"Troca" de bebês

205 22 180
                                    

Meredith Grey

Meu celular recebeu inúmeras ligações naquela noite e todas foram completamente ignoradas. A maioria era de Will e seja lá o que ele quisesse me dizer, eu não estava com cabeça para me concentrar em nada ou me desesperar com alguma coisa. E dada a sua insistência, eu podia crer que o assunto era importante, mas eu de fato preferia responder apenas quando me sentisse pronta para me concentrar no assunto.

Meu celular tocou mais uma vez quando eu estava tentando ir dormir e eu ignorei de novo. Dei uma breve espiada na tela e uma notificação de mensagem chegou. Era o Andrew.

"Eu sinto muito por hoje e sinto muito por pedir tantas desculpas o tempo todo. Tenho que sair da cidade com a Amber por um tempo. Não se preocupe, está tudo bem. Te vejo depois?"

Sair da cidade no meio da madrugada? Isso não era nada normal. O que estava acontecendo? Tentei retornar a ligação, mas caiu na caixa postal. Também tentei ligar para a Amber, que estava com o celular desligado. Minha última alternativa era a Carina.

— Ah, Meredith! Oi.

— Oi, Carina, desculpe ligar tão tarde, é que o Andrew disse que iria sair da cidade com a Amber. Está tudo bem?

— Sim, sim. Não se preocupe. O Andrew tem esse velho costume de preferir sair na madrugada quando as estradas estão mais vazias. Entende?

— Sim... eu acho.

— Ok, eu preciso ir agora. Até breve! — e ela desligou sem esperar resposta, quase como se estivesse com pressa.

Eu tinha uma intuição forte e agora ela estava me deixando um pouco preocupada. Tinha algo errado, eu sabia que tinha. E essa ideia não iria me deixar dormir, então achei melhor levantar e ir até a cozinha tomar uma xícara de café.

Quando cheguei lá, avistei Harvey sentado à mesa, tomando café e lendo um livro maior do que qualquer livro que eu me prestasse a ler em toda minha vida.

— Boa madrugada, coruja! — eu disse ao começar a me servir.

— Olá, Meredith. Noite ruim? — olhou-me por cima dos óculos.

— Mais ou menos. E você?

— Eu costumo dormir tarde, então aproveito para ler, estudar...

— Você não assiste Netflix? — franzi a testa.

— Eu não sou um robô. — riu.

— Às vezes parece que sim.

— O que aconteceu?

— As coisas estão meio confusas em relação ao Andrew, mas eu não quero falar disso agora. Que tal irmos até o terraço do prédio ver as estrelas? A gente aproveita e faz uma oração.

— Mer, à essa altura do campeonato você já deveria saber que eu sou ateu.

— Você não acredita no universo?

— Sim. Como um espaço imenso, a vácuo, científico e inconsciente.

— Ai, que ceticismo chato! — revirei os olhos. — Você olha as estrelas e eu faço uma oração.

— Menos mal. — fechou o livro e ficou de pé.

Com nossas xícaras em mãos, nós saímos do apartamento depois de vestirmos nossos casacos e fomos até a escada do terraço. A noite estava mais densa do que eu esperava e o ar frio batia em nossos rostos bem forte, jogando meus cabelos com violência para trás.

Bitter SweetOnde histórias criam vida. Descubra agora