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"(...) Um dos bad boys mais famosos de Hollywood seria agora apenas um homem solitário, triste e decadente."

Johnny soltou a fumaça do cigarro pela boca, passou o polegar pela testa e suspirou. Estava exausto. Tinha acabado de levantar da cama e pegar o celular, e a primeira coisa que via era a notificação de um blog sensacionalista falando sobre si.

— Volta pra cama... — Ouviu o murmuro sonolento, e logo sentiu a carícia feita em sua coxa por um pé feminino. — Que horas são?

— Não sei. — Ele estava com o celular na mão, mas não pretendia se dar ao trabalho de checar as horas. — Volte a dormir.

A garota - que sequer sabia o nome do seu cliente - não discutiu e simplesmente voltou a se enrolar no edredom. Não se importava o suficiente - ou melhor, nem um pouco - para insistir. Em menos de cinco minutos já estava de volta no mundo dos sonhos.

O moreno tragou seu cigarro mais algumas vezes e, dando sua última tragada, ele levantou da ponta da cama e apagou o cigarro no cinzeiro sobre a mesa da cabeceira. Enfiou a mão no bolso traseiro da calça, tirando de lá um amontoado de dólares amassados e os deixando também sobre a mesa. Iria sair sem se despedir, mas não era cafajeste o suficiente para sair sem pagar o motel - e o programa.

Tinha sido uma longa noite. Ele tinha bebido muito, usou também algumas drogas, mas nada com o que alguém precisasse se preocupar. Ele só queria sentir algo além de ódio e frustração, mas suas tentativas não tinham gerado nenhum resultado positivo. Johnny não conseguiu dormir. Quando sua parceira deu as costas e adormeceu, ele simplesmente começou a se remexer na cama, incomodado e sem um pingo de sono. Passou a maldita noite em claro, e a primeira coisa que via ao levantar era mais notícias ruins sobre si mesmo.

Malditos sejam esses abutres, ele pensou enquanto terminava de se vestir.

Quando finalmente deixou o motel, sentiu o sol da Califórnia castigar seu rosto e se arrependeu mil vezes de ter levantado. Não suportava mais a Califórnia, e a muito tinha enjoado de todos os cômodos de sua mansão em Hollywood Hills. Tudo aquilo era tão exaustivo para si. Todas aquelas ruas lotadas de turistas ou de subcelebridades - e até algumas celebridades - lhe davam náuseas e lhe lembravam de uma só pessoa. Ela. O motivo de estar tão arruinado, o motivo de todas aquelas matérias sensacionalistas sobre si. Ela o traumatizou, o fez odiar Hollywood e tirou tudo o que ele mais amava.

— Merda! — Xingou a si mesmo num resmungo, assim que notou que estava parado como um idiota na frente do motel a mais de dez minutos.

Enquanto acenava para um táxi, Johnny decidiu silenciosamente que não aguentava mais aquele lugar. Preferia morar debaixo de uma ponte, que morar na Califórnia.

Quando notificou isso à sua equipe, os detalhes da viagem foram rapidamente resolvidos. Iria para Paris. Sempre adorou a França, e a melhor parte disso era estar perto dos seus amados filhos. Aparentemente - bem, foi o que seu advogado disse -, estar perto da família era do que Johnny precisava para se sentir bem. Então, jogando todas as fichas nisso, ele embarcou num longo vôo para Paris.

•°• ✾ •°•

— Essa casa não mudou nada. 

— É claro que não... — Vanessa sorriu para seu ex marido, demasiada feliz por ele estar em solo parisiense. — Mas, não graças a Lily, eu garanto. Ela acha toda essa decoração brega.

Johnny soltou uma risada.

— Eu não disse que não era brega, apenas disse que não mudou. — Vanessa abriu a boca em um perfeito "O", e deu um tapa no braço do Depp. Este riu e coçou a nuca.

daddy issues; Johnny DeppOnde histórias criam vida. Descubra agora