Filosofia de vida

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Meredith Grey

Comecei o meu dia sendo chamada na sala da diretora e pela expressão da secretária que foi atrás de mim, o assunto não era nada bom. Apertei meu colar de mandala durante todo o trajeto até estar diante da porta da diretoria.

Ouvi uma discussão, uma outra mulher cuja voz eu desconhecia parecia bastante descontente com alguma coisa. Aliás, descontente era apelido, ela estava furiosa.

— Com licença. — eu disse abrindo apenas uma fresta.

— Você. — a mulher que eu reconheci logo de cara resmungou. Lana cerrou os olhos para mim e se manteve quieta agora que eu estava presente.

— Algum problema? — perguntei para a diretora.

— Você presenteou a Isabela Evans com esses cristais? — a diretora me perguntou calmamente. Sobre a mesa, estavam os cristais que eu havia dado para Bela.

— Sim. — respondi um pouco incerta.

— Não deveria ter feito isso.

— Não entendo. Por que não?

— Porque não pode doutrinar alunos com a sua religião! — Lana vociferou.

— Não é uma doutrina e muito menos uma religião. — a encarei.

— Agora a minha filha fala sobre universo, medita e acende aquelas varetas fedorentas pela casa! Eu não pago uma fortuna aqui para vocês enfiarem ideologias goela a baixo da minha filha! — seu rosto estava vermelho e ela me encarava como se quisesse me bater.

— Não é ideologia. — tentei manter o tom calmo. — É uma filosofia de vida.

— Achei que você fosse professora de artes!

— Eu só estava tentando fazer com que a Bela ficasse mais relaxada, só isso. Deve ter noção de que a sua filha anda com a cabeça cheia de coisas, ela faz coisas que não deveria. Os cristais e a meditação podem acalma-la.

— E quem você pensa que é pra opinar sobre como a minha filha se sente? — ela caminhou até mim e parou em minha frente. — Os outros pais não vão gostar muito de saber que temos uma professora maluca tentando manipular as crenças dos nossos filhos.

— Eu não sou maluca. — não costumava me importar quando alguém tinha essas opiniões sobre mim, mas o jeito desprezível com o qual ela me olhou me fez sentir ferida.

— Espero que vocês sejam responsáveis e não permitam mais isso. Se quiserem demiti-la, será até melhor.

— Não é necessário demitir ninguém, senhorita Evans. — senhorita? Ela não era casada? Droga, eu estava prestes a me dar mal e mesmo assim deixava minha curiosidade aguçar. — Meredith, a partir de hoje não quero que passe nenhuma das suas crenças ou nada do tipo para os alunos. Também não quero saber de cristais, incensos ou semelhantes no meu colégio.

— Espera, eu não posso carregar cristais nos MEUS bolsos? — fiquei boquiaberta. — Isso é discriminação, você sabe.

— Meredith, não dificulte as coisas. — ela suspirou. Não parecia que ela queria mesmo fazer aquilo comigo, era só um jeito de deixar Lana tranquila. — Também não utilize nenhum apetrecho que possa ser ligado à sua filosofia de vida. — olhou para os meus acessórios.

— São só acessórios.

— E eles não tem nenhum significado especial? — arqueou a sobrancelha.

Eu soltei um longo suspiro, retirei o meu colar de mandala, retirei as pulseiras que representavam a tríplice lua e também retirei meus anéis que continham símbolos ligados à bruxaria natural. Os guardei no bolso do meu casaco e depois ergui a cabeça e engoli o bolo que se formou em minha garganta. Eu não podia ser fraca e chorar na frente delas.

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