ERICK
Saio da casa do Daniel ainda sem acreditar no que aconteceu, o cliente que vinha me enchendo é tio do Daniel e ele voltou para ficar.
Viro na rua que salvei Daniel no início da semana, uma data que parece tão longe já.
_ Quem diria hein, o mundo é tão pequeno. Você é amigo do meu sobrinho e estuda com meu irmão. Foi por conta do Daniel que você não quis me encontrar ontem a noite? Ele te paga pra você foder com ele? Porque foi poucos minutos de conversa e ficou claro porque meu maninho deve pegar no pé dele. Ele é viado. Nunca pensei que alguém da minha família fosse gostar de dar o rabo. - diz Alex parado em frente ao seu carro.
_ E você não é não? Aliás, o Daniel pelo menos não precisa ficar pagando ninguém. Ele é incrível e um homem mil vezes melhor que você.
_ Eu não, eu não sou gay. Eu apenas pago para comer uns caras, sempre tem uns viadinhos dispostos né? Ainda mais que dinheiro nunca foi problema. E bem que você gostou. E qual foi, fiquei esperando você ontem. Se quiser ir agora, ninguém vai saber, ainda mais que para todos os efeitos você vai está na escola. Vamos lá, olha aqui como eu estou. - Alex aponta para sua calça e a segura.
_ Valeu, mas não posso. Eu preciso ir para a aula e copiar a matéria para o Daniel e também ando querendo parar um pouco com os programas. Não ando muito bem.
_ Sei, algo me diz que isso tem tudo haver com o Daniel. Ele sabe o que você faz? Imagina se ele soubesse que você dar o rabo por dinheiro. Não deve ser algo que ele vai aceitar né? Meu sobrinho parece ser todo certinho. Todo filhinho da mamãe.
_ Cala a boca! Deixa eu ir para a escola que já tá na minha hora. - me viro para sair e Alex me segura pelo braço.
_ Se você continuar me ignorando, você vai pagar. Entendeu? Eu fui o primeiro a te comer, não fui? Então você é meu, entendeu? Conheço vários como você, já peguei vários como você durante os anos e ninguém para de encontrar comigo até eu me cansar da pessoa. E...
_ Algum problema aqui? - diz Fernando se aproximando.
Alex me solta e diz que não, ele entra no carro e avança indo embora. Eu ainda fico sem ação.
_ Erick, você está bem? Me fala a verdade. Quem era esse?
_ Fernando, eu estou bem por sua causa. Esse cara é tio do Daniel e... - viro o rosto para baixo, pois não vou conseguir encara - lo e contar isso. _ e ele foi uma das pessoas que eu transei em troca de dinheiro - digo sem o encarar.
Sinto quando a mão de Fernando vai até o meu rosto e o levanta.
_ Erick, você realmente se prostitui? E por que esse cara tá te incomodando.
Conto tudo para Fernando, eu não consigo segurar mais e narro toda a minha história, desde o primeiro programa até o que aconteceu com Alex. Fernando ouvi em silêncio tudo.
_ Ou seja, seu pai não te ajuda em nada. E você precisou fazer o que fez e aí você me fala que ele simplesmente viajou e falou que volta amanhã e agora tem esse doido falando nerds para você?
_ Isso, e tem algo a mais, mas você não pode contar para ninguém. O Daniel e eu estamos meio que começando algo. E eu não quero mais fazer o que faço. Só que agora tem esse doido que é tio dele e que a gente vai sempre se ver. E eu não sei até quando ele vai ficar nessa.
_ Erick, eu posso tentar de ajudar com o Alex. Agora, você sabe que precisa ver como vai ficar com seu pai. Ele não pode simplesmente sumir assim. Se eu concordo com o que você fez, não, mas dona Maria me ensina muito todos os dias. Então não vou te julgar mais.
_ Fernando, não tem muito o que fazer quanto ao meu pai. Eu já tenho 19 anos, você sabe disso. Fiz recentemente, mas já fiz. Não sou menor de idade, então meu pai não tá nem aí. Para ele se eu sumir é mais fácil. Eu só quero que esse ano termine, quero sair de Ponte Nova, só não sei como vai ser agora. Já que o que eu fazia para ter dinheiro, eu não farei mais.
_ Erick, vamos para a escola e eu vou dar um jeito de te ajudar. Só fiquei firme ok?
Confirmo com a cabeça e sigo para a escola, mais um dia...
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O Garoto da Minha Rua
RomanceDurante anos ele foi apenas o garoto da minha rua, mas por conta de um imprevistos nós começamos a conversar. Para ele não era nada demais, mas parafraseando uma clássica canção: "por ele eu carregava uma paixão".