𝐕𝐢𝐳𝐢𝐧𝐡𝐨 𝐁𝐚𝐫𝐫𝐚 𝐏𝐞𝐬𝐚𝐝𝐚 - [𝐂𝐨𝐧𝐜𝐥𝐮𝐢́𝐝𝐚]

21

Confesso que, estava um porre aquele trajeto, ainda mais comigo quase sendo esmagada entre os dois bancos, morrendo asfixiada com a fumaça dos cigarros que os dois tragavam de meia em meia hora, sem contar com as arrancadas que Draken dava me fazendo dar com a cabeça na lataria. No fim de tudo tudo, o silêncio entre esses dois  era o mais agonizante, enquanto ambos se mantinham tranquilo ao som de músicas aleatórias. 

Se podia ter um pouco da visão de Manjiro, podendo observar o moreno a fumar mais outro cigarro, me fazendo crer que seu pulmão entrou em luto permanente.

Ele tragava em uma paz, soltando a narinas logo fumaça por suas as esfregando com a outra mão livre, como se tivesse sinusite. Sua atenção estava voltada para a vista que devia estar tento da janela a seu lado, até Draken desligar o som. 

- Eu estava curtindo a música, porra! - exclamou, totalmente incrédulo zangado com a atitude do amigo.

- Estava, falou certo. - disse Draken, rindo. 

Manjiro bufou, ligando som novamente, e outra vez Draken o desligou. Com fúria o moreno encarou ele, que só ficava a rir. 

- Eu vou apagar esse cigarro no teu olho, se desligar essa bosta outra vez. - ameaçou, em tom alterado. 

Outra vez ligou o som, podendo curtir um pouco da música antes de novamente Draken o desligar. 

- Caralho, está fodendo com surda? - gritou, agora fazendo o amigo se abrir na risada. 

Eu estava a achar essa implicância dos dois engraçados, queria tirar as mãos da minha boca e rir alto assim como Draken, mas precisei me controlar. 

- É tão fácil te irritar, Mikey. - admitiu, contendo a risada aos poucos, enquanto o moreno se encontrava vermelho de raiva. - Calma, cara, ou terei que voltar para S/n te acalmar daquele jeitinho. 

- Daquele jeitinho que gosto, daquele jeitinho gostoso que a tenho em minha cama. - sorria para o nada, pensamentos perversos. 

Okay. Confesso também, que meu corpo todo se estremeceu com a forma que Manjiro falou de mim. Tarado. 

- Kenzinho, você amava a Emma? - questionou, virando o rosto para fitar Draken.

- Sim, você e todos sabiam disso. Mas por que a pergunta, cara? - Não podia ver, mas deduzo que olhou o moreno.

Manjiro, suspirou profundamente desviando sua atenção para a janela a seu lado, pondo o braço apoiado na mesma e a mão segurando seu queixo. Ele estava com a cabeça longe, me instigando o que estaria a pensar. 

- Eu amo S/n, mas tenho medo de Ihe contar a verdade e a perder. Fui muito burro por ter deixado me envolver assim, ter observado ela mais do que devia... 

Meu cérebro gelou, não conseguindo captar mais nenhuma informação sequer. De duas coisas eu tinha real certeza, que Manjiro me ama, mas que esconde segredos de mim, sobre mim. 

- Você devia espancar Mitsuya então, pois ele quem mais fez de tudo para ambos se pegarem. Mas me diga aí, tu se arrepende de estar com a garota? - voltou a encarar Draken. 

Fiquei atenta em Manjiro, esperando por essa resposta assim como Draken, mas óbvio, eu quem estava mais eufórica para isso. 

- Não. Eu amo a S/n, e em meio a tudo isso ela é a única coisa real. – respondeu, deixando-me perplexa. 

Ah! Como ele é amorzinho quando quer. 

- Então, abra o jogo de uma vez, antes que outro chegue primeiro e fale. Você sabe a quem estou me referindo, não é? - parei de sorrir, ficando atenta e séria. 

- Sim. 

Droga! Achei que iria falar o nome da pessoa. 

(...) 

- Preciso fazer xixi. Aproveite e compre umas cervejas pra matar a sede. - disse Draken, logo batendo a porta do carro ao sair. 

Outro cigarro Manjiro acendeu, permanecendo por um tempo dentro do veículo aproveitando as músicas. 

- O que será que S/N anda aprontando? - sorria para achando que estou na base ainda. - Aposto que tagarelando como sempre, fazendo muitas perguntas a Chifuyu. Coitado, deve estar querendo a morte. 

Ria sozinho, enquanto a mim estava me sentindo culpada por enganar ele dessa forma, fazendo pensar que estou lá e não a aqui. 

- Espero que ele esteja a respeitando, e não de gracinhas para o lado da minha pirralha. – ficou sério do nada, imaginando coisas. 

Por pensar demais, acabou dando um chute no carro, antes de abrir a porta e sair. 

Finalmente, posso me esticar. Comemorei exausta, saindo do cantinho me jogando nos bancos. Deitando como mereço, esticada. 

Fiquei uns minutos assim, esquecendo de verificar onde já estamos. Sentando rapidamente, aproximei minha cara do vidro da janela, percebendo que é o mesmo posto de abastecimento que contém um mercadinho, a mesma parada que fizemos aquela vez que tentei fugir dele e de Mitsuya. 

Caraca. Isso faz uma década já. 

- Cadê eles? - apertei meus olhos  devido o vento de areia que tinha do lado de fora, impedindo-me um pouco de os achar. 

Nada. Nem conseguia ter uma visão de Manjiro dentro do mercadinho, muito menos da sombra de Draken. 

- Vou sair, isso sim. 

Assim fiz, indo com cautela na direção do mercadinho, porém, atenta caso um deles apareçam do nada. 

Após entrar, peguei um dos bonés que estavam expostos a venda, pondo em minha cabeça, seguido de um óculos escuro que estava a venda também. Disfarce tosco, mas vai que der certo como nossos filmes. 

- Vai, gatinho. Me dê seu número. - do outro lado da prateleira, escutei essa voz enjoativa. 

Não iria espionar, mas curiosidade é meu segundo nome. 

Arrastando uns produtos para o lado, pude ter a visão de um homem com os cabelos pretos, que lógico era meu namorado, e a sua frente estava uma loira carregada de maquiagem na cara. 

- Vou pedir a última vez com educação. - disse, ficando impaciente como sempre. - Vaza da minha frente, caralho, que eu não te pego nem de graça. 

Essa é forma dele educada, de pedir por favor com carinho. 

- Pelo menos é fiel. - murmurei baixo, esbarrando em algo que caiu para o lado deles. – Ops! 

Devolvendo o boné e óculos, sai correndo para me esconder do lado de fora do mercadinho, esperando minutos passarem até ter a certeza que ninguém me viu. Nisso, voltei para o carro antes deles, que logo adentraram com sacolas em mãos as quais jogaram no banco de trás.

- Comprou aquele biscoito que gosto? - perguntou Draken, dando partida no veículo. 

- Sim, biscoito bob esponja. 

Encarei a sacola de imediato, vendo o biscoito a centímetros da minha cara. Rápido peguei em silêncio, abrindo com cuidado para não fazer sequer um barulho e, logo devorando todinho. 

Sinto muito, Draken, mas você merece mais que isso. 

(...)