Capítulo 6

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Aryn e os quatro homens tinham o plano de roubar a Espada da Verdade que pertencia a uma Deusa. No livro da mãe dizia que Sanrya devia usar algo divino para Aryn partir.
- O templo da Deusa Ollein é o principal da família real. – O soldado Ithan apontava para o mapa da capital do reino. – O objetivo é roubar a Espada da Verdade, sem mortes. Podem deixar inconscientes, mas nada de sangue.
- Sim senhor!
- Quero que protejam sempre Lady Mor.
- Eu não preciso de proteção, soldado Ithan. – Aryn saiu do canto escuro da sala. Ela era conhecida como Lady Mor no meio dos rebeldes. – Foquem-se em não serem apanhados e mortos.
Deusa Ollein é a Deusa da luz e da verdade. As pessoas descrevem a Deusa como a mulher mais bela alguma vez vista. Como os cabelos cor de fogo, os olhos negros como uma noite estrelada.
O corpo era de uma forte guerreira que lutou por anos para dar voz às mulheres e aos desfavorecidos. A Deusa do povo. Sempre fora descrita vestindo uma armadura dourada com um manto vermelho e uma coroa de estrelas, já nas mãos, a Deusa, carregava sempre a Espada da Verdade.
A lenda diz que quem é atingido pela espada, tem como últimas palavras, a maior verdade que esconderam. A história, também diz que, Ollein matou Haus e as últimas palavras dele foram o seu desejo pela morte da Deusa, mas nunca ninguém soube realmente a verdade.

***

Os rebeldes estavam espalhados pelo templo, escondidos de qualquer olhar desnecessário.
Aryn vestida como uma mulher normal do povo, e com o capuz a tapar metade do seu rosto, caminhava em direção à sala onde a estátua em tamanho humano da Deusa, se situava.
Aos olhos das pessoas, era só uma mulher que ia rezar à sua Deusa.
Aryn entrou na sala e ficou surpreendida por encontrar Sanrya de joelhos perante a imagem da Ollein.
- Por favor, Deusa, eu preciso de respostas verdadeiras sobre a minha irmã, sobre o meu reino… – Sanrya olhava para o belo rosto da poderosa mulher. – Eu cometi erros, mas não posso cometer mais e pôr em risco a vida dela.
As mãos da Sanrya caíram ao lado do corpo como se pesassem e pela primeira vez Aryn reparou que a sua irmã estava vestida como uma camponesa, se não fosse o único cabelo branco e curto, Aryn não teria reconhecido a irmã.
Sanrya parecia fraca e inocente. Parecia uma criança indefesa.
Aryn ajoelhou-se ao lado da irmã e as duas ficaram em silêncio por segundos.
- Tu sabes o que vai acontecer se obteres a tua liberdade
- Eu vou morrer.
- Tu e outras dezenas de pessoas. – Sanrya olhou para Aryn, mas Aryn ainda olhava para a Deusa.
- É o meu destino, ser livre.
- Inocentes vão morrer, Aryn. Olha para mim e diz que não vais matar inocentes. – O desespero era notado no olhar da rainha, afinal era o povo dela.
- Não sabemos se vão morrer, Sanrya.
- Lê as histórias dos Deuses, quando eles partiam, pessoas desapareceram.
- Não deves tirar conclusões precipitadas. - Aryn olhava para o rosto da estátua.
- Por amor aos Deuses, Aryn, para ti é fácil que não conheces este povo, mas eu conheço.
Aryn inspirou profundamente para se concentrar e o aroma a Delia e poder invadiu a mente da filha do Deus Haus.
- Quem é o pai?
- Lorde Caspian, ele é um lobo. – Sanrya abaixou o olhar e acarinhou a sua barriga.
- Rainha Sanrya, grávida de um lobo e nem casada está. O Rei do Gelo deve estar a revirar-se no caixão, neste momento.
As duas irmãs riram, como se fossem amigas desde sempre.
Caspian era um lobo alfa da matilha White. Era um homem jovem, com os cabelos crespos curtinhos, a pele escura como chocolate preto, era mais baixo que o Rohan poucos centímetros, mas era mais forte. Ele era o contrário da Sanrya e a sua palidez e pureza, mas eles completavam-se um ao outro.
No escuro da noite, Rohan, ouvia a gargalhada da Aryn, era a primeira vez que ouvia o seu verdadeiro riso e era incrivelmente belo.
- O que é que ela está a fazer? – Perguntou Ithan.
- Eu não tenho a mínima ideia.

***

Meia hora tinha passado e as irmãs estavam, literalmente, sentadas no chão do Templo a conversar.
- O Rohan deve conhecer o Caspian.
- O general está contigo?
- Sim, ele e os outros prisioneiros. São a minha família. – Confessou Aryn.
Por segundos, tristeza passou pelo olhar da Sanrya. Ela esperava que o seu bebé, também nascesse com uma família e que fosse forte como Aryn.
- Que os Deuses salvem a rainha. – Falou Aryn levantando-se do chão. – A nossa conversa foi boa, mas eu realmente quero a minha liberdade.
Aryn tirou a Espada da Verdade das mãos da Deusa ao mesmo tempo que Sanrya empunhava uma espada de gelo.
- Sai da minha frente irmãzinha, eu vou cumprir o meu destino e nem tu ou qualquer ser deste mundo, me vai impedir.
- Não posso, é o meu dever, como rainha, proteger o meu reino! – Quando Sanrya acabou de falar o seu corpo colidiu contra um pilar do templo.
- Isto minha, querida irmã, não é nada comparado ao que eu conseguirei fazer quando tiver liberdade total.
As sombras rodeavam o pescoço da Sanrya enquanto Aryn caminhava até a irmã observava a Espada da Verdade.
Uma bela espada, de facto, com uma pedra da cor do sol no punho e belos desenhos de criaturas na lâmina, todo o tipo de criaturas desde fadas da floresta até enormes dragões arrepiantes.
- A mãe tinha razão. – Aryn olhou no fundo dos olhos da Sanrya. – A verdadeira rainha ainda irá se sentar no trono.
A herdeira de Haus desapareceu, e com ela desapareceram as sombras que envolviam o pescoço da rainha.
O som do vento invadiu o interior do templo, causando uma sensação de insegurança na mulher de cabelos brancos.

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