Primeira impressão ao ver Nathaniel McCullen: simpático, bonito, gentil com o pessoal da turma, deve ser legal.
Primeira impressão ao falar com Nathaniel McCullen: riquinho debochado — mais bonito ainda de perto — filho de capeta e de uma rapariga.
Eu, obviamente, não sabia que ele era popular quando cheguei à Sweet Amoris. Fui descobrir isso mais tarde, no dia seguinte, ao ver como ele era tratado por algumas pessoas. E Rosalya, que assim que me viu veio falar comigo, me confirmou isso.
No meio da aula de geografia uma bola de papel caiu em minha carteira, observei ao redor para tentar descobrir quem havia jogado. O infeliz olhava em minha direção com um sorriso de canto que eu posso dizer que já odeio. “Desdobra o papel” foi o que ele disse apenas mexendo os lábios, e que lábios, meus amigos.
Foca, Gabe!
Voltei a focar na aula até ele virar para frente também, e só então, curiosa, desdobrei a folha de caderno.
Sério, que vontade de fazê-lo engolir isto, foda-se se ele tem o rostinho bonito!
TROUXA! Estava escrito em letras enormes, ocupando a folha inteira e em negrito.
Ergui o olhar furiosa e como se sentisse que eu estava olhando, virou para trás rindo. Idiota.
[...]
Já era intervalo e Ariana me contava como Castiel havia falado com ela para pedir um lápis.
— Gentil.
— Como? — Praticamente berrei deixando minha batata frita cair sobre o pratinho.
Castiel Collins Veilmont é um dos carinhas populares. Ele normalmente está com Lysandre Crawford, e Lys é super fofo e educado diga-se de passagem — já falei poucas vezes com ele —, mas acontece que o dito cujo em questão também vive perto de Nathaniel. A amizade deles é engraçada. Curiosa eu diria, porque os dois se “odeiam” e Castiel tem cara de menino mal de verdade, que dá medo só de receber um olhar dele. O ruivo-não-ruivo raramente fala com alguém além dos amigos e nas poucas vezes que o ouvi falar com alguém não foi, digamos, de maneira amigável.
— Sim, acho que ele não é tão grosso como maioria pensa. — Ela sorri abrindo a mochila tirando de lá sua necessaire.
— É, pode ser. Não o conhecemos direito. — Dei de ombros. Ou ele só pode ter sido um pouco legal porque pediu um lápis emprestado pra uma moça bonita.
— Esse é o pensamento. — A de cabelo azul piscou um de seus olhos negros. Ariana faz parte da população que tem olhos extremamente pretos. — Mas veja só, ele é amigo do Lysandre.
— E?
— Vai que por dentro, por trás daquela pose de bad boy de filme clichê, ele é um cavalheiro vitoriano.
— Adoro essas suas fantasias. — Gargalhei.
— O que você quer dizer, hein, dona Gabe? — Ela para de passar a máscara de cílios pra me encarar. Acho que esqueci de citar, mas Ariana Evans é muito vaidosa, sendo confundida até com uma patricinha qualquer dessa escola, mas só nós sabemos o quanto ela pode ser violenta sem descer do salto. Todos os dias agradeço ser amiga dela. Eu é que não quero arrumar briga com a Ari e sair com o braço quebrado. Fica a dica, migos.
— Nada. — Fiz bico.
— Te encontrei, garota! — Meu bico murchou quando ouvi a voz de Ambre atrás de mim. — Vá para minha casa esse fim de semana.
— Fazer o trabalho?
— Não. Para brincar de maquiar uma a outra, fofocar sobre garotos e tomar chá com biscoito. — Ela revirou os olhos depois de falar tudo com falsa animação — Claro que é pro trabalho, pra quê mais seria? — Sem esperar resposta ela saiu esbanjando sua boa pose.
— Espera! Ambre! Merda, não me ignora. — Bufei cruzando os braços.
— O que foi? — Ari pergunta guardando todas as suas coisas na mochila.
— Você sabe onde ela mora?
— Não...
— Pois é, nem eu.
— Não é só você perguntar o endereço a ela?
— Eu tentei.
Apoiei o cotovelo a mesa e o queixo na palma da mão. E agora? O que eu... Lógico, Gabe, sua burra! Ela anotou seu número aqui.
— Isso! — Ari se sobressaltou e me chamou de doida — Vou mandar uma mensagem.
Tiro o aparelho do bolso da calça e procuro o contato da Ambre, não demoro a acha-lo mandando em seguida uma mensagem perguntando seu endereço. Olha só, rápido e prático.
— Pronto.
— Cheguei, amores! — Rosa aparece sorridente.
— Onde você estava? Saiu e não disse nada. — Ari pergunta vendo Rosalya sentar do meu lado.
— Fui encontrar o meu namorado lá fora. Nós vamos sair hoje à tarde. Ele me trouxe isso. — Ela pôs uma caixa de chocolate em cima da mesa, tirando um e apontando para cada uma pegar um também. Assim fiz. Adoro a Rosa! — Disse que veio trazer o bloco de notas que o Lys havia pedido e aproveitou pra me ver. — Ela sorri toda boba.
Leigh, namorado da Rosalya, é irmão mais velho de Lysandre, por este motivo eu já falei com o Lys, e nessas vezes eu estava com a Rosa.
— Hum... — Ari suspira de olhos fechados – Preciso achar um boy que me traga chocolate do nada igual o Leigh faz com você. — Rosa e eu rimos.
— Então, do que vocês estavam falando antes? — A platinada indaga.
— Do Castiel. E... Espera, ele não me devolveu o lápis. — Minha amiga fez bico.
— O Castiel? Bom, só o que tenho a dizer dele é que às vezes ele tá de TPM e às vezes a TPM tá nele. Mas é um cara legal. — Fiz careta não entendendo nada. — Vi a Ambre aqui, o que ela queria?
— Ela veio avisar a Gabe do trabalho.
— É, vou na casa dela esse final de semana. — Cruzo os braços.
— Por falar em Ambre, acho que alguém está nos devendo um babado? — Rosa estreita os olhos pra mim.
— Que babado?
— O que Nathaniel te disse? — Fiz uma cara pensativa.
— Nada de mais, mas algo me diz que eu não terei paz. — Deixei meu corpo cair sobre a mesa, com tédio.
O sinal bateu indicando que o intervalo havia acabado. Guardei o celular, que estava em cima da mesa, no bolso. Rosa pôs uma mão em meu ombro antes de levantar.
— Boa sorte na casa dos McCullen, então. — Assinto — Não esquece de nos contar tudo.
E então minha ficha caiu.
McCullen. Casa de Ambre McCullen. Ambre é irmã de Nathaniel... Nathaniel McCullen. Caralho!
Olhei para Ari que também pareceu entender.
Neguei com a cabeça olhando de olhos arregalados da azulada para a platinada, elas afirmaram e começaram a andar de volta pra turma.
Então além de me infernizar na escola vai me infernizar na casa dele também?! Ai, fala sério!
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Stay Now
FanfictionO que dizer da minha vida? Que sou a típica garota quase excluída da escola, que tal? É, é exatamente isso. O pior é que isso muda totalmente quando uma das garotas mais populares desse lugar e eu tivemos que fazer dupla em química, e eu, sem querer...