Capítulo 2 - Colégio Álvares De Azevedo

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Dia 12 de janeiro de 2014, lá estava eu na rodoviária, o ônibus que pegaria já estava pra sair e eu mim despedia da minha mãe e minha irmã.

- Vá com Deus, meu filho. - minha mãe mim diz quase chorando. - não se esqueça de sua mãe. - ela diz.

- vou te ligar todo dia, mãe.

- Tchau - minha irmã diz discretamente, meio sem querer demonstrar que vai sentir minha falta. Eu respondo da mesma forma, na minha família não temos muita facilidade de demonstrar carinho, quer dizer, só minha mãe mesmo.

Eu coloco um pé na entrada do ônibus, dou uma última olhada para trás, não estava deixando tanta coisa para trás, em minha despedida apenas minha mãe e irmã, meu pai não estava lá, ficou cuidando da loja de produtos rurais que agente tem em frente a nossa casa, meu pai trabalhou lá por muito tempo até que o dono resolveu vender e ir embora, então meu pai comprou, a gente vivia praticamente disso, para mim não era bastante. Eu já havia me despedido do meu pai em casa, uma despedida meio fria também, não é que eu não goste do meu pai, mas mais demonstrações de carinho por parte dele, eu acho que poderia ter feito muita diferença em mim.

Depois de pensar um pouco, eu dou um último aceno para minha mãe, viro o rosto e entro no ônibus. Eu sentei lá no fundo, coloquei fones no ouvido, não dá nem pra dizer quantas músicas eu ouvi, fui de Aerosmith, Bon Jovi, Guns N' Roses, até Coldplay, Linkin Park, Fall Out Boy, em fim, a viagem foi longa.

Ainda tive que pegar outro ônibus, depois fui direto pro Rio, chegando lá meu irmão me esperava na rodoviária. Meu irmão tinha vinte e dois, tinha a mesma altura que eu, cabelos e olhos escuros.

- Demorou né? - meu irmão diz.

- É, mas finalmente eu cheguei.

- vamo. - Ele disse.

Eu monto na garupa da moto dele e nós vamos pra sua casa, ou melhor, nossa casa.

Dia 03 de fevereiro de 2014. Já estava adaptado a nova casa, quer dizer, apartamento. Finalmente chegou o dia do início das aulas, mas eu não sabia o que esperar de lá. Depois do almoço meu irmão me levou até a escola, mas foi só no primeiro dia, porque eu não sabia onde ficava.

- é aqui. - meu irmão diz parando em frente ao colégio Álvares De Azevedo.

Eu entro e lá fiquei meio perdido para encontrar minha sala, mas não queria perguntar pra ninguém, por sorte um cara percebe e diz: - qual é sua série e turma?

- é... a... terceiro ano... B.

- ah, vem comigo, agente vai ser colega de classe.

- posso saber seu nome?

- não.

- ah, desculpa.

- é brincadeira cara, claro que pode, mas antes de perguntar o nome de alguém, você deve se apresentar primeiro.

-ah, claro, eu me chamo Gabriel.

- Otávio... é o nome do meu pai, então eu sou o Junior. - Junior era da minha altura, ele se vestia como um mauricinho, cabelo meio loiro, liso e penteado pro lado esquerdo.

Nós entramos na sala, ele senta numa cadeira e diz: - senta do lado, acho que eu finalmente encontrei alguém pra conversar, se bem que você não parece ser do tipo que fala muito.

- você diz isso por que não me conhece ainda.

Eu sentei perto dele, "comecei bem", eu pensei, parece que eu já tenho um amigo. Amigo é uma palavra bem relativa, tem gente que diz que é seu amigo e quase nem falam com você, pra mim essas pessoas são apenas conhecidos, por isso nunca tive amigos, só conhecidos, quer dizer, tinha um garoto, quando eu era criança, Doni, ele era meu amigo, mim salvou de várias brigas, ele era meio sério, estranho, mas era legal comigo, mas ele foi embora a muito tempo, nem sei por onde anda agora.

Aos poucos, os outros alunos foram chegando, Junior foi mim falando sobre cada um que chegava.

- olha, aquela ali é a Babí. - ele disse enquanto uma garota bonita e animada entrava pela porta já falando com todo mundo. Babí era uma garota de cabelos castanhos e um corpo de dar inveja a qualquer uma.

- Oi Juninho! - ela diz se aproximando de nós.

- Oi, tudo bem? - Junior responde.

- tudo. Quem é o carinha aí?

- ele é...

- Gabriel Anje, muito prazer. - eu digo.

- Gabriel Anje? Gabriel já é nome de anjo e com esse sobrenome então... - ela diz.

- coincidência. - eu disse.

- então vou te chamar de anjo, anjinho.

Ela senta lá no fundo também, só que mais pro meio da sala, eu e Junior estávamos num canto.

- ah não, esse cara ainda vai estudar comigo. - Junior diz ao ver um cara alto e forte entrando na sala.

- e aí Juninho, não cansou de apanhar, não? - o cara diz.

- dá o fora Caô, nós já somos adultos, esse negócio de bullying é tão infantil. - Junior fala.

- tu cala tua boca, quer apanhar já na entrada.

- calma gente. - eu disse.

- e quem é tu mermo?

- eu me chamo Gabriel, eu sou novo aqui.

- e isso te impede de levar uma surra?

Babí corre até ele é diz: - calma Caô, vem sentar aqui, eu não já falei pra você deixar o Junior em paz.

- desculpa minha linda, eu prometo que eu vou deixar ele em paz.

Depois chega um rapaz alto, cabelo curto e olhos escuros, ele usava roupas de cores tristes e tinha uma cara de poucos amigos. Junior fala com ele: - Oi Dani.

Dani responde: - eu já não disse pra você não falar comigo? Você é surdo?

- legal esse cara êi. - eu disse com um ar de sarcasmo.

Junior então diz: - ele era meu amigo desde a infância, mas à algum tempo ele se afastou e então ficou assim. Ele era meu melhor amigo.

Junior estava triste, eu notei isso nos olhos dele.

Então aparece uma garota de cabelo preto com uma listra roxa na frente, usando roupas pretas, combinava perfeitamente comigo.

- aquela é a Jude, ela é legal, mas é meio fechada. - diz Junior.

Jude sentou no outro canto no fundo da sala, sem falar com ninguém. Eu mim interessei por ela logo de cara.

Depois chegou uma garota linda, ruiva, olhos verdes, pele bem clara, delicada como uma princesa. Ela senta bem ao lado de Junior " entre o Junior e a Babí ". Ela o cumprimenta: - Oi Junior, tudo bem?

- Oi Nichole, tô bem e você?

- ótima.

Nichole tinha um sorriso lindo e uma voz suave, era encantadora. Enquanto ela conversava com sua amiga, Babí, eu disse ao Junior: - você não vai me apresentar à ela?

Junior: - Nichole, esse é o Gabriel, o novo aluno.

- Olá Gabriel, eu sou a Nichole, muito prazer.

- o prazer é todo meu. - eu digo sorridente e meio sem jeito.

- você pode chama-lo de anjo também. - diz Babí.

- anjo? Por quê? - Nichole pergunta.

- é que meu nome é Gabriel Anje, aí ela me botou esse apelido.

- é, você parece com um anjo, é simpático, parece ser um cara legal, do tipo que não faz mal a ninguém, um verdadeiro anjo.

O Anjo - Vidas & MortesOnde histórias criam vida. Descubra agora