Manhã de domingo, dia 20 de Abril de 2014.
- por que você me chamou aqui? - eu pergunto.
- vamos começar o seu treinamento aqui. - Doni responde. Estávamos na praia de Copa cabana, sol quente, muitas pessoas, o Rio de Janeiro... realmente lindo.
- treinamento?
- as mulheres são diferentes, então não dá pra te dizer como você conquistar uma mulher de modo geral, então você vai praticar aqui, onde você pode encontrar garotas de todos os tipos. Você só precisa conseguir o telefone de cinco garotas até o meio dia.
- cinco? Mas se eu quiser conseguir o telefone de uma garota, eu preciso de tempo para conversar com ela.
- ah, só pra lembrar, elas têm que ser pegáveis.
- pegáveis?
- é, ela tem que te dar esperança de que possa acontecer algo e... elas não podem pensar que você é gay, ou que quer ser apenas amigo.
- por que elas pensariam que eu sou gay?
- quer que eu responda?
- a primeira vai ser aquela loira ali. - eu aponto pra uma garota loira de cabelo curto e olhos castanhos, usando um biquíni cor-de-rosa. Eu vou até ela. - oi. - eu digo.
- oi. - ela responde. - desculpa, eu conheço você?
- Gabriel Anje. Agora você conhece.
- Elisa. - ela me estende a mão e eu aperto.
- eu não tive como não perceber o quanto você é linda.
- ha não, cara, eu não tô afim de...
- você tem namorado?
- não... e nem quero.
- Ótimo, eu também não tô afim de nada sério no momento.
- então, você veio só me dizer isso?
- eu não quero nada sério, mas se você me der seu telefone, a gente pode marcar algo... nada sério, mas a gente pode se divertir.
- então você acha que eu sou do tipo de garota só para se divertir?
- não, eu acho que você é do tipo a se levar a sério, mas você disse que não quer, então... eu espero, até lá a gente se diverte.
Ela entorta os lábios, levanta as sobrancelhas, pensa e finalmente dá um sorrisinho e diz. - anota aí.
Os outros quatro números não foram difíceis, até o meio dia eu já tinha conseguido seis números.
- Elisa, Marina, Clara, Lúcia, Viviane e... Ruth, uma a mais do que você me pediu. - eu digo ao Doni.
- você conseguiu, agora é a segunda parte, aparência. - ele diz.
- aparência? Como assim?
- vamo ter que cortar esse teu cabelo.
- meu cabelo? Por quê? Eu prefiro assim, tava até querendo que ele crescesse mais. - meu cabelo era castanho escuro, liso, caindo no lado esquerdo do rosto.
- seu cabelo tá ótimo... pra um Rockeirozinho adolescente, não para o nível Helena Brande.
- vamo pro salão?
- eu tava pensando em eu mesmo fazer isso.
- nem um amador toca no meu cabelo.
No salão de cabeleireiro, quando meu cabelo estava sendo cortado eu sentia como se algo mais estivesse sendo cortado, uma parte de mim, alguém que eu fui estava deixando de ser.
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O Anjo - Vidas & Mortes
Misterio / SuspensoVocê alguma vez já se sentiu isolado, como se a sua vida não tivesse a menor importância? eu já. Mas eu cansei, eu decidi mudar a minha história, eu percebi que se as pessoas não gostam de mim, por que eu deveria ter pena delas, eu descobri que e...