A Voz Dela

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Meredith Grey

— Só pode estar de brincadeira! — Amber berrou depois de Andrew vencer a terceira partida. — Não é justo, você está usando suas habilidades de mercado financeiro pra ganhar!

— Cada um usa as armas que tem. — Andrew empinou o nariz enquanto contava as notas falsas do tabuleiro. — Me deve duzentos e cinquenta dólares.

— Isso é um quarto da minha mesada. — Amber estreitou os olhos.

— Você ganha mil dólares de mesada? — arregalei os olhos.

— Dada a sua expressão, acho que eu não vou ganhar mais. — ela disse com desânimo.

— A gente pode negociar. — eu disse. — Que tal trezentos dólares?

— Meu Deus, eu tô ferrada. — resmungou.

— Relaxa, eu vou continuar a te dar. Esse mês com um reajuste de 25%, é claro. — Andrew disse, usando as notas falsas como um tipo de leque.

— Você não precisa sustentar a Amber, eu posso fazer isso. — falei e então os dois me encararam antes de trocarem olhares.

— Por favor, Mer, não me faça ter que levar o almoço de casa ao invés de comprar no refeitório do colégio como todo mundo faz. — ela me olhou com súplica.

— Eu posso pagar o seu almoço! — eu ri nervosamente. — Mas aqueles valores...

— Oh céus... — Amber balançou a cabeça negativamente.

— Você não precisa fazer isso. — Andrew pousou a mão sobre a minha perna. — Ainda posso pagar tudo o que for referente ao colégio.

— O seu pai já se dispôs a pagar a mensalidade.

— Ele o quê? — arqueou as sobrancelhas. — Ele sabe que não precisa fazer isso. — bufou. — Eu cuido de todas as despesas.

— Bom, assim não vai sobrar muita coisa pra mim, não é? — falei tentando soar despreocupada. — Você a criou por quinze anos, tudo o que ela sabe sobre caráter já está aprendido. Se você pagar as contas dela, eu vou ser tipo uma colega de quarto e não uma mãe.

— Ser pai ou mãe vai muito além de sustentar. — ele disse. — A Amber tem quinze anos, tem muita coisa nesse mundo que ela não sabe. E tem muita coisa que só uma mãe pode ensinar.

— Tipo proteção sexual? — assim que fiz essa pergunta, Andrew arregalou os olhos e Amber começou a rir alto.

— Ah... Er... Eu.. — ele começou a gaguejar. — Não é hora pra isso. — ficou sério. — Ela tem quinze anos.

— Eu engravidei aos quinze. E adivinha? Meus pais nunca conversaram comigo sobre sexo.

— Mas ela... ela... — é, ele estava nervoso. — Ela não tem um namorado. — apressou-se em dizer. — Tem? — olhou para Amber.

— Eu? — Amber desviou o olhar. — Talvez.

— Como é que é? — franziu a testa.

— Relaxa, eu tô brincando. — tornou a rir.

— Muito engraçado. — Andrew ironizou.

Ouvimos a porta da frente ser destrancada e olhamos os três para lá. Harvey entrou enquanto Donna se apoiava em seus ombros. Ela estava com os sapatos nas mãos, parte do vestido rasgado, totalmente descabelada e com o canto da boca sangrando.

— Meu Deus! — arregalei os olhos. — O que aconteceu?

— Uma piranha achou que podia falar alto comigo. — ela respondeu, a voz um tanto quanto arrastada. — Ela ficou bem pior, pode apostar.

Bitter SweetOnde histórias criam vida. Descubra agora