Seis dólares

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Meredith Grey

Já era o fim de semana, sábado para ser mais precisa. Eu e Donna queríamos aproveitar aquela noite numa boa boate da cidade. Eu só tinha que ir até o banco de manhã para sacar dinheiro. O idiota do meu ex marido havia me convencido a ter uma conta conjunta e tive que cancelar todos os meus cartões de crédito, já que eram ligadas à ela. Até eu fazer outros, precisava do dinheiro em mãos.

O Central Bank de Nova York era o maior e mais bem visto do estado. Não pensei duas vezes antes de transferir minhas finanças para lá. Fui até o prédio principal, um lugar com vinte andares, onde o térreo era usada para receber clientes como em qualquer outra agência bancária.

Fui até um cash livre e conferi o meu saldo. Estranho, estavam me faltando seis dólares. Sei que as vezes o banco retirava alguns centavos das contas dos clientes, mas eram só isso, centavos. Nunca quebrei a cabeça com isso em Los Angeles. Mas caramba, seis dólares? Isso era o preço de um café com rosquinha!

— Porra nenhuma que eu vou deixar vocês me tirarem seis dólares! — resmunguei enquanto andava em direção à parte de atendimento nos fundos.

Peguei uma senha e fiquei esperando. Surpreendendo um total de zero pessoas, a fila de espera caminhava como uma lesma presa em um velcro. Eu respirei fundo tantas vezes que achei que ficaria tonta. Foram exatas duas horas até a minha vez chegar.

— No que posso ajudar? — a atendente parecia bem sem ânimo, como uma múmia.

— Seis dólares sumiram da minha conta e eu não me lembro de ter retirado um só centavo desde que transferi o meu dinheiro para cá. — tentei ser o mais calma possível. Eu jamais surtava com as pessoas, não gostava de descarregar esse tipo de energia negativa, por mais que talvez eu estivesse brava.

— Preciso dos seus dados. — dei todos os meus dados e ela olhava para o computador enquanto digitava. — Ok, senhorita Grey. Isso acontece devido aos benefícios que o banco oferece ao governo. É comum sumirem poucos dólares das contas, mas eles podem ou não serem reavidos.

— "Podem ou não"? Então eu posso ou não ter os meus seis dólares de volta? — franzi a testa.

— Exatamente. — suspirou com tédio.

— Pois eu acho melhor que esse dinheiro retorne agora! Em Los Angeles, eram apenas centavos!

— As políticas públicas mudam de acordo com o estado.

— Eu sei disso, não sou burra! — aumentei o tom de voz. Respirei fundo e fechei os olhos. — Quero falar com o seu gerente.

No auge da sua contínua falta de vontade, ela pegou o telefone e falou com alguém, depois me pediu para eu me dirigir até uma sala específica.

Conversei com o gerente que até tentou ser mais receptivo que a atendente, mas fechou a cara depois de repetir o mesmo que sua funcionária havia me dito umas três vezes. Agora sim eu fiquei histérica.

— Eu quero falar com o seu superior! — bati o punho na mesa.

— Bom, o chefe do meu setor está...

— Não! Não o chefe do seu setor, mas o presidente desse circo!

— Quer falar com o nosso CEO por causa de seis dólares? — arqueou a sobrancelha.

— Eu sei o que está pensando. Sim, eu sou louca! — gritei. — Eu quero ver o seu presidente!

— Desculpe, mas... — ele parou de falar e prestou atenção em seu fone, esses que são usados em empresas para manter a comunicação à distância. — Ele tem certeza? — perguntou para a pessoa do outro lado da linha. — Como quiser. — tornou a me olhar. — Senhorita Grey, queira me acompanhar. O presidente deseja te ver.

Bitter SweetOnde histórias criam vida. Descubra agora