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Johnny Depp dirigiu por algumas horas sem rumo. Precisava esfriar a cabeça, se acalmar. Foi por isso que não atendeu nenhuma das ligações ou respondeu qualquer das mensagens que recebia. Sabia qual era o assunto, e realmente não estava disposto a falar sobre a matéria, sobre Amber, ou sobre seu relacionamento com Emma. Pelo menos não no momento.

Ele parou num estacionamento de supermercado quando achou que já tinha ido longe demais, e desceu do carro. Encostado no próprio carro, Johnny acendeu o cigarro e tragou. Tragou tão forte a ponto de sentir uma breve tontura, e então liberou a fumaça de seus pulmões, coçando a testa com o polegar.

Não conseguia acreditar, mesmo depois de muito pensar sobre, no quão baixo Amber estava disposta a ir para prejudicá-lo. Imaginou que ela podia fazer tudo, qualquer coisa, menos o que ela fez. Insinuar que Johnny era pedófilo era nojento, era o pior do ser humano. Ele imaginou que ela teria ao menos um pingo de consideração por ele, um resquício, mas não. Ela definitivamente era doente, e ele estava definitivamente ferrado.

Depois daquela notícia, e depois que Amber tweetou a respeito e piorou tudo, só um milagre conseguiria salvá-lo no tribunal. Ele não era religioso, mas estava pensando seriamente em se converter e começar a rezar todos os dias.

Ele sentiu a bituca de cigarro queimar seu dedo, só então notando que tinha se perdido em pensamentos a ponto de esquecer de fumar. Ele jogou os restos no calçamento, pisando para apagar logo em seguida. Seu celular tocou depois de um breve período sem notificações ou ligações, e ele o pegou. Era sua advogada. Johnny ponderou se devia ou não atender, e por fim suspirou e colocou o aparelho no ouvido, atendendo.

— Boa noite, Camille. — Eram próximos, então dispensavam formalidades quando não estavam no tribunal.

Ela ficou em silêncio por um tempo, e Johnny previu o que ela ia dizer, antes mesmo de se pronunciar.

— Johnny, eu preciso perguntar... É verdade? — O homem respirou fundo. Sabia que ela não acreditava naquilo, e que não passava de uma confirmação, mas ainda assim machucava.

— Não, Camille, não é. O relacionamento sim, mas sobre ser pedófilo, não. — Ele ouviu um suspiro exasperado do outro lado, e imaginou que ela devia estar segurando a respiração até ouvir sua resposta. — Eu não sou a porra de um monstro.

— Não, é claro que não. — Se apressou em concordar. — Eu sei que não. Eu só... Estou preocupada. Realmente preocupada.

Johnny entendia. Ele também estava preocupado.

— Quer dizer, sua filha se pronunciou no instagram. Isso é ótimo, ela falou bem mais que o necessário, e vai ser ótimo se pudermos usar isso no tribunal. Ainda assim, a sua imagem está bem...

Ele arqueou as sobrancelhas. Lily-Rose havia se pronunciado no instagram? Aquilo era uma surpresa.

— É, eu sei. O público me odeia. Mesmo que comprovem que eu não sou pedófilo... E eu não sou... Ainda assim a internet vai me taxar assim.

— Isso vai atrapalhar ainda mais a sua carreira.

— Eu estou ciente.

Mais alguns minutos de silêncio. Johnny não previa algo bom.

— Você vai assumir o relacionamento?

— Bom... Eu amo ela.

— Ela vale o sacrifício? — Johnny ficou mudo. Camille continuou: — Podemos negar tudo. Podemos dizer que não há relacionamento, que vocês tem uma relação paternal, por ela ser melhor amiga da sua filha. Isso explicaria você tê-la acompanhado no tribunal. Não existem provas de que vocês estão juntos, nenhuma foto de mãos dadas ou algo do tipo. Podemos usar isso para limpar sua barra.

daddy issues; Johnny DeppOnde histórias criam vida. Descubra agora