Raio de Sol

149 16 92
                                    

Andrew Deluca

Não foi nenhuma surpresa para mim ser acordado por uma ligação de Bela no meio da madrugada entre o sábado e o domingo. Esse era o momento em que ela mais gostava de irritar sua mãe e eu sempre ia resolver as coisas e impedir que Lana gritasse com a filha até acordar a cidade inteira. O que me deixou surpreso foi saber onde ela estava.

Meredith tem se colocado demais no meu caminho e no começo eu comecei a ficar irritado com isso. Ela viu o que não deveria ver e tinha a cara de alguém que adorava fofocar por aí. Eu não podia correr o risco de Amber saber de algo assim e vir me questionar, porque eu detestava ter que mentir para a minha filha, mesmo que já tenha escondido coisas demais dela.

Depois do incidente com Meredith no banco, eu vi que ela era inofensiva, eu vi a inocência brilhar nos olhos dela desde o primeiro instante em que percebi que eu a abalava. Era comum que as mulheres se sentissem atraídas por mim, mas com ela era diferente. Meredith parecia querer correr de mim, mesmo não conseguindo tirar os olhos quando estava perto.

A inocência dela me lembrava Sam e isso me fazia ter raiva, não de Meredith, mas de mim. Em treze anos eu jamais fui capaz de comparar nenhuma outra mulher com Sam, ela era única, estava acima de qualquer outra e ninguém chegava aos seus pés. Mas aí Meredith apareceu com aquele brilho familiar nos olhos e aquela mania de sempre estar no meu caminho. Isso era típico da Sam e me dar conta dessa semelhança me deixava cheio de fúria. Não, ninguém é igual a ela! Ninguém pode ser igual! Ou pode?

Confesso que encurrala-la em seu apartamento foi apenas uma desculpa para chegar mais perto e tocar nela. Talvez eu me arrependesse disso depois, mas no momento eu só conseguia pensar no cheiro dela tão doce. Eu vi ela tremer quando eu cheguei perto e estava até torcendo para que suas pernas vacilassem só para eu ter uma desculpa para segura-la.

Foda-se! Eu tinha que ficar longe de Meredith. Estar perto dela me lembrava de um passado que eu nunca mereci e acabei perdendo. Sam tinha ido embora desse mundo por minha culpa e eu nunca mais deveria ousar dar o meu amor para nenhuma mulher. Eu sempre amaria Sam e deveria manter isso assim em respeito à ela.

Quando parei em frente à casa da Lana, a avistei na entrada do Hall, vestindo um roupão cinza, de braços cruzados, batendo o pé no chão e com uma expressão bem irritada. E lá vamos nós mais uma vez.

— Bela? — dei uma leve sacudida em Bela que estava deitada no banco de trás. — Nós chegamos, precisa acordar.

— Ah não, me leva com você, tio Andrew! Eu posso dormir com a Amber essa noite. — choramingou.

— Você não vai querer irritar ainda mais a sua mãe. Mas não se preocupe, eu não vou deixar que ela estoure os seus ouvidos com a gritaria. — ela riu.

— Ok. — suspirou.

Saímos do carro e começamos a andar até Lana. Bela vinha atrás de mim como se quisesse me usar como escudo para um possível ataque, mas sua mãe jamais a machucaria. Se ela um dia fizesse isso, eu a mataria.

— Você acha correto me deixar preocupada desse jeito? Você podia ter morrido! — Lana esbravejou.

— Não seja dramática! — Bela disse.

— Sua mãe estava preocupada. — a olhei com repreensão.

— Ok. — Bela encolheu os ombros. — Me desculpe, mamãe, o que eu fiz foi errado.

— Claro que foi! — Lana continuou com o tom de voz alterado. — Foi para aquela boate de novo, não foi? Eu juro que vou processar aquele lugar!

— Lana, já chega. — falei e depois olhei para Bela. — Vá para dentro, tome um banho e durma. — ela assentiu e começou a andar. — Ei? — a chamei e ela olhou para mim por cima do ombro. — O celular. — estendi a mão.

Bitter SweetOnde histórias criam vida. Descubra agora