daddy issues; Johnny Depp

2.0

Emma acordou desorientada na manhã seguinte, com a impressão de que tudo não tinha passado de um pesadelo. Mas assim que levantou da cama e procurou por Johnny, e o achou na varanda em completo silêncio e o olhar perdido, a sensação ruim voltou a pesar em seu peito. Ela pensou em voltar para o quarto, se enfiar na cama e não atrapalhar o momento reflexivo que seu namorado aparentava estar tendo, mas não teve a chance de fazer isso, pois Johnny a notou ali e forçou um sorriso fraco. 

- Ei, você. - Seu tom era calmo e sonolento. Ele abriu os braços num pedido silencioso para que a morena o abraçasse, e ela foi. - Bom dia, pequena.

- Bom dia. - Ela também tentou forçar um sorriso, mas saiu mais como uma careta. Passou os braços em volta do corpo do mais velho e encostou o rosto em seu ombro, aproveitando o cheiro forte de perfume, tabaco e alcool. - Ficou acordado a noite toda? 

Johnny coçou a barba e apoiou o queixo no topo da cabeça de Emma, encarando o horizonte pálido. 

- Não consegui dormir. 

Depois de enviar a mensagem para Lily-Rose, Johnny voltou para o quarto e deitou do lado de Emma, a abraçando e tentando dormir, mas não teve sucesso, então velou o sono da namorada. Ela estava dormindo tão profundamente que sequer se mexia, e ele ficava realmente feliz com aquilo. Emma estava tendo que lidar com muita coisa ao mesmo tempo, e seria preocupante se além de tudo ela ainda perdesse o sono. Assim que os primeiros raios de sol surgiram, ele levantou e seguiu rumo a varanda para fumar, e aproveitou para pensar sobre tudo o que tinha acontecido. 

Ansiava por uma resposta de sua filha, mas entendia que esta podia demorar ou simplesmente nunca chegar. Ele esperava que fosse a primeira opção: Que só demorasse, mas que Lily respondesse e aceitasse conversar. 

- Meu bem... - Emma chamou depois de uns minutos em completo silêncio. Ela ergueu a cabeça e encarou Johnny, e só pelo olhar choroso, ele já sabia que o que vinha a seguir não era um "eu te amo". - O que nós vamos fazer agora? 

O mais velho respirou fundo e se desvencilhou do abraço, puxando a menor até o sofá e a fazendo sentar numa de suas pernas. Ela foi calada, e observou pacientemente o Johnny bolar um cigarro enquanto tentava processar a pergunta, afinal, não tinham tido aquela conversa na noite passada. E não é que ela quisesse ter essa conversa, mas a cada segundo que passava com aquela incerteza pesando no peito, era um segundo mais próximo que estava de perder completamente o juízo - se é que ainda lhe restava algum resquício.  

- Bom... - Johnny colocou o cigarro recém bolado entre os lábios, acendeu e deu um trago demorado, soltando a fumaça para cima e encarando Emma. - Eu não tenho a mínima ideia.

Simples assim. 

Emma arqueou as sobrancelhas, sentindo uma pontada de indignação. Ele demorou tanto para responder, que a garota imaginou que viria algo realmente lógico, mas entendia o lado dele. Devia ser difícil demais para Johnny ter que lidar com tudo aquilo. Além do processo com a ex, a exposição recente de um vídeo dele brigando com Félix Petit no estacionamento de um hospital por sua causa, agora ele tinha que lidar com um conflito com a própria filha, o que também era por causa de Emma. Ela não se sentia no direito de reclamar ou pressionar ele a dar um parecer. Estava prestes a engolir sua frustração quando, após outra tragada, ele continuou: 

- Mas você não vai se livrar de mim, Emma. - Devia ser uma brincadeira, mas a morena estava tão fora de orbita que arregalou os olhos em espanto, e se não fosse o braço de Johnny em sua cintura, com certeza teria caido. 

- O que?! Eu não... Mas eu não disse nada! 

- É, mas eu conheço você. Aposto que já estava pensando em assumir toda a culpa por isso. - Ele a encarou com seriedade, e ela se sentiu constrangida. Johnny realmente a conhecia.