30°

3.1K 182 2
                                    

Recebi muitas ligações. Abri os olhos com dificuldade e fui ver o horário.

4:00 AM

Me sentei na cama vendo a barra de notificação.

27 ligações perdidas de Arthur.

Me apressei el ligar de volta.

Eu: Arthur?
Arthur: Finalmente!ㅡ ele estava ofegante, sua voz estava diferente, mais rouca ㅡ Me desculpa te acordar, mas...ㅡ sua voz falhou e logo em seguida deu lugar a um suspiro.
Eu: Arthur? Tá tudo bem?
O silêncio de dez segundos só confirmou que não estava.
Eu: onde você tá?
Arthur: Eu acho que de frente ao seu prédio. ㅡ respondei baixinho.
Eu: Tô descendo!

Levantei rápido passando a mão pelo cabelos bagunçados e me arrependi ao sentir minhas ondas se enroscando em meus dedos.

Fui até o banheiro e escovei os dentes, lavei o rosto e voltei para o quarto. Vesti um moletom qualquer e corri até o lado de fora do meu apartamento, chamando o elevador.

Pobre elevador. Cliquei mais de mil vezes naquele maldito botão! Parecia uma eternidade.

Quando finalmente a porta do elevador se abriu, eu saí dele procurando com os olhos o Arthur.
O vento frio que vem da praia logo atrás do edifício fez com que minha pele se arrepiasse, meu queixo batesse, e minhas mãos tremessem.

Mas isso tudo foi esquentado com o olhar de Arthur... Ou não. Não tinha a mesma intensidade.

Algo muito sério havia acontecido.

Me aproximei rápido e meu coração se apertou ao ver seus olhos vermelhos, seu corpo rígido e sua posição que não era normal para o Arthur do dia dia que eu conhecia.

Sophie: Ar-

Ele me abraçou forte. Muito! Até demais!

Meu corpo doeu, mas eu não reclamei... Ele precisava disso. A tensão em seus ombros sumiram e eu pude escutar sua fungada sendo seguida por um suspiro de alívio, mas ainda sim angustiante.

Sophie: O que houve?!ㅡ me afastei um pouco para ver o seu rosto.

Involuntariamente minhas mãos, que estava quentes, procuraram suas bochechas gélidas e úmidas, o que o fez arfar.

Arthur: Me perdoe, Sophie... Eu não deveria ter te acordado.ㅡ trincou o maxilar ㅡ Acho que estou desesperado.

Sophie: Tudo bem, eu não vou trabalhar amanhã... Agora, vamos subir.

Arthur: E Ray?

Sophie: Ela não está.

Ele hesitou um pouco mas foi.

Abri a porta e o apartamento e deixei que Arthur entrasse. Ele foi até a varanda onde abriu o enorme vidro e se sentou em uma das cadeiras fofinhas lá.

Tranquei a porta e fui até ele.

Sophie: Você está congelando.ㅡ ele não me respondeu.

Fui até meu quarto e procurei cobertores quentes. Peguei dois e voltei; abri uma e o passei por Arthur.

Sophie: Tem chocolate quente aí. Ray ama fazer. Quer?

Ele me olhou. Eu não soube decifrar o seus olhar... Era mais calmo, mas ao mesmo tempo havia dor.

Arthur: Não, obrigado.ㅡ respirou fundo e fechou os olhosㅡ Meu pai faleceu.

Arregalei os olhos. Quê?!

Sophie: C-como?! Ele estava se recuperando, não?

Arthur: Sim, ele estava... Eu... ㅡ ele engoliu em seco temendo ㅡ Foi infarto, encontramos ele morto anteontem.

Sophie: Como eu não fiquei sabendo disso? Nem Josh?!

Arthur: Você estava trabalhando, eu não queria te atrapalhar. Josh sabe, mas eu implorei para que ele não te contasse. Por isso sumi nesses dois dias... Eu estou sem chão. Tenho que comandar tudo sozinho, minha mãe está em um luto profundo e eu tenho que ser forte por ela. Não chorei. Em nenhum momento, Sophie... Mas hoje ela me esfregou isso na cara, disse que depois de...ㅡ parou de falar e corrigiu parecendo se arrepender ㅡ Disse que eu era frio e sem sentimentos, que não sou capaz de amar ninguém. Ela tem razão em boa parte. Não é isso que me fere e sim o fato de que eu nem me despedi. Nem falei sobre os meus planos, e nem lhe dei orgulho. Eu era o seu único filho. Como pude ser tão cego?

Essa é a primeira vez que Arthur quase se abre pra mim, pois eu sinto que ele ainda me esconde algo quando corrigiu a sua fala. Mesmo assim, fiquei quieta com a minha mão sobre a dele, o incentivando à continuar.

ㅡ Depois disso, é como se todo o meu passo voltasse. A diferença, é que antes eu não tinha ninguém que me tratasse como você está me tratando agora. E chorar em sua frente não é algo que, eu não sei como , me envergonha... É libertador.ㅡ o que tanto tem nesse passado de Arthur que o atormenta?

Quando eu percebi que ele não ia falar mais nada, quebrei o silêncio.

Sophie: Eu sinto muito mesmo, Arthur... Se eu pudesse, tirava toda a sua dor e colocava em mim.ㅡ e era verdade. Ver Arthur assim me destroçava por dentro, completamente.ㅡ Ao mesmo tempo que fico grata em saber que se sente bem desabafando pra mim. Saiba que eu me preocupo com você e que sei o quanto você sente pelo seu pai... Talvez, esse seu bloqueio emocional, seja consequência do passado, não sei o que aconteceu, mas isso te prejudicou muito. Espero que fique bem. Aliás, você vai ficar, porque eu estou aqui pra te apoiar no que der e vier, certo?

Ele ficou quieto me encarando.

Sorri fraco e me aproximei beijando a sua bochecha, já estava seca.

Sophie: Vamos entrar, você pode ficar gripado.ㅡ lhe dei um breve abraço antes de levantar. Arthur me puxou com seus braços firmes e me apertou ainda mais contra o seu corpo.

Arthur: Meu Deus... Você não existe, Sophi.ㅡ sussurou com a cabeça enterrado em meus cabelos ㅡ Eu te..ㅡ hesitou parando de falar bruscamente ㅡ E- eu também sou grato por te ter.

Sorri e me afastei um pouco analisando seus olhos magníficos, agora acobertados por um brilho sem igual.

Sophie: Vamos entrar.ㅡ ele assentiu e nós entramos após recolher as cobertas.









O Meu Amor Por Você ( Terminada)Onde histórias criam vida. Descubra agora