daddy issues; Johnny Depp

2.5

Era uma das raras ocasiões onde Emma acordava mais cedo que Johnny. Na última semana, desde o ocorrido, ele não tinha descansado direito. Passava horas em reuniões com os advogados, ou em ligações muito longas. Emma entendia, tentava apoiá-lo e não expressar o quanto sentia sua falta, afinal tudo aquilo era por ele estar namorando uma garota 37 anos mais nova que ele. 

A morena levantou com cuidado, não queria perturbar seu sono. Passavam das nove horas da manhã, o que por si só era uma prova de que Johnny estava realmente exausto.

Ela desceu as escadas até a cozinha, mas parou no meio do caminho assim que ouviu a campainha ser tocada. Ela estranhou, se fosse Marilyn, ele apenas entraria. Arqueou as sobrancelhas e se aproximou da porta, olhando pelo olho mágico. Era Camille Vasquez, uma das advogadas de Johnny. Emma só sabia disso pois ela havia ajudado com o processo contra Félix, ela era muito boa.

— Oi, bom dia... — Emma abriu a porta e sorriu para a mulher, que tirou os olhos do celular e encarou Emma por alguns segundos antes de retribuir o sorriso.

— Bom dia, querida. Como você está? Faz alguns meses que não nos vemos.

Emma fez que sim com a cabeça e deu espaço para a mulher entrar na casa.

— Bem, obrigada. Entra, você quer falar com o Johnny, não é? Ele está dormindo.

— Sério? Tínhamos uma reunião hoje. Agora, na verdade.

— Eu vou acorda-lo. Espera só um segundo... — A mais nova fez menção de se afastar, mas Camille impediu.

— Não, deixe ele. Imagino que os últimos dias devem estar sendo puxados. — Ela respirou fundo, colocando a pasta sobre o balcão da cozinha. — Volto depois. Só preciso enviar umas mensagens.

Camille falava tudo de forma apressada, com os olhos fixos na tela do celular, teclando sem parar.

— Ou... Você pode ficar. — Aquilo fez a mais velha finalmente voltar toda a sua atenção para Emma, surpresa com o convite. — Sabe, ele não vai dormir por muito mais tempo, não é do feitio dele. Eu ia fazer o café da manhã para ele... ou pelo menos tentar. — Emma soltou uma risada nasal. — Você podia tomar café conosco. Eu não sou a melhor das cozinheiras mas... Aceita, vai? — Ela fez cara de cachorrinho pidão, e Camille achou graça disso.

— Claro... Eu não tinha nenhum compromisso.

Emma sorriu, satisfeita. Há alguns meses atrás ela não sabia cozinhar absolutamente nada, isso é fato. Mas agora ela já sabia se virar. Bacon, ovos, torradas. Ao menos isso ela podia fazer - mesmo que queimasse um pouco.

Camille sentou do lado oposto do balcão, o lado que ficava para fora da cozinha. Ela observou Emma passear pelo cômodo em busca dos ingredientes. Focou na barriga dela, que agora era bem visível. Com quantos meses devia estar? Três?

— Deixa eu te ajudar com isso. — Se ofereceu quando notou que Emma mal sabia quebrar um ovo. — Adoro cozinhar.

— Não quero te fazer trabalhar.

— É um hobbie. — Emma olhou para ela, ponderando se devia ou não aceitar a ajuda. Por fim ela suspirou e balançou a cabeça em afirmação. — Ótimo. Quebre os ovos e corte o bacon, eu cuido do resto.

Mandona; Emma pensou, não evitando um sorriso. Ela fez o que Camille mandou, ou pelo menos tentou.

— Então... — A mais velha começou, pensando em como perguntar sobre a gravidez sem ser indelicada. — Como está a gravidez? Se sente bem?

— Hum... É enlouquecedor, sabe? — Na maior parte do tempo, Emma tentava ignorar aquela gravidez. — Mas eu realmente não sei o que fazer.

— O que quer dizer?