Ah, não

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"Sobre: Gabriella Bannett

Imaginável, vendo que mesmo antes de nos conhecermos foi fácil entender que ela tem um azar que eu não gostaria de ter, e ela não gostava de mim, mas eu havia gostado da ideia do trabalho, para irritá-la apenas.

Eu a achava divertida e meio doida, mas conforme os dias foram passando, não era apenas isso que Gabriella me mostrava, eu conheci um lado que só os mais íntimos tem. Quando a vemos, sabe-se que ela é muito tímida, só que por trás disso existe uma garota perfeitamente trouxa, que, como todo mundo, tem suas dificuldades, mas ainda assim consegue arrancar boas risadas de quem quer que esteja com ela, tem uma mente maluca e criativa, um jeito tão, mas tão aleatório que só me faz gostar mais da chata, distraída, brincalhona, Gabe... E isso me alivia, seu conceito sobre mim acabou mudando. E, bem, eu nunca disse que tinha algo sobre ela. Esse trabalho fez com que nos aproximamos, nos divertimos muito, e nada impede de não continuar assim. Acho que devo agradecer esse trabalho e a minha irmã por ter servido de ponte pra eu falar com uma pessoa que tinha vontade, mas algo, talvez meu orgulho e o ciclo social que me envolve, tenha a culpa. Idiotice, eu sei que não dá pra acreditar muito, então confesso que tinha um pouco de vergonha e pra oculta-la, de início achei que implicar daria certo, e sim, talvez algum dia eu diga isso a ela. Só talvez.

De: Nathaniel McCullen."

É mais ou menos a quinta vez que leio esse texto feito pelo Nathaniel. E, infelizmente, ele leu o meu. Não que tenha algo que eu desejo esconder, fui totalmente sincera escrevendo aquilo, mas, sei lá, vergonha?

Ontem, na aula, assim que me toquei que aquela síntese havia sido feita por ele, no mesmo momento olhei pra trás, ele tinha a mesma expressão que eu. E deu de ombros, o que eu entendi como "lê essa merda aí". Eu li, li de novo em casa, e de novo, e de novo, agora mexendo nas minhas coisas para pegar o livro de biologia, acabei lendo de novo. Por algum motivo isso me faz sorrir. Também é engraçado o fato de tanto ele quanto eu agradecemos a porta do meu armário e a testa da Ambre, depois a professora, claro. Mas o que me deixou surpresa foi ler que ele sabia que eu existia antes de tudo isso, e até queria se aproximar.

Ainda não falamos sobre isso, porém pretendo.

Guardei o texto, para poder focar na aula. Passou devagar igual meu cérebro processando uma equação. Quando finalmente acabou, nós fomos pro refeitório.

- Vou na casa de vocês hoje. - Rosa fala.

- Pra quê?

- Falar com os nossos pais, ué. – Alexy respondeu à pergunta do irmão.

Eu só observava mesmo, tava mais preocupada em comer, nem tomei café da manhã por que dormi demais.

- Gabe. – Olho pra Rosa. – Acha que seus pais deixam?

- Vocês são responsáveis por mim. Sou menor ainda.

- Nossa bebê. – Alexy fez biquinho pra mim.

- Então, minha mãe deixaria. Meu pai, eu não sei, não.

- Ele está em casa hoje?

- Acho que só lá pras duas da tarde.

- Vamos comer na casa da Ari, e depois vamos na casa de vocês. Pode ser, Ari?

- Vou falar com a minha mãe. – disse já pegando o celular.

- E eu com a minha... – olho pra Ari. – Arianinha linda do meu coração, pede pra minha mãe, please! – juntei as mãos sorrindo fofa. Ela riu.

- Peço. – Ela digitou no celular – Ela tá online. Respondeu.... – Me olhou – Ela deixou.

Rosalya bateu palmas.

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